¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, junho 28, 2008
 
TIA EMPALA SOBRINHA



Índio tem carteirinha de 007, costumo afirmar. Com permissão para matar. Ainda há pouco comentei o caso da menina Isabella, cujo assassinato pelos pais provocou comoção nacional. Ora, a prática do infanticídio já foi detectada em pelo menos 13 etnias, como os ianomâmis, os tapirapés e os madihas. Só os ianomâmis, em 2004, mataram 98 crianças. Os kamaiurás matam entre 20 e 30 por ano. Mas entre os sacerdotes que vociferam contra o aborto, você não encontra um só que denuncie estes assassinatos. E tudo isto sob os olhares complacentes da Funai, que considera que os brancos não devem interferir nas culturas indígenas.

Índio pode matar à vontade. Faz parte de suas tradições culturais. Os indígenas brasileiros se reservam o direito de matar filhos de mães solteiras, os recém-nascidos portadores de deficiências físicas ou mentais. Gêmeos também podem ser sacrificados. Algumas etnias acreditam que um representa o bem e o outro o mal e, assim, por não saber quem é quem, eliminam os dois.

Outras crêem que só os bichos podem ter mais de um filho de uma só vez. Há motivos mais fúteis, como casos de índios que matam os que nasceram com simples manchas na pele – essas crianças, segundo eles, podem trazer maldição à tribo. Os rituais de execução consistem em enterrar vivos, afogar ou enforcar os bebês. Geralmente é a própria mãe quem deve executar a criança, embora haja casos em que pode ser auxiliada pelo pajé.

Agora foi a vez de uma menina índia mato-grossense, Jaiya Xavante, 16 anos, morta por empalamento. A indiazinha, muda e paralítica, teve o estômago e o baço perfurados por um objeto pontiguado de 40 centímetros.

Ontem ainda, o capitão-de-mato Tarso Genro – aquele mesmo que devolveu dois atletas que buscavam asilo no Brasil à ditadura cubana – declarou que "lamentavelmente a violência contra indígenas não é novidade, talvez a novidade seja o grau de violência e de barbárie que envolve alguns delitos como o que ocorreu em Brasília”.

Ocorre que a violência contra indígenas parte dos próprios indígenas. Quem empalou a menina paralítica foi sua própria tia, Maria Imaculada Xavante. O crime teria sido motivado por ciúmes. O pai da Jaiya era casado com três irmãs, conforme costume tribal da etnia. E aqui surge um dado novo. Se você, que não é índio, tiver três mulheres, incorre em crime de, no mínimo, bigamia. Índio pode.

Para o padre Bartolomeo Giaccaria, indigenista salesiano que trabalha na aldeia xavante onde Jaiya morava e conhecia a família da vítima, não existe a hipótese de que o crime teria sido motivado por ciúmes. Segundo ele, o costume de um marido ter três ou quatro mulheres – sempre irmãs ou primas – é antigo e não há casos de ciúmes entre as esposas. Os padres de Roma, tão intransigentes quando se trata de fidelidade conjugal, não vêem maior inconveniente quando um bugre é sexualmente servido por três irmãs.

Maria Imaculada será punida? Ao que tudo indica, não. Só com um parecer de algum de algum antropólogo qualquer, que ateste que Maria Imaculada sabia ser crime empalar uma menina muda e paralítica. E para atestar isso, antropólogo é o que não falta.