¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, agosto 30, 2008
 
ASSIM MARCHA A UNIVERSIDADE



Janer, aí vai mais um capítulo da série "Desventuras na Universidade", ocorrido anteontem. Um eminente docente da faculdade de Direito, doutorado na Itália, figura pública que já foi secretário de segurança numa grande cidade do interior de São Paulo e atualmente é candidato a vice-prefeito desta, resolveu enveredar em seu discurso por áreas, digamos, tortuosas.

"Professor, tire-me uma dúvida" pede uma senhora durante a aula, "quando vemos negros usando aquelas camisetas com a frase 100% NEGRO, isso não é também racismo? E se eu usasse uma escrito 100% BRANCO?" Ah sim, quase esqueço um aspecto relevante sobre o ilustre doutor, Janer. A sigla sob a qual se candidata é o PT... Voltemos à história. "Sim, você seria racista" foi a resposta que a pergunta-clichê recebeu. "Os negros têm um passado de repressão, escravidão. Quantos brancos foram escravizados no Brasil? A camiseta é não mais que uma forma de resgatar o orgulho." (...) "Certa feita, tive a oportunidade de lecionar em determinada faculdade para uma turma de futuros engenheiros. Vocês sabem como engenheiros são. Tudo tem de ser exato, dois mais dois serão sempre quatro. Pois bem, a primeira coisa que notei quando entrei na sala? Não havia um único aluno negro. Também não havia um único corintiano, ou seja, a classe era totalmente pura. Opa, pensei." É claro que não posso descrever toda a gesticulação do professor petista, mas em casos como esse, por exemplo, ele sorria, se curvava e levava as mãos à testa. Bastante cativante para boa parte dos discentes em seu discurso e gesticulação. Bem, de volta à história. "Em determinada altura, a propósito de outro assunto, consegui fazer um dos alunos morder minha isca e trouxe a questão racial para a discussão. É evidente que numa sala como aquela, de engenheiros brancos, elites, ninguém conseguiria entender esse problema. Usaram muito o exemplo da camiseta, sabe. Falaram de igualdade real, que as pessoas não podem receber tratamentos diferentes apenas devido sua cor, enfim. Aquela coisa de sempre" Algumas risadinhas agora.

A coisa não ficou por aí. "É por isso que defendo as cotas" (...) "Houve tempos em que militei na Bahia. Chegava 3 da tarde, você não estava mais preocupado em ganhar sua causa. Pô, você ia pra praia. Tomar água de coco. Em alguns países europeus é assim, a hora da "siesta". É por isso que quando os irmãos nordestinos vêm para São Paulo, alguns camaradas dizem que eles são preguiçosos".

O bastante, Janer? Provavelmente você deve estar rindo da história toda, mas ainda tem mais. Meu Q.I que já não é tão alto teve a chance de diminuir em mais alguns pontos. " Por que nós cremos que o roubo é errado? Digam-me, o que faz ele errado? Por que o sujeito rouba?". "Porque precisa?" arrisca um aluno. "Porque o CP assim dispõe" se aventura outra. "Não, caros, não" diz o professor com voz de quem está prestes a revelar um grande segredo, "o roubo existe porque alguém criou a propriedade privada. Entendem? Não existisse esta, o que haveria para se roubar? Suponham que três homens estivessem perdidos numa ilha. Um deles escolhe um coqueiro para dormir naquela noite. Vocês acham que os outros irão reclamar? A fonte de todos os conflitos humanos é a propriedade privada. Isso é tão claro...".

Deu para ter uma idéia? Acho que TGE será uma matéria bacana esse semestre...

Abraço,

Raphael Piaia