¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, setembro 14, 2008
 
CRIA CUERVOS...

Ontem, em Paris, Sua Santidade Bento XVI perguntou retoricamente: “O mundo contemporâneo não criou seus próprios ídolos? Não imitou os pagãos da Antiguidade, desviando o homem de sua finalidade verdadeira, da felicidade de viver eternamente com Deus? Esta é uma questão que todo homem honesto consigo mesmo deve se colocar. O que é mais importante em minha vida? O que é que eu coloco em primeiro lugar? (...) É urgente falar de Cristo em sua volta, à sua família e a seus amigos, em seu lugar de estudos, de trabalho e de lazer”.

Bento parece querer trazer de volta ao seio de sua crença la fille aînée de l’Église, como já foi chamada a França, a filha mais velha da Igreja. Se um dia a França foi majoritariamente católica, hoje só um francês entre dois ainda se declara católico. E só um católico entre dois crê em Deus. Comentei, ano passado, uma enquete publicada no Le Monde des Religions, suplemento do jornal francês Le Monde, segundo a qual apenas 8% assistem a uma missa por semana. 46% só a assistem em ocasiões especiais, como batismos, casamentos, enterros. 16% rezam todos os dias. 30% jamais rezam. Apenas 52% crêem que Deus existe. Mas atenção: destes, se 26% têm certeza de sua existência, outros 26% a julgam provável. 31% não sabem que dizer, 10% acham que é pouco provável e 7% crêem que não existe. Para 26%, não há nada após a morte. Para 53%, “deve existir qualquer coisa, mas não sei o quê”. Apenas 10% acreditam na ressurreição dos mortos; 8% acreditam na reincarnação na terra em uma outra vida e 3% não se pronunciam.

Ou seja, Bento XVI está pregando no deserto. Quando fala, pretende estar falando a um universo católico. Em verdade, fala a pessoas que se dizem católicas, mas sequer sabem em que consiste o catolicismo. O insuportável nos papas é esta mania de se julgarem na posse da verdade. Que história é essa de achar que a finalidade verdadeira do homem é a felicidade de viver eternamente com Deus? No mundo contemporâneo, a idéia de felicidade passa muito longe disto. Bento o sabe muito bem. Como bom ator, finge que não sabe. Afinal um papa sempre se sente no dever de acreditar que as pessoas acreditam em deus.

Enquanto Bento profere suas bobagens às margens do Sena, os muçulmanos, mais pragmáticos, depositam suas esperanças no baixo ventre. Na Inglaterra, um grupo de radicais islâmicos pediu que casais muçulmanos façam mais filhos para que, pela explosão demográfica, eles possam tomar o Reino Unido, diz o jornal Daily Mail. A população muçulmana inchada seria bastante para "ocupar" o Reino Unido sem a necessidade de uma ação de fora. Essas revelações foram feitas durante encontro de novos muçulmanos no aniversário do 11 de Setembro. De acordo com o que foi exposto à platéia no evento, seria fácil impor a lei da sharia à população.

Nada de novo sob o sol. Em La Forza della Ragione, publicado em 2004, Oriana Fallaci mostrava uma Europa prestes a render-se à nova invasão do Islã. Se os árabes foram expulsos do velho continente pela força das lanças e espadas há cinco séculos, estão voltando agora munidos de armas mais sutis: direitos humanos, tolerância religiosa, diversidade cultural ... e o uso do ventre das muçulmanas.

Repito o que escrevi há três anos. Fallaci fala de uma Eurábia – e o neologismo não é seu, mas título de uma revista criada em 1975, por entidades européias em parceira com grupos árabes – na qual os muçulmanos passaram a impor suas mesquitas, seus ritos e atrocidades, sem respeito algum aos poderes europeus. Na Inglaterra já existe uma organização chamada Parlamento Muçulmano, cujo primeiro objetivo é recordar aos imigrantes que não estão obrigados a respeitar as leis inglesas: “Para um muçulmano respeitar as leis em vigor no país que o acolhe é algo facultativo. Um muçulmano tem que obedecer à sharia e ponto”, diz sua Carta Constituinte.

Em Granada, no bairro de Albaicín, os árabes criaram um Estado dentro do Estado espanhol, que vive com suas próprias leis e instituições. Com seu hospital, cemitério, matadouro, jornal, bibliotecas e escolas (onde se ensina exclusivamente a memorizar o Corão). Não bastasse isso, criaram moedas próprias, de ouro e prata, cunhadas segundo o modelo dos dirham utilizados nos tempos de Boabdil, que o Ministério da Fazenda espanhol finge ignorar.

Na Itália, centro histórico e político do cristianismo, as comunidades islâmicas já exigem o ensino do Corão não só nas escolas como nas faculdades de Direito, Teologia, Filosofia e História. Conquistaram ainda uma antiga e absurda reivindicação (que comentei há alguns anos, quando ainda era projeto), a de permitir que as mulheres árabes portem véu... nas carteiras de identificação. Em 1995, um ex-ministro do Interior emitiu uma circular informando a polícia que a obrigação de aparecer com a cabeça descoberta nas fotos dos documentos se referia somente ao chapéu. “Para não atentar contra o princípio constitucional garantido pelo artigo 19 em matéria de culto e liberdade religiosa, está, pois, permitido colocar nos documentos de identidade uma foto com a cabeça coberta com as citadas prendas” (as que formam parte da indumentária islâmica, entre elas o chador, o hijab e o turbante).

As mesquitas estão nascendo em todas as capitais e grandes cidade européias como cogumelos após a chuva, com apoio político e financeiro do Estado... e mesmo da Igreja Católica. Em Paris, o Instituto Cultural Islâmico da Rue Tanger, dirigido pelo fundamentalista argelino Larbi Kechat (preso mais tarde por seus vínculos com a Al Qaeda), foi criado graças ao apoio de dois padres católicos. Em Lyon, a Grande Mesquita foi mandada fundar pelo cardeal Decourtray. A Igreja Católica, diz Fallaci, “no fundo está de acordo com o Islã, porque os padres se entendem entre eles”.

E por aí vai. Para concluir, transcrevo este depoimento surpreendente de uma italiana de Milão, Aisha Farina, convertida ao islamismo. Para Aisha, a dominação da Europa é apenas uma questão de tempo.

- Um dia Roma será uma cidade aberta ao Islã e, de fato, já é uma cidade aberta. Porque nós, os muçulmanos, somos muitos. Milhares e milhares, muitíssimos. Mas não devem assustar-se. Isto não significa que nós queiramos conquistá-los com os exércitos, com as armas. Talvez todos os italianos acabem convertendo-se e de todas as formas os conquistaremos pacificamente. Porque a cada geração nós nos duplicamos ou mais. Por outro lado, vocês se reduzem à metade. Têm um índice de crescimento zero.

Segundo a ONU, os muçulmanos têm uma taxa de crescimento entre 4,6 e 6,4 por cento ao ano. Os cristãos, só 1,4 por cento. Enquanto Sua Santidade faz perguntas retóricas a uma platéia fictícia, os cabeças-de-toalha se reproduzem. Segundo o líder muçulmano Anjem Choudary, em 2020 a bandeira da sharia estará tremulando sobre Downing Street, já que 500 pessoas por dia estariam se convertendo ao islamismo e as famílias muçulmanas em locais como Whitechapel e Bethnal, a leste de Londres, estariam gerando de dez a 12 filhos cada uma.

Todos sustentados pela previdência britânica, é bom lembrar. Cria cuervos – dizem os espanhóis – y te picarán los ojos.