¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, outubro 30, 2008
 
ESCÂNDALO NAS HOSTES
BICHESCAS DA ESPANHA



Pelo jeito, discordar do casamento homossexual está prestes a se tornar crime na Espanha. A Federação Estatal de Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais (Felgtb) pediu hoje à Casa Real que retifique as declarações da rainha Sofia sobre o homossexualismo, recolhidas pela jornalista Pilar Urbano em seu livro La Reina muy de cerca. Disse doña Sofia:

"Puedo comprender, aceptar y respetar que haya personas con otra tendencia sexual, pero ¿que se sientan orgullosos por ser gays? ¿Que se suban a una carroza y salgan en manifestaciones? Si todos los que no somos gays saliéramos en manifestación... colapsaríamos el tráfico. Si esas personas quieren vivir juntas, vestirse de novios y casarse, pueden estar en su derecho, o no, según las leyes de su país: pero que a eso no lo llamen matrimonio, porque no lo es. Hay muchos nombres posibles: contrato social, contrato de unión".

A Felgtb não gostou. Seu presidente, Antonio Poveda, expressou sua "tremenda surpresa" ante o fato de que a Casa Real, "que representa toda cidadania, questione os direitos de uma parte da mesma". Ora, a rainha não está questionando direito algum. Admite que se as pessoas querem viver juntas, vestir-se de noivos e casar, tudo bem, desde que estejam de acordo com as leis do país. Sua preocupação é de ordem semântica. Só acha que isso não pode se chamar de matrimônio.

Escândalo nas hostes bichescas da Espanha. Poveda se queixa da “frivolidade” de doña Sofia, ao duvidar de que se possa sentir orgulho de ser gay e sair às ruas para demonstrá-lo. Ora, desde meus verdes anos, sempre defendi o direito de uma pessoa a qualquer opção sexual. É questão de foro íntimo e ninguém tem nada a ver com isso. Exatamente por ser questão de foro íntimo, considero grotesco exibir sexualidade pelas ruas.

Faço uma distinção entre homossexualidade e bichice. Homossexualidade é optar por pessoas do mesmo sexo. Direito de cada um. Já a ostentar a bandeira da homossexualidade em passeatas, situo no campo da bichice. Orgulhar-se de uma opção sexual significa afirmar que a outra sexualidade é inferior. Não há sexualidades inferiores ou superiores. Cada um com seu cada qual e estamos conversados. Passeatas não passam de exibicionismo.

É o mesmo equívoco do Black Proud. Por que orgulhar-se de ser negro? Ser negro é, ipso facto, superior a ser branco?

Há um projeto de lei contra a homofobia no Senado brasileiro, que pretende punir como crime qualquer tipo de reprovação ao homossexualismo. Se assim for, até a Bíblia terá de ser censurada. Ora, há pessoas que decididamente têm ojeriza ao comportamento homossexual. Estão em seu direito. Desde que não pretendam coibir as opções sexuais de quem quer que seja.

Para Olaia Fernández, deputada do grupo nacionalista galego no Congresso, o BNG, rompeu-se o “princípio da neutralidade” da monarquia, que deve respeitar a pluralidade ideológica do Estado. Desde quando opção sexual é ideologia? Por outro lado, só por pertencer à realeza, doña Sofia não pode ter opiniões?

Claro que se a rainha se manifestasse a favor do casamento homossexual, ninguém falaria em rompimento do princípio da neutralidade. Os homossexuais espanhóis estão se deixando levar pela tentação do totalitarismo. Do mesmo totalitarismo que um dia reprovou seus comportamentos. Só falta estes senhores pretenderem que doña Sofia, qual uma Marta espanhola, assuma a liderança de suas passeatas heterofóbicas.