¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, outubro 16, 2008
 
ISLÂMICOS E CTGs:
UM MESMO COMBATE



Justo quando surge no Rio Grande do Sul essa estúpida restrição a homossexuais nos Centros de Tradições Gaúchas, uma proposta feita pelo Brasil de permitir que a orientação sexual seja tratada em fóruns das Nações Unidas está gerando polêmica e protesto de países de cultura islâmica. O Brasil tentou inscrever uma organização não-governamental de defesa dos direitos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais na ONU para que a entidade possa participar dos debates sobre discriminação, racismo e intolerância. Mas Irã, Egito, Líbia e Argélia lideraram os países islâmicos para tentar impedir a inscrição da ONG.

Que a estupidez é universal, disto todos sabemos. Que tenha tomado assento na ONU já é novidade. Segundo um diplomata do do Irã, “o que vocês (brasileiros) chamam de direito, em nossos países é crime e punido duramente”. O diplomata, que preferiu não se identificar, parece não ter entendido que o Direito muda de país para país. E que muitas práticas muçulmanas – entre elas a lapidação de mulheres por adultério, a execução de homens por homossexualismo, a excisão do clitóris e a infibulação da vagina – em nossos países constituem crime. “Esta é uma questão religiosa”, continua o diplomata. Para quem vive em Estados teocráticos, de fato é. Mas no Ocidente, exceção feita do Vaticano, os Estados não são teocracias. No fundo das declarações do diplomata, dorme aquele desejo universal de todo religioso de impor sua fé ao mundo todo.

O principal temor dos países islâmicos é que o tema entre nos debates da conferência sobre racismo e discriminação que ocorrerá na Suíça em 2009, dizem os jornais. Eles preferem que o encontro se transforme em uma declaração forte contra a blasfêmia, alegando que muçulmanos em todo o mundo ocidental estão sendo atacados por sua religião. Ora, no Ocidente, após o fim da Inquisição, sempre houve liberdade de crítica a qualquer religião. Ninguém mais vai para a forca ou fogueira por blasfêmia. Entre nós, blasfêmia é direito adquirido. E, diga-se de passagem, as críticas não são feitas apenas ao Islã. No Ocidente, a religião que o embasa, o cristianismo, tem sido alvo de duras críticas nos últimos séculos, Voltaire e Nietzsche que o digam. Nem por isso a cultura ocidental afundou.

Em todo caso, é oportuna esta ofensiva dos cabeças-de-toalha. Serve para evidenciar o obscurantismo dos cetegistas gaúchos.