¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, outubro 22, 2008
 
RAMADÃ SALAFISTA
NÃO É TÃO RUIM ASSIM



O salafismo é um movimento reformista islâmico que surgiu no Egito no final do século XIX. Produto do contato entre o mundo muçulmano e o ocidental, tem por objetivo reformar a doutrina islâmica de forma a adaptá-la aos novos tempos. Entre seus teóricos, está um grupo de intelectuais da universidade Al-Azhar, do Cairo.

Comentei outro dia a doutrina rabinica segundo a qual o leite materno não é impuro, e portanto seu consumo é permissível aos filhos de Israel. Com uma restrição: adulto não pode mamar. Abominável dogmatismo judaico. Para os salafistas, nada obsta. Pelo contrário, é um direito.

O Islã é supreendente. Izzat Al-Attiah, ulemá egípcio e antigo responsável do departamento de estudos do Hadith na universidade Al-Azhar, lançou fatwa autorizando a amamentação dos adultos durante o ramadã. Fatwa é fatwa. Os salafistas ameaçaram repudiar suas mulheres se elas se recusam a amamentar os amigos que passam o ramadã em suas casas. Os maridos exigem que suas consortes amamentem seus hóspedes. No fundo, a intenção é evitar toda relação ambígua. As mulheres têm de dar o seio aos amigos para estabelecer uma relação familial pelo leite, impedindo assim toda relação ilícita. Prudentes, os salafistas.

Não pensa da mesma forma o xeique argelino Shamsedine Bouroubi. Em entrevista ao jornal Al-Chourouk, Bouroubi denuncia a importação de fatwas do estrangeiro e alerta sobre os efeitos nefastos destas práticas na sociedade argelina. O xeique considera esta fatwa uma deriva perigosa e inquietante do Islã no país e conclama os ulemás e pregadores a intervir e pôr fim à aplicação de fatwas importadas. Conta que um empresário argeliano, atraído por uma de suas empregadas, o consultou sobre a legalidade desta fatwa. Ele queria mamar nos seios de sua funcionária, e para isso consultou o santo homem.

Sei lá! Pouco conheço da teologia muçulmana. Mas sou mais o ulemá Izzat Al-Attiah. Mulher que se recusa ao mais comezinho dever de hospitalidade tem de ser repudiada mesmo. Talak, talak, talak.