¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, outubro 17, 2008
 
REMEMBER PARACUELLOS DEL JARAMA


O juiz espanhol Baltasar Garzón, da Audiência Nacional, declarou-se ontem competente para investigar a desaparição de vítimas do franquismo. E ordenou a exumação de 19 fossas já identificadas, entre elas a suposta fossa em que se encontraria Federico García Lorca. No auto de 68 páginas, Garzón assinala que o caso é competência da Audiência Nacional, por estarem implicadas pessoas relacionadas com instituições do Estado, entre elas Francisco Franco e outros 34 acusados, em desaparições ilegais, dentro do contexto de crimes contra a Humanidade. Considerando-se que os 35 acusados já estão mortos, pergunta-se qual a intenção do juiz. Quem sabe obter, ao melhor estilo tupiniquim, gordas indenizações para os herdeiros dos desaparecidos?

Não sabemos. O que sabemos é que Baltasar Garzón não demonstra nenhum interesse em investigar o massacre de religiosos pelos comunistas na Espanha. Estima-se que 6.832 religiosos, entre os quais 4.184 padres e 13 bispos foram assassinados na Guerra Civil. Freiras foram violadas e mais de 160 igrejas incendiadas e depredadas. Segundo Paul Johnson, alguns padres foram queimados vivos e outros alguns tiveram suas orelhas decepadas. Freiras tiveram os tímpanos perfurados por rosários enfiados à força em seus ouvidos.

Isso sem falar na chacina de Paracuellos del Jarama. Em 1936, neste sítio que ninguém gosta de lembrar, foram fuzilados pelo Partido Comunista nada menos que 2.400 espanhóis que se opunham à Frente Popular. A Garzón, não interessa investigar estes massacres.

Não bastasse o absurdo de pretender julgar crimes prescritos e condenar pessoas mortas, Garzón pediu o atestado de óbito de Francisco Franco e de uma trintena de generais, entre estes os generais Emilio Mola e Gonzalo Queipo de Llano. Segundo o juiz, trata-se de um mero trâmite judicial já que "é certo e notório que a participação nos fatos daqueles que estão falecidos ficará extinta uma vez constatada sua morte".

Pelo jeito, Garzón ainda não sabe que Franco, Mola e Queipo de Llano estão mortos e bem mortos. Como disse alguém, é o mesmo que pedir o atestado de óbito de Napoleão.