¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, janeiro 07, 2009
 
JORNAL FRANCÊS ACHA
BODE EXPIATÓRIO PARA
A INTIFADA NA FRANÇA



Um amigo me envia uma curiosa hipótese do jornal parisiense Le Figaro. Vou citá-la em francês por razões que o leitor entenderá mais adiante.

Des automobilistes profiteraient-ils des vagues de violence de la nuit du réveillon pour incendier eux-mêmes leur véhicule et toucher ainsi jusqu'à 4 000 euros d'indemnisation? Les cas de fraude à l'assurance ont toujours existé, mais ils pourraient, cette année, s'être multipliés.

Traduzindo:

Aproveitar-se-iam os automobilistas das ondas de violência da noite do réveillon para incendiarem eles mesmos seus carros e receber assim até quatro mil francos de indenização? Os casos de fraude ao seguro sempre existiram, mas eles poderiam, este ano, ter-se multiplicado.

Pus o texto em francês para analisar dois verbos: profiteraient-ils e ils pourraient. Ambos estão no condicional. Se aproveitariam e poderiam. Ou seja, estamos no campo da especulação. Jornalistas não devem usar o condicional, pelo menos quando se referem a fatos. É péssimo jornalismo. Isto me lembra caso ocorrido em Porto Alegre, nos anos 60. Um repórter gaúcho foi entrevistar o comandante da 3ª Região Militar e recebeu uma curta e grossa lição de jornalismo.

- General, o que o senhor diria...
Não conseguiu concluir a pergunta. O general o atalhou:
- Eu não diria. Eu digo.

Le Figaro especula a partir de estatísticas. Continua o jornal:

As estatísticas são com efeito perturbadoras. Enquanto o número de carros incendiados na diminuiu 15% nos primeiros onze meses do ano, a noite do réveillon uma fogueira de incêndios: 1147 carros foram carbonizados em algumas horas. O que representa um salto de 30,64 % em relação ao 31 de dezembro de 2007, quando os policiais e gendarmes haviam contabilizado 878 destroços queimados.

Enfim, não seria de espantar que alguns vivaldinos se aproveitem da baderna para receber algo por uma velha bagnole, como se diz por lá. Mas a grande massa de vândalos é constituída por árabes e africanos. Todo francês sabe disso. Só os jornais é que não sabem. Isto é, fingem não saber. Os coitadinhos dos imigrantes e filhos de imigrantes não podem ser acusados de nada. Mesmo se presos em flagrante. Mesmo quando julgados e condenados em última instância. É o politicamente correto – esta vertente stalinista da linguagem – dominando a imprensa francesa. E não só francesa como de toda a Europa. Nos últimos anos, uma onda de estupro tem assolado a Suécia. Os estupradores são árabes. Todo sueco sabe disto. Menos os jornais suecos.

O jornal apresenta mais uma hipótese:

Outro item que espanta: longe de não dizer respeito apenas aos quarteirões urbanos tidos como difíceis, os incêndios se propagam sobre todo o território, até mesmo às regiões mais pacifícas. Casos isolados foram registrados no Calvados, na Charente ou Loir-et-Cher.

A hipótese que o ressentimento árabe esteja se expandindo rumo a regiões mais ricas sequer passa pela cabeça do articulista. As companhias de seguro não especulam tão longe e não comentam as estatísticas liberadas por diferentes observatórios. Por cada carro queimado, prevêem uma indenização que pode ir até 3.948 euros, para os proprietários sem seguro para viaturas incendiadas, ganhando menos de 2.000 euros por mês. Atenção: a indenização "pode ir até 3.948 euros". Não quer dizer que vá. Ora, é muito pouco por um carro decente.

Resumo da ópera: os jornais franceses que jamais nominaram os vândalos, encontraram agora um bode expiatório para carregar as culpas pelo vandalismo: os automobilistas franceses. A hipótese vem conjugada no condicional. Fatos não são apresentados. Os principais prejudicados, as empresas de seguro, não ousam assumir a denúncia.

A Eurábia avança. Tá tudo dominado.