¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, janeiro 04, 2009
 
MINISTRO DEVE EXPLICAÇÕES
SOBRE O MARXISMO INVULGAR



O ministro da Justiça, Tarso Fernando Herz Genro, escreve hoje na Folha de São Paulo:

A queda do Muro de Berlim implodiu a arquitetura do marxismo vulgar, que afinal era apenas um "derivativo" de uma sociologia positivista-naturalista. A "crise do subprime" - por outro lado - constrangeu os oráculos neoliberais que juravam desprezo pelas funções públicas do Estado.

O marxismo vulgar foi responsável por uma simplificação impotente das relações entre capitalismo e democracia. O neoliberalismo, porém, identificava no próprio mercado a essência da democracia. Tornado um livro sagrado dos rebeldes da direita intelectual, o neoliberalismo acolheu no seu leito bem-remunerado tanto os profetas das agências de risco como muitos sociólogos pós-modernos missionários da antiesquerda.

O marxismo vulgar professou o "caminho único" da ditadura burocrática como uma espécie de etapa necessária para a superação do capitalismo. O neoliberalismo bastou-se a si mesmo.


Quer dizer então que havia um marxismo vulgar e o teórico marxista Tarso Fernando Herz Genro não havia nos informado disso? Só o aventa em 2009, exatamente vinte anos após a queda do Muro de Berlim. Terá o insigne ministro tido finalmente notícias de que o Muro caiu em 1989? E que só caiu não pelo anseio de liberdade dos Estados que viviam sob o tacão soviético, mas porque o marxismo de então era vulgar, “apenas um "derivativo" de uma sociologia positivista-naturalista”?

Mas qual marxismo não é vulgar? Existirá algum marxismo invulgar? Seria talvez o de Mao, quem sabe o de Pol Pot? Ou talvez o de Castro? O inverossímil ministro fica nos devendo maiores esclarecimentos sobre esse outro marxismo, o invulgar.