¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, janeiro 21, 2009
 
MUCHO ESTRUENDO Y POCAS NUECES


Pelo que leio na imprensa, só faltaram os magos. Ah! E também a estrela que os guiou ao berço do menino. Já não consigo ler jornais nestes dias, só dá Obama. Mas que realizações tem em seu currículo este senhor, que a mídia toda apresenta como um Messias, detentor da medicina para todos os males, não só dos Estados Unidos como também do mundo? Confesso que, pelo que tenho lido, não vi nada de excepcional em sua biografia. A não ser que tem suas origens na África. Mas isto não quer dizer nada.

A imprensa nacional tem dado até cadernos à eleição de Barack Obama. Redatores enchem lingüiça todos os dias, tornando monótona a leitura dos jornais. O novo ungido, em seu discurso de posse, evocou cristãos e muçulmanos, hinduístas e descrentes, citou o Iraque e o Afeganistão, mas não dirigiu uma palavrinha sequer ao quintal latino-americano. Por que então esse entusiasmo todo?

Aliás, a eleição de Obama só servirá para incentivar o racismo negro no Brasil. Se o presidente americano, sendo mulato, é saudado por toda a imprensa como negro, isso significa que mulato é coisa que não existe. Os mulatos brasileiros, a partir de agora, podem-se considerar raça extinta.

Seu discurso de posse foi redigido por um marqueteiro de 27 anos, Jon Favreau, extremamente talentoso em matéria de demagogia. É um repositório de bons propósitos. Daqueles dos quais o inferno está cheio. Discurso à parte, Obama promete fechar Guantánamo. Só tem um problema, a condição jurídica futura dos que lá estão presos. Então, fechar Guantánamo não será para já. Promete retirar as tropas americanas do Iraque. Mas se entrar numa guerra é fácil, retirar-se é que são elas. Que será então do Iraque, sem uma força estrangeira e coercitiva? Provavelmente se divida em três: um país xiita, outro sunita e mais um curdo. Todos em guerra entre si.

Isso sem falar em Gaza. Conseguirá o Messias impedir o Hamas de lançar foguetes sobre Israel? Conseguirá impedir Israel de fazer tábula rasa de Gaza? Posse é sempre festa. Amanhã começa o pior, o governo.

Os propósitos de Obama me lembram antiga piada. Um técnico britânico foi chamado ao Rio para resolver os problemas de trânsito. Estudou o tráfego durante várias semanas e chamou os jornalistas para uma conferência, onde pronunciaria seu veredicto. Do alto de um prédio carioca, olhou para a cidade e disse: “Deixem tudo como está. É o melhor que se pode fazer”.

De qualquer forma, quando um senador de 47 anos confia seu discurso de posse a um menino de 27, o mínimo que se pode deduzir é que o novo deus pouco ou nada tem a dizer a seus fiéis. Much ado about nothing, como diria Shakespeare. Ou, como traduzem os espanhóis, mucho estruendo y pocas nueces.