¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, fevereiro 22, 2009
 
MOZART NÃO PODE
NASCER NA ÁFRICA



Uma das vantagens de um blog é que seus textos permanecem o tempo todo na Internet. Na imprensa em papel, um texto só tem permanência se recortado ou se o jornal permanecer arquivado. E é claro que leitor algum vai criar um arquivo em sua casa. Cássius Bertoni me interpela sobre crônica que publiquei em outubro de 2007:

Caro Janer, meus cumprimentos:

Venho lendo atentamente teu blog ha uns três meses. Em geral concordo com todas as tuas opiniões que já vi até agora, mas fiquei com algumas dúvidas que me levam a escrever esta mensagem.

Primeiramente, fiquei um tanto chocado com o artigo "E se africano fosse mais inteligente". Por favor, não pense que se isso trata-se de um teórico pudor politicamente correto da minha parte, até porque concordo contigo no que diz respeito ao desenvolvimento europeu em comparação à África e com tua opinião de que fosse a alegação de Watson contrária e ele não teria sofrido represálias; alem disso, concordo que ele tem o direito de dizer o que pensa. O que pergunto aqui é se para você todo indivíduo negro seria deterministicamente menos inteligente do que qualquer indivíduo branco. Pergunto isso pois talvez seja impressão minha, mas foi isso que aquele artigo pareceu sugerir como opinião tua, principalmente com tal frase: "É claro que o branco europeu é mais inteligente que o negro africano" naquele artigo.


Meu caro Cássius:

não serei eu quem vai responder se branco é mais inteligente que negro, ou vice-versa, ou que ambos são igualmente inteligentes. Isso vai depender muito da biologia, antropologia e outra ciências que não domino. Em todo caso, acho que se deve pelo menos levar em consideração a opinião de um prêmio Nobel em Medicina.

O que afirmo é que as culturas negras são inferiores às culturas brancas. Atenção: não estou falando de raça, estou falando de cultura. Não gosto muito de teorias. Prefiro fatos. Qual é o país mais desenvolvido da África negra? É a África do Sul. Quem criou este país desenvolvido? Foram os afrikaners, brancos descendentes de europeus.

A Libéria - Terra Livre, em latim - surge no século XIX, criada pela American Colonization Society, que pretendia levar para a África negros livres ou negros que tinham sido libertos da escravatura. Os primeiros colonos oriundos dos Estados Unidos passaram a se fixar em uma parcela de terra comprada pela American Colonization Society, perto do Cabo Mesurado. Que aconteceu quando os Estados Unidos concederam aos negros libertos um território na África?

Dados atuais: expectativa de vida, 39,65 anos. PIB per capita: 1.003 dólares. Os mesmos dados naquele país racista, os Estados Unidos, onde ficaram os negros que não quiseram embarcar para a Terra Livre: expectativa de vida, 78,14 anos. PIB per capita, 46.000 mil dólares. Ou seja: um negro vive melhor naquele país que há apenas cinqüenta anos não permitia que negros freqüentassem escolas de brancos, do que na uni-racial Libéria, entregue aos negros para seu uso e governança. Façamos uma comparação com este Brasil pobre e bagunçado, mas dirigido majoritariamente por brancos. Expectativa de vida, 72,3 anos. PIB per capita, dados do ano passado: 9.700 dólares.

Deixando de lado os números. Em Salvador, uma amiga minha, gaúcha, tem um restaurante. A maior parte de seus funcionários são negros. "Eles não aprendem" - me dizia a gaúcha. "Eu ensino como dobrar guardanapos e pôr talheres. Ele fazem corretamente na primeira vez, na segunda vez. Na terceira, já nem sabem como se faz”.

Um outro fator a influir na capacidade intelectual dos negros é, a meu ver, o ambiente cultural em que são criados. Em meus dias de Suécia, observei um caso interessante. Já o relatei, ao comentar o caso do prêmio Nobel James Watson, que afirmava serem os africanos menos inteligentes que os ocidentais. Em Lidingö, ilha chique de Estocolmo, conheci dois negrinhos brasileiros, que haviam feito uma ponta em Orfeu Negro, filme de 1959, de Marcel Camus. Eram o que hoje chamaríamos de meninos de rua e o cineasta, sem querer, salvou-os da miséria e da violência. Um casal sueco viu o filme, se comoveu com os meninos e os adotou. Encontrei-os em 71, já com quase 20 anos, cosmopolitas e poliglotas, falando sueco, inglês e português com aisance, jogando tênis e esquiando. Lembro que um deles cursava economia. O outro, vim reencontrar mais tarde, como alto funcionário da SAS no Rio de Janeiro.

Ou seja, tivessem ficado atirados nas ruas, é óbvio que teríamos prováveis trombadinhas, soldados do tráfico, futuros assassinos. Uma vez acolhidos por uma sociedade que lhes deu educação, oportunidades de trabalho e um futuro, diferiam dos suecos apenas na altura e cor da pele. Resgatados do ambiente miserável, demonstravam a mesma inteligência e cultura dos hiperbóreos Sveas.

Pessoalmente, penso que um Mozart até pode ser negro. O que não pode é ser africano.