¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, abril 27, 2009
 
RESPOSTA DE ALESSANDRO BARGHINI


Prezado editor,

Um amigo me informou de um comentário sobre meu trabalho sobre os insetos, que acabei lendo no seu blog.

O texto é divertido, e apresenta uma série de informações obvias sobre o impacto da iluminação sobre os insetos que, como escreveu, estamos careca de saber.

Pena que não leu o trabalho, antes de criticá-lo, porque provavelmente não escreveria de forma irônica sobre o tema.

Honestamente, não considero que seja necessário fazer um doutorado para escrever um texto científico. Existem, porém, dois pontos que me induziram a realizar um trabalho acadêmico.

O primeiro ponto é que, como planejador no setor energético, sempre alertei as empresas sobre o tema, mas não encontrei resposta. As empresas consideram que eles devem apenas fornecer a energia elétrica aos consumidores, depois o modo de usá-la é problema dos próprios consumidores. Não é essa minha visão, acredito que, quando é feita eletrificação em área rural, as empresas deveriam alertar os consumidores sobre os riscos da iluminação, e os meios para preveni-los.

O segundo ponto é que procurava mecanismos de minimizar o impacto da iluminação artificial (afinal a iluminação é importante e não podemos simplesmente cortá-la) e, para isto, era necessário realizar testes com diferentes tipos de lâmpadas, diferentes filtros, com coleta de insetos. Existem trabalhos que um pesquisador independente pode realizar, outros exigem cooperação de instituições de pesquisa. Realizando um doutorado acadêmico foi possível obter a colaboração do IPT e do Museu de Zoologia da Universidade se São Paulo. Inclusive foi possível obter a licença de coleta de inseto por parte do IBAMA, e dessa forma não ser acusado de biopirataria. Toda a coleção de lepidópteros está hoje armazenada no museu de Zoologia da USP.

O resultado da tese, se tiver a curiosidade de consultá-la, é algo mais que uma simples alerta sobre o perigo da iluminação artificial. Em primeiro lugar é uma resenha da literatura médica, indicando as doenças nas quais existem provas que a iluminação artificial afeta a difusão (fato em geral não conhecido ou até negado). Em segundo lugar são mostrados mecanismos com os quais reduzir a atração. Indicando inclusive o tipo de filtro a ser utilizado para minimizar a atração. Essa informação é inédita na literatura científica internacional.

Com um trabalho acadêmico espero finalmente conseguir sensibilizar as empresas elétricas a estudar melhor o tema, para que não se repitam fatos como o surto de Santa Catarina, quando 12 pessoas foram contaminadas pelo mal de Chagas a causa de uma lâmpada inadequada que iluminava uma revenda de caldo de cana.

Atenciosamente

Alessandro Barghini