¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, maio 28, 2009
 
EINSTEIN NA BERLINDA


Em 2005, quando a imprensa toda celebrava Albert Einstein como o autor da mais famosa teoria do século passado, comentei algumas objeções feitas à sua teoria da relatividade. Não que as objeções fossem minhas. Entendo tanto da teoria da relatividade quanto de grego. Ou melhor, de grego até que entendo um pouco. Sem entender do riscado, reproduzi declarações de cientistas da área. Como o físico brasileiro César Lattes, para quem “Einstein é uma fraude, uma besta! Ele não sabia a diferença entre uma grandeza física e uma medida de grandeza, uma falha elementar”.

Mais ainda, Lattes fazia uma grave acusação ao físico alemão:

- Ele plagiou a Teoria da Relatividade do físico e matemático francês Henri Poincaré, em 1905. A Teoria da Relatividade não é invenção dele. Já existe há séculos. Vem da Renascença, de Leonardo Da Vinci, Galileu e Giordano Bruno. Ele não inventou a relatividade. Quem realizou os cálculos corretos para a relatividade foi Poincaré. A fama de Einstein é mais fruto do lobby dele na física do que de seus méritos como cientista. Ele plagiou a Teoria da Relatividade. Se você pegar o livro de história da física de Whittaker, você verá que a Teoria da Relatividade é atribuída a Henri Poincaré e Hawdrik Lawrence. Na primeira edição da Teoria da Relatividade de Einstein, que ele chamou de Teoria da Relatividade Restrita, ele confundiu medida com grandeza. Na segunda edição, a Teoria da Relatividade Geral, ele confundiu o número com a medida. Uma grande bobagem. Einstein sempre foi uma pessoa dúbia. Ele foi o pacifista que influenciou Roosevelt a fazer a bomba atômica. Além disso, ele não gostava de tomar banho...

Entrevistado pelo Diário do Povo, de Campinas, Lattes dizia que a fama de Einstein era fruto de um lobby:

DP - Então o senhor considera a Teoria da Relatividade errada? Aquela famosa equação E=MC² está errada?
César Lattes - A equação está certa. É do Henri Poincaré. Já a teoria da relatividade do Einstein está errada. E há vários indícios que comprovam esse ponto de vista.
DP - Mas, professor, periodicamente lemos que mais uma teoria de Einstein foi comprovada...
César Lattes - É coisa da galera dele, do lobby dele, que alimenta essa lenda. Ele não era tudo isso. Tem muita gente ganhando a vida ensinando as teorias do Einstein.

Outros pesquisadores chegaram à mesma conclusão. Segundo o engenheiro Christian Marchal, Henri Poincaré apresentou o princípio da relatividade no congresso científico mundial de Saint-Louis, no Missouri, em setembro de 1904. Em 5 de junho de 1905, reapresentou-o à Académie des Sciences de Paris, e o trabalho foi publicado em 9 de junho do mesmo ano. Segundo Marchal, o trabalho de Einstein sobre a relatividade em 1905 contém os mesmos resultados que o de Poincaré.

Para Marchal, a morte precoce de Poincaré por câncer em 1912 e a ausência no trabalho de Einstein sobre a relatividade em 1905 não seriam as únicas razões pelas quais o matemático francês é tão ignorado e Einstein tão célebre. Se Poincaré tivesse a possibilidade de publicar em uma grande revista de física, como os Annalen der Physik de Einstein, ele teria uma grande audiência. Mas ele só encontrou a Rendiconti del Circolo Matematico di Palermo para publicar seu trabalho maior de 1905, uma pequena revista de matemática que não era conhecida pelos físicos.

A glória de Poincaré acabou sendo salva por seu amigo holandês Hendrik Antoon Lorentz, prêmio Nobel de Física (1902). Em 1921, após o triunfo do eclipse do sol de 1919, o comitê Nobel se reuniu com um primeiro pensamento: "Nós devemos dar o prêmio Nobel a Einstein, pela relatividade". Lorentz protestou: "Não é justo!". E publicou um ensaio sobre a vida de Poincaré que ele havia escrito em 1914. "Poincaré obteve uma invariante perfeita das equações da eletrodinâmica e formulou o 'postulado da relatividade', termos que ele foi o primeiro a empregar".

Constrangido, o comitê Nobel pensou melhor e, após alguns meses de reflexão, decidiu dar o prêmio Nobel a Einstein, não pela relatividade... mas pelo efeito fotoelétrico. Marchal não cede: Poincaré é o pai do princípio da relatividade e o fundador da relatividade restrita.

Em Comment je suis devenu Einstein – La véritable histoire de E=mc2 (Paris, Carnot, 2005), Jean-Paul Aufray mostra definitivamente como foi montada toda a farsa. A imprensa – não só a brasileira, como também a internacional – não gosta de comentar tais fatos, afinal seria soterrar mais um mito, criado em boa parte pela mídia. Comentei estas declarações na época. Cheguei a perder um bom amigo, com quem convivia há cerca de trinta anos. Coisas da época. Houve um tempo em que relações eram cortadas em função de fatos ocorridos na Rússia. Foi o que afastou Sartre de Camus, para lembrarmos dois vultos das Letras. Mais adiante, amizades foram destruídas por fatos ocorridos no Vietnã e Camboja. Mais alguns anos, e pessoas cortavam relações por divergências a respeito de Cuba. Sempre a ideologia. Que parece ter contaminado inclusive a teoria da relatividade.

O leitor Luís Bonow me envia novas revelações sobre a polêmica. Marx já morreu, Freud está agonizando. Ao que tudo indica, Einstein já entrou na U.T.I. Desta vez, o que se discute não é a autoria do E=mc2, mas a própria teoria. Para discussão de quem entende do riscado, reproduzo o texto.