¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, junho 22, 2009
 
ATÉ QUANDO A FOLHA MANTERÁ
SENADOR LADRÃO COMO COLUNISTA?



Em discurso na tribuna do Senado, o senador Arthur Virgílio acusou o ex-diretor da Casa, Agaciel Maia, da prática de crimes. Disse que ato secreto é uma das coisas mais nojentas do Parlamento e que Agaciel tem mestrado, doutorado e pós-doutorado em chantagem. Sua missão seria a de "transformar em secretos atos que não tinham por que serem secretos”. Foi mais longe: "Tenho convicção de que tem gente com mandato, tem senador por trás, tem gente por trás dele. (...) A ética genérica, nesta Casa, morreu, Sr. presidente. Esse ético surfa de maneira antiética na política da ética, esse ético genérico não aponta o nome, o CPF desse ladrões. Eu estou aqui apontando dois ladrões: o Sr. Zoghbi e o Sr. Agaciel. Eu dou os nomes. Arranjo dois inimigos, mas não volto atrás, haja o que houver."

O senador tucano não ousou, no entanto, nominar o senador por trás dos dois ladrões. Só deu nome aos guris de recados. O senador não se preocupa em arranjar dois inimigos pequenos. Mas se acovarda ao omitir o ladrão grande, o “senador por trás”. A ética genérica, esta inovação epistemológica do valente senador, demonstrou não ser nada mais que um acordo entre canalhas.

Na Folha de São Paulo de hoje, na privilegiada página dos editoriais, Fernando de Barros e Silva vai mais longe. Em artigo onde denuncia a velharia velha dos Sarney e a nova velharia representada pelo lulismo, afirma que o Brasil virou uma espécie de democracia senhorial e Lula se tornou seu maior avalista. E conclui: “Lula e o neopatrimonialismo sindical que ele sustenta levaram isso ao paroxismo. Não importa que seja ladrão, desde que seja meu amigo”.

Sem querer querendo, sem dizer dizendo, Barros e Silva chamou José Sarney de ladrão. Pergunta que se impõe: até quando a Folha de São Paulo manterá como colunista o senador ladrão?