¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, julho 11, 2009
 
CASA DOS HORRORES
QUER MAIS CADÁVERES



Quando falo que o Brasil costuma importar do estrangeiro as piores idéias, me refiro a idéias dos Estados Unidos ou da Europa. O Senado Federal deu um passo adiante. Passou a importar as piores idéias da África e da Ásia. Me refiro à regulamentação da profissão dos mototaxistas. A decisão de jerico foi tomada nesta semana. O texto aprovado na Casa dos Horrores – como diriam os britânicos – segue para sanção presidencial e ao que tudo indica o jerico-mor não a vetará.

Segundo a agência Estado, de 1990 a 2006, o número de mortes em acidentes de moto no Brasil subiu de 299 para 6.734, o que significa, em termos percentuais, um aumento de 2.252%. Em 2006, as motos mataram 19 pessoas por dia no país. A gripe suína, até agora, matou duas pessoas. Fala-se em epidemia. Não das mortes por motos. Mas epidemia da gripe suína.

Uma moto, teoricamente, conduz uma pessoa. Uma mototáxi, necessariamente, conduz duas. Fácil deduzir o que vem pela frente. O número de mortos duplicará. Com o aval da Casa dos Horrores e provavelmente do Supremo Apedeuta.

Segundo o engenheiro e sociólogo Eduardo Alcântara Vasconcellos, representante brasileiro na Organização Mundial da Saúde, o discurso de que a moto gera emprego e liberta o pobre é demagogia. Dado o apoio amplo e irrestrito do governo federal à indústria da motocicleta, haverá um incentivo muito forte para a proliferação do mototáxi. Em entrevista para a Folha de São Paulo, diz o engenheiro:

“O governo facilitou a ida da indústria para a zona franca de Manaus. Tem um subsídio muito alto. Agora, com a crise, o governo também reduziu o IPI da motocicleta. Além disso, a moto que entrou no Brasil é altamente poluente. O governo não exigiu que a indústria adaptasse os motores. É uma licença para poluir com um custo social enorme. Importamos o pior do que já existe na África e na Ásia pobre, de uma maneira populista e irresponsável".

Luíza Erundina, a prefeita petista de São Paulo, já havia dado um considerável passo – rumo à Idade Média – ao introduzir a tração humana em substituição à roda e ao motor, com suas carroças de coleta de lixo. O Senado não fez percurso tão longo para trás. Apenas legalizou instrumentos de morte contemporâneos. Em nome da expansão da indústria das motos, o Senado pede mais cadáveres.

Ave, Brasília. Morituri te salutant.