¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, agosto 13, 2009
 
CANALHAS UNIDOS
JAMAIS SERÃO
VENCIDOS



Enquanto isso, a Folha de São Paulo continua dando guarida em suas páginas a um senador corrupto, a um deputado corrupto e a um jornalista contemplado com uma bolsa-ditadura. Não por acaso, Carlos Heitor Cony, no domingo passado, fez uma defesa entusiasta de seu colega de imortalidade, José Sarney:

“O caso que está agitando a política nacional e a mídia está seguindo o trânsito legal e democrático. O Supremo Tribunal, em outra ocasião, determinou que recortes de jornal não fazem prova de atos ilícitos. A Comissão de Ética e mais tarde o plenário do Senado têm todos os elementos para punir culpados ou o culpado. Atender o pedido de emprego de uma neta não é crime previsto no Código Penal de nenhum país regulado por leis e não por ressentimentos”.

Como se fosse só de pedir emprego à netinha que Sarney é acusado. Canalhas unidos, jamais serão vencidos. Não bastasse defender o senador corrupto, hoje Cony faz a apologia de outro canalha, Darcy Ribeiro. Não por acaso, também colega de fardão. Ao que tudo indica, não só a Folha de São Paulo e o Senado são valhacoutos de canalhas. A Academia Brasileira de Letras também. Escreve o cronista contemplado com a bolsa-ditadura:

Psicólogos de diversos tamanhos e feitios garantem que cada um tende a admirar pessoas e coisas diferentes de nós e das nossas. Acho que não é verdade, mas sempre admirei o finado senador e acadêmico Darcy Ribeiro na sua capacidade de perceber o cheiro das mulheres da Namíbia, lá do outro lado do Atlântico, que o meu amigo Alberto da Costa e Silva chama de rio a separar dois continentes.

Explica-se: Darcy morava em Copacabana, ali pela altura do Posto 5. Acordava e sorvia o ar que vinha do oceano. E jurava que sentia o cheiro das mulheres de lá, o bodum das negras queimadas e suadas pelo rigor do sol africano.


Imagine o leitor se alguém escreve, por exemplo, que negros fedem. Será imediatamente incurso em crime de racismo. Já o imortal e senador Darcy Ribeiro pode. Está acima do bem e do mal. Pode falar em bodum das negras à vontade. Mas vai mais longe o cronista bolsa-ditadura:

Não sei se ele se excitava com tal sorvo, tratava-se de um ilustre antropólogo, que sabia das coisas. (...) Bem, além de antropólogo, Darcy era poeta, via e sentia coisas que me são vedadas.

Isso é verdade. Ao ilustre antropólogo, qualquer sandice era permitida. Hoje os jornais condenam as duas aposentadorias no Maranhão do também imortal e senador José Sarney, que totalizavam em 2007 o valor de R$ 35.560,98. Darcy Ribeiro tinha três, e jornal algum o denunciou por isso. Darcy podia se dar ao luxo de chamar os judeus de filhos da puta, e judeu algum o processou por anti-semitismo. Podia dar-se ao luxo de espancar mulheres - e não só de espancá-las, como também gabar-se de tal feito -, e feminista alguma o acusou de machão. Abusava sexualmente de "índias decadentes" - como ele próprio as chamava - e nunca ouvi protesto algum de antropólogos ou indigenistas. Este é o perfil do antropólogo e poeta louvado pelo bolsa-ditadura Carlos Heitor Cony.

Y a las pruebas me remito. Reproduzo artigo que publiquei há doze anos, na revista Brazzil, nos Estados Unidos, já que jornal algum no Brasil ousaria publicar tal irreverência em relação ao ilustre antropólogo. Observe o leitor as flores que entrevistam o senador: Antonio Callado, Antonio Houaiss, Eric Nepomuceno, Ferreira Gullar, Oscar Niemeyer, Zelito Viana e Zuenir Ventura.