¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, setembro 29, 2009
 
AMBIENTALISTAS SENSATOS? ONDE?

Prezado Janer,

O homem destrói muito a natureza, e isso é fato! Quando o Sr. insiste em provocar os ambientalistas acredito que não perceba que ataca a todos, os sensatos e os não sensatos. É uma guerra burra. Temos que nos desenvolver enquanto nação, sem nos descuidarmos de ações que protejam ao meio ambiente. Sinceramente, acho essa discussão sem um propósito claro e bem definido.

E olha, esse é o primeiro tema no qual divergimos muito. Entendo sua posição. É clara e bem definida. Porém, acho que ajudaria muito mais com idéias pra recuperar o Meio Ambiente, para daqui cem anos ainda exista o Planeta Terra.

Atenciosamente
Jean Rodrigo Pituco


Que o homem destrói a natureza é óbvio, Pituco. Como expandir-se sem ocupar espaços? Quantos milhares de quilômetros quadrados de floresta destroem uma grande cidade? Poderia o homem viver sem suas megalópoles? Vamos devolver São Paulo à Mata Atlântica? Ou quem sabe aos selvagens que aqui habitavam?

Todo ser vivo destrói algo para viver. Não há espécie viva que viva sem a morte de outra. Qualquer rancho toma algum espaço da natureza. Imagine milhões de moradias, umas sobre as outras, ocupando milhares de quilômetros. Onde o homem se instala, tem de dar um chega-pra-lá pra natureza.

Animais também. Búfalos, elefantes, leões ou tigres, matam e devastam territórios para sobreviver. Quantos milhões de peixes uma baleia engole por ano? Quantos milhões de espécies menores engolem os peixes que a baleia engole? Quantos milhões de microorganismos morrem quando uma onda bate na praia? Vida é luta pela vida, meu caro. Só o homem não pode lutar pela sua? Um dos poucos animais que contribui com algo é, paradoxalmente, o urubu, que pelo menos limpa a superfície do planeta.

Nunca ataquei ambientalistas sensatos. Ataco esses vivaldinos que ganham gordas verbas de ONGs internacionais para brandir bagres e bugres, micos e curiós, gralhas e pererecas contra a construção de barragens, usinas e rodovias, essenciais ao desenvolvimento do país. São todos ecologistas, denunciam a poluição derivada dos automóveis, mas nenhum deles renuncia a seu carro. A filosofia é: “todos os carros poluem, menos o meu”. Eu, que não me pretendo ecologista, nunca tive carro e para essa poluição jamais contribui.

Mas onde estão os tais de ambientalistas sensatos? Se existem, não os ouço. Só leio nos jornais pronunciamentos de malucos querendo barrar barragens em nome de micos ou passarinhos. O ofício rende muita grana e turismo. Há anos, comentei o absurdo de tentar se proibir uma represa no Paraná em nome de um tal de macuquinho-do-banhado. De um leitor paranaense, recebi este depoimento:

"Felizmente, para Curitiba, o macuquinho só serviu mesmo para atrasar um pouco as obras da Barragem do Iraí, que já a mesma está concluída e em operação. Mas que foi uma picaretagem das grossas, foi. Depois, descobriu-se que o tal passarinho, além de não sofrer qualquer ameaça, é também muito comum, pelo menos nos campos de Paraná e Mato Grosso do Sul. O resultado, além de render viagens aos EUA para os ornitólogos e elevá-los ao cargo de consultores (se bem me recordo, foram a Washington expor o caso ao banco financiador) só serviu mesmo para atrasar a obra e, acredito que isto deve tê-los deixado felizes, diminuir o lucro do malvado do empreiteiro que a executou”.

Por outro lado, jamais vi ambientalistas condenando a proliferação de favelas, que inundam mares, rios e esgotos com seus dejetos. Favelado pode poluir à vontade. Morador de rua – essa nova condição de cidadania criada pela Igreja Católica – também. Rua também é meio ambiente. Mas seus “moradores” podem sujá-las à vontade, que nenhum ambientalista irá reclamar. Quem não pode poluir é o capital que serve para dar melhores condições de vida ao país. Os ecologistas hoje são o novo disfarce das viúvas do Kremlin, que encontraram uma bandeira nova para lutar contra o antigo inimigo, o capitalismo.

Ainda hoje, leio no Estadão, que um helicóptero da Prefeitura de Santo André flagrou um pedreiro construindo uma casa às margens da represa Billings, área de preservação e recuperação de mananciais. Um pedreiro? Uma casa? Há mais de três mil construções irregulares de moradias, de comércio e de outros usos em áreas cuja proibição para construir está prevista em lei. Recente projeto, a Lei da Billings, vai regularizar 200 mil imóveis localizados às margens do manancial que abastece 1,6 milhão de pessoas na região metropolitana de São Paulo.

Onde estão os ambientalistas sensatos, que não os ouço? O que tenho ouvido na imprensa são vigaristas a serviço de empresas internacionais, em geral ianques ou britânicas, muito bem pagos, que não admitem a hipótese de um Brasil desenvolvido.