¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, setembro 28, 2009
 
HÁ ALGO DE PODRE NA
SECRETARIA DO VERDE



Enquanto nestes dias os judeus praticam um galinocídio, os vegans insistem em sua campanha da segunda sem carne. Pelo jeito, matar galinhas para expiar os pecados da raça pode. O que não pode é comer carne. É espantoso como jornais de prestígio assumem, talvez por ímpetos de algum redator alucinado, bobagens que ofendem a inteligência dos leitores. Ou de alguns leitores, porque leitor, afinal, não é sinônimo de inteligência. No Estadão de hoje, lemos uma seqüência da campanha estúpida da Segunda sem Carne, que será lançada no Parque do Ibirapuera no próximo sábado.

Lidar com números é uma das melhores fórmulas de mentir. Filipe Vilicic, o redator, pergunta: ‘Sabia que a indústria da pecuária é responsável por 18% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa e por 80% do desmatamento do bioma amazônico? E que para produzir um quilo de carne são gastos 15 mil litros de água? Esses são três dos argumentos usados pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) para convencer as pessoas a abandonar o consumo desse tipo de alimento”.

Mas em que dados se baseia a afirmativa de que a indústria da pecuária é responsável por 18% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa e por 80% do desmatamento do bioma amazônico? De que para produzir um quilo de carne são gastos 15 mil litros de água? Isto o jornal não explica. É questão de fé. Você acredita ou não acredita. Continua a reportagem:

“São justificativas que estão por trás da nova campanha desse grupo, a Segunda sem Carne. O movimento tenta convencer carnívoros a se tornarem vegetarianos ao menos uma vez por semana. 'Além de preservar a natureza, essa atitude é benéfica para a saúde, porque previne, por exemplo, diabete e problemas cardiovasculares', prega a socióloga Marly Winckler, presidente da SVB e "vegan" há 14 anos (o tipo de vegetariano mais radical, que não come ovos, não toma leite nem usa roupas de lã ou de seda). 'O ideal seria que deixassem de consumir qualquer derivado de animais todos os dias. Mas adotar esse hábito na segunda já é um começo', acrescenta".

Desde quando socióloga vegan é autoridade para falar de medicina? Desde quando abstenção de carne preveniu diabetes ou problemas cardiovasculares? No fundo, a questão é religiosa. Não por acaso, nos destaques da campanha, há palestras sobre ioga e shivaísmo. Que é o shivaísmo? É uma derivação do hinduísmo, que consiste em ensinamentos transmitidos em diálogos entre Shiva e sua mulher, Shakti, chamada de Parvati, Durga ou Kali. Shiva é o Imutável e Shakti seu poder de criação, proteção e transformação.

Após o evento do próximo sábado, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente pretende divulgar o projeto em escolas, empresas, bares, restaurantes, mercados e consultórios de médicos e nutricionistas. Os empresários que aderirem assinarão um termo em que se comprometem a incentivar seus funcionários a reduzir o consumo de carne.

Mas que temos nós a ver com Shiva, Shakti, Parvati, Durga ou Kali? Que temos a ver com âgamas e tantras? Ao que tudo indica, um grupo de mascadores de vegetais tomou posse de uma secretaria da Prefeitura e agora pretende impor aos paulistanos o hábito de pastar. Não bastasse a Igreja de Roma proibir o consumo de carne às sextas-feiras, agora fanáticos budistas querem proibi-la nas segundas-feiras. Ironicamente em um país onde para boa parte da população o consumo de carne é utopia.

Nada contra vegetarianos, já disse. Que cada um coma o que quiser. Mas pretender impor o vegetarianismo através de uma secretária municipal é abuso de poder religioso. Não bastasse a ditadura do Vaticano, que bem ou mal exerce sua influência neste país inculto, impõe-se agora aos paulistanos um autoritarismo oriundo do Oriente.

Há algo de podre na Secretaria do Verde. Para bem celebrar a campanha, fui hoje a um restaurante francês na Vilaboim, o bistrô Le Vin, onde regalei-me com um boeuf bourguignon.