¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, setembro 07, 2009
 
SARKOZY CUMPRIMENTA
CACIQUE E DOUTOR
ASSASSINO CAIAPÓ




Em 1980 foram massacrados pelo menos trinta peões pelos índios, em duas chacinas distintas, uma delas no Parque Nacional do Xingu, liderada pelo cacique txucarramãe Raoni. Na ocasião, Raoni exibiu nos jornais a borduna que "ajudou a matar 11 peões de uma fazenda". Não só permaneceu impune, totalmente alheio à legislação brasileira, como foi recebido com honras de chefe de Estado na Europa. O papa João Paulo II, François Mitterrand e os reis da Espanha, entre outros, o receberam como líder indígena. Raoni, com seus belfos, se deu inclusive ao luxo de expor sua pintura em Paris. Um dos quadros do assassino atingiu US$ 1.600 em uma lista de preços que começava a partir de mil dólares. No final do ano passado, Raoni recebeu o título de Dr. Honoris Causa pela UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso). Enfim, isso de universidades homenagear assassinos está virando praxe acadêmica. Fidel Ruz Castro é Dr. Honoris Causa pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

O patrono de Raoni neste périplo pelo Ocidente foi o roqueiro inglês Sting, que criou em 1989 a Rainforest Foundation e levantou 1,5 milhão de dólares para a demarcação da tribo dos caiapós, no sul do Pará. Raoni, que era txucarramãe, de repente virou caiapó. Em maior de 92, o cacique Paulinho Paiakan – como são simpáticos os diminutivos! –, também da tribo dos caiapós, estuprou brutalmente a estudante Sílvia Ferreira. O cacique, que foi capa de uma revista americana, na qual era considerado a solução para os problemas da humanidade, foi condenado a seis anos de prisão.

Mas os caiapós da aldeia Aukre, no sul do Pará, decidiram não entregar à Justiça o cacique Paulinho Paiakan, condenado a seis anos de prisão. Segundo os líderes caiapós, embora Paiakan tenha cometido crime sexual contra uma mulher branca, sua prisão dentro da aldeia representaria uma desmoralização para a tribo. Além disso, colocaria em risco toda a comunidade indígena, "que ficaria sujeita às leis da cidade". Onde se viu um bugre submeter-se às leis do país em que vive? Paiakan julgado e condenado pelo Tribunal de Justiça do Estado e com sentença ratificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), permaneceu livre como um passarinho em sua reserva. Assim como José Sarney e seus filhos continuam livres no Distrito Federal e no Maranhão.

Raoni, o ex-txucarramãe hoje caiapó – vá lá se saber por quê! - pelo que me consta, nem julgado foi. Hoje, foi a vez de o presidente Nikolas Sarkozy cumprimentar, na embaixada da França em Brasília, o assassino txucarramãe. Quantos seres humanos precisa matar alguém para receber um doutorado Honoris Causa, ser recebido pelo papa, por Mitterrand, pelos reis da Espanha e por Sarkozy?

Pelo jeito, onze cadáveres é suficiente.