¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, setembro 14, 2009
 
SE CORRER O BICHO PEGA,
SE FICAR O BICHO COME



Os ativistas semeadores do ódio racial não descansam. Encontram racismo em frases ou incidentes onde não há racismo algum. Está dando volta ao mundo um vídeo onde o ministro do Interior francês, Brice Hortefeux, ao falar com um rapaz meio árabe - e meio português, a bem da verdade - disse: «Il en faut toujours un. Quand il y en a un ça va. C’est quand il y en a beaucoup qu’il y a des problèmes».

Traduzindo: "É preciso sempre um. Quando há um, tudo bem. É quando há muitos que há problemas". As esquerdas franceses imediatamente acusaram Hortefeux de racismo e estão pedindo sua cabeça.

Paremos e reflitemos, como diria Lula. Em primeiro lugar, o ministro nada disse além do óbvio. Desde há muito a sociologia vem afirmando que quando uma comunidade estrangeira cresce além do razoável dentro da comunidade que a acolhe, começam os conflitos. Será a sociologia racista? Que mais não seja, os fatos estão aí para confirmar a assertiva do ministro. Quando havia alguns árabes ou africanos na França, não havia badernas ou atos de vandalismo como agora ocorrem em Paris e outras cidades. Agora, árabes e negros são legião. A cada revéillon, matematicamente, mais de mil carros são queimados na França. Mais ainda, não precisa ser réveillon. Basta a polícia perseguir um delinqüente árabe ou africano, a baderna recomeça.

Em segundo lugar, Hortefeux disse: “quando há um”. Não especificou este um. Estava falando com um imigrante de origem árabe. Mas poderia estar se referindo tanto à condição árabe quanto à condição de imigrante de seu interlocutor. Em ambos os casos, estava cheio de razão. Desde há muito as viúvas do Krenlim interpretam qualquer menção restritiva a imigrantes como sendo ofensa racial. Ora, há uma grande distância entre imigração e raça.

Derrapagem, dizem os jornais franceses. Tempos antes, Brice Hortefeux teria cometido outra derrapagem. Ao falar durante a posse da secretária de Estados para as Cidades, Fadela Amara, ele disse: "É uma patrícia, apesar de não ser muito evidente...". Como Amara é de origem argelina, a reação das viúvas foi rápida: racismo. Ora, que há de racista na constatação de que uma mulher de origem argelina aparenta ser... argelina?

Costumo afirmar que, depois da queda do Muro de Berlim e do desmoronamento da URSS, tornou-se ridículo falar em luta de classes. Luta de classes morta, luta racial posta. As autoridades que se cuidem, até mesmo quando querem facilitar a vida dos imigrantes. Pois mesmo medidas de auxílio a imigrantes podem ser vistas como racismo.

Leio hoje manchete no Estadão:

ÔNIBUS ITALIANO EVOCA APARTHEID

Ocorreu que na cidade de Foggia, na Puglia italiana, a Prefeitura instituiu uma linha de ônibus exclusiva para transportar imigrantes africanos, a linha 24/1. O repórter não deixa por menos: “A sombra do apartheid, o regime segregacionista que isolou brancos e negros na África do Sul entre 1948 em 1990, paira desde março no sul da Itália”. É o que diz o jornal. A realidade é um pouco distinta.

Estão os imigrantes proibidos de apanhar outro ônibus? Não estão. Estão os italianos proibidos de tomar o ônibus dos imigrantes? Muito menos. A intenção de Orazio Ciliberti, o prefeito de Fogia, foi melhorar o atendimento aos imigrantes. "Não se trata de racismo, mas da possibilidade de criarmos um serviço melhor. Ninguém impede os imigrantes de caminhar dois quilômetros a mais e pegar um outro ônibus até o centro", disse o prefeito.

Se racismo há, é um racismo às avessas. Pois nos veículos identificados com o número 24/1, os imigrantes não pagam passagem, enquanto pagariam nos ônibus para brancos. Já os brancos de boa cepa européia – que pagam impostos, é bom lembrar - têm de pagar passagem. Se alguém quiser encontrar racismo na medida de Ciliberti, terá de convir que se trata de um racismo antibranco. Ou antieuropeu, como quisermos.

Por um lado, é óbvio que os imigrantes preferirão uma linha gratuita. Por outro lado, é também óbvio que italianos preferirão pagar a entrar em um ônibus lotado por uma comunidade hostial a italianos. Segundo a Prefeitura, parte dos 154 mil moradores da capital da região de Puglia estaria em atrito com os cerca de 800 imigrantes que residem no centro, situado a 15 quilômetros da cidade.

Estes conflitos estão ocorrendo em boa parte das cidades européias. Em Paris, por exemplo, uma mancha árabe com epicentro no bairro La Goutte d’Or – logo abaixo de Montmartre - não cessa de expandir-se. À medida em que se expande, vai desvalorizando os imóveis vizinhos. Não é nada saudável, hoje, para um cidadão francês ou turista, perambular pelo território árabe, encravado no centro de Paris. Isso sem falar na arabada que habita a periferia.

No sul da Suécia, cinco mil suecos já abandonaram Malmö, para fugir dos árabes que infestaram a cidade. Da mesma forma, em Nova York, não é nada confortável para um branco perambular pelo Harlem. A menos que sejam grupos de turistas convidados para as cerimônias gospel. Sem ir muito longe: ousaria um carioca, sozinho, visitar uma favela? Não ousa. Brancos lá só podem entrar em grupos organizados por agências de turismo e com a permissão do tráfico. Permissão que é dada tendo em vista principalmente os turistas europeus, que adoram visitar favelas.

Mas se imigrantes árabes ou negros, romenos, albaneses ou ciganos, se dedicam a assaltar italianos e turistas, nisto não se vê racismo algum. Racista será o branco se reagir com violência ao assalto. E nisto estamos: se as autoridades mandam os imigrantes ilegais de volta a seus países, são racistas. Se tentam ajudá-los, continuam sendo racistas. Ou seja: todo europeu passa a ser racista por definição.

Já não são racistas os contingentes de imigrantes que odeiam e hostilizam os habitantes dos países que os recebem.