DESPAUTÉRIOS DO CLÔDECria fama e deita-te na cama, dizem as gentes. Depois de criar fama, você pode afirmar qualquer bobagem e passa por sábio. Morreu sábado passado o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss. (A
Folha de São Paulo, muito didática, julgando que todos seus leitores são analfabetos, adverte: pronuncia-se Clôde Lêvi Strôss).
Pois o Clôde escreveu: "Caminhamos para uma civilização em escala mundial. Nela, provavelmente, aparecerão as diferenças. Não pertenço mais a esse mundo. O mundo que eu conheci, o mundo que eu amei, tinha 1,5 bilhão de pessoas. O mundo atual tem 6 bilhões de humanos. Não é mais o meu."
Não tenho idéia de quantos habitantes tinha o mundo em que nasci. Mas fosse 1,5 bilhão, três ou quatro bilhões, tanto faz como tanto fez. Este mundo de hoje, algumas inovações à parte, continua sendo o mesmo em que nasci. Porque ninguém vê um, dois, três, quatro ou seis bilhões de pessoas. Nos só vemos quem está por perto. A pressão demográfica não nos atinge. Muito menos um intelectual que vive em Paris. Com ares de pitonisa, o Clôde profere uma imensa bobagem.
É espantoso que um jornal como a
Folha publique, como atestado de grande sabedoria, um tal despautério.