¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, novembro 07, 2009
 
SOBRE FÉ E CIÊNCIA


"Dawkins, em seu livro Deus, um Delírio, defende que a probabilidade da não-existência é maior do que a da existência. Defende mas não prova. Ele não se dá conta de que o argumento é um libelo pela existência de Deus. Ora, se a probabilidade de Deus existir é menor que a de ele não existir, significa que Ele existe com certeza, pois Deus, por definição, é infinito. Além do mais, é visível a simpatia dele, Dawkins, pelo deísmo, segundo o qual Deus existe, é o criador do universo, mas abstém-se de nele interferir. Outro libelo em favor das religiões.”

Argumento pela existência de qual deus? Apolo, Shiva, Thor ou Jeová? Particularmente prefiro o Monstro de Espaguete Voador, também deus dileto de Dawkins. Sua “não-existência”, bem como a dos deuses gregos, hindus, nórdicos e semitas não pode ser provada, logo... Logo nada, não há corolário aqui. Se houvesse, todos que não pudessem provar a “não-existência” Dele – o Monstro de Espaguete Voador - estariam reforçando a idéia de que sem dúvida ele existe.

Dawkins, suponho, acredita na natureza. Daí o chamar de deísta é uma grande distância. Ultimamente muitos teístas buscam arrimo nesse argumento. Costumam dizer que deus é o universo, as matas, está em cada árvore e em cada animal. Ora, em árvores, animais e universo nós, ateus, também cremos. Ocorre que definir tudo isso como “deus” é brincar com palavras, brincar com semântica. Crer em deus significa crer numa consciência organizada (por vezes com traços antropomórficos), que percebe a si mesma e pode se coordenar. Dito isso, acho difícil imaginar que minha cachorra, por exemplo, saiba que controla o universo.

Diante de um universo absurdo, entretanto, resta apenas delirar. Deus é um delírio, mas um delírio que funciona como placebo até para os mais inteligentes. Em um universo absurdo como este em que vivemos é difícil condenar alguém por ceder a isso.

abraço,

Raphael Piaia