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¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV
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quinta-feira, dezembro 03, 2009
A SANTA INDIGNAÇÃO DE UM CRONISTA CORRUPTO Uma vez no Brasil, o asco volta a invadir minha crônica. Para começar, leio crônica na Folha de São Paulo, onde Carlos Heitor Cony, essa vestal impoluta, se indigna com a indignação dos justos com o mensalão do DEM: O que me espanta é a maneira como o mensalão é pago, com maço de notas - a vil pecúnia de que fala santo Agostinho. No dia a dia de nossa vida contábil, o dinheiro em espécie é cada vez mais raro. Usam-se os cheques, os depósitos bancários, as transferências eletrônicas. No meu caso pessoal, há mais de 30 anos que não boto mão em maços de dinheiro. Minhas fontes pagadoras - jornal, rádio, TV, direitos autorais - depositam meus vencimentos e salários normalmente. É a regra. Dinheiro ao vivo e em cores tornou-se suspeito. Nem assim a corrupção ativa e passiva confia no sistema bancário, provavelmente porque deixa rastros. Prefere a tradicional "mala preta", que hoje foi rebaixada à cueca e às meias. Santa indignação! Afinal de contas, Carlos Heitor Cony, privilegiado com uma bolsa-ditadura, não precisa de dinheiro vivo nem em cores, muito menos cuecas, meias ou malas pretas. Recebe religiosamente em seu contracheque R$ 19.115,19 mensais. Isso sem falar nos efeitos retroativos a 1998, que lhe pagaram R$ 1.417.072,75. Curiosamente, o conceituado cronista da Folha de São Paulo – que está se revelando como o jornal que mais abriga corruptos em suas páginas – não cita em momento algum a fonte perene, isenta de impostos e mais gorda, de seus proventos. |
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