¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, dezembro 27, 2009
 
SOBRE VIRGENS GRÁVIDAS


De Alex, recebo:

Olá Janer,

Como sempre, tem sido prazeroso, instigante e invejável (no sentido mesquinho até) lê-lo. "Invejo" sua viagem à Espanha e o natal divino em Skopje. E é inegável! A experiência máxima talvez seja uma mulher mostrar o quão católica ela é!

Acredite, sei muito o que é passear pelo Velho Mundo. E, claro, não pelo modo mais comum atualmente, as "15 capitais em 7 dias", mas sim tentando viver como um deles, utilizando-se dos serviços públicos, comendo onde eles comem, sentindo as dificuldades que eles sentem.

Mas falar das benesses e mazelas da Europa não é meu objetivo hoje. Gostaria de parabenizá-lo pela série de artigos "os deuses precursores". Quando descobri a questão mitológica de Jesus, há mais ou menos um ano, perguntei-me por que não há um barulho maior sobre isso. Percebi então que dizer que os fatos relevantes da vida de Jesus são um minestrone de fábulas mitológicas envolvendo deuses das culturas vizinhas é uma blasfêmia maior que duvidar publicamente da existência de Deus.

Gostaria também de fazer um pequeno complemento à serie de artigos. Curiosamente, a questão da semelhança da vida de Jesus com mitologia helênica (entre outras) é uma pedra no sapato do cristianismo desde... sempre.

Justino Mártir foi um dos primeiros defensores da teologia cristã, já no séc. II. No capítulo 21 de sua Primeira Apologia, endereçada ao Imperador Titus e ao seu filho Verissimus, Justino diz: "E quando dizemos também que a Palavra, que é o primogênito de Deus, foi concebido sem união sexual, e que Ele, Jesus Cristo, nosso Mestre, foi crucificado e morreu, e ressuscitou, e subiu aos céus, não propomos nada diferente do que vocês já acreditam a respeito daqueles a quem vocês estimam como sendo os filhos de Júpiter."

Posteriormente, Justino atribui tal coincidência à ação deliberada do demônio, que interferiu para que os mitos de outras culturas fossem semelhantes aos fatos verdadeiros da vida de Jesus. Os escritos de Justino estão disponíveis em http://earlychristianwritings.com/justin.html

Abraços,

Alex


Pois Alex, a denúncia é antiga. Parece que foi esquecida. Os não-cristãos da época já acusavam o cristianismo de plagiar os deuses pagãos. Trifón observou que o mistério da Encarnação, segundo o qual Maria ficara grávida do Espírito Santo sem deixar de ser virgem era similar ao de Dánae, a qual Júpiter possuiu convertido em chuva de ouro e ficou grávida sem perder a virgindade.