¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, janeiro 05, 2010
 
EUROPA JÁ TEM TRIBUNAIS ISLÂMICOS


Ainda os muçulmanos. Segundo Vincent Geisser, estudioso do islamismo e da imigração no Centro Nacional de Pesquisas Científicas francês, quanto mais os muçulmanos da Europa se firmam como parte permanente dos cenários nacionais, mais assustam alguns europeus que pensam que suas identidades nacionais podem ser mudadas para sempre. "Hoje, na Europa, o medo do Islã cristaliza todos os outros medos", disse Geisser. "Na Suíça, são os minaretes. Na França, é o véu, a burca e a barba."

Geisser sofisma. Os europeus não têm exatamente medo do Islã. Antes de ter medo, têm asco. Islamofobia é um neologismo safado. Melhor se diria se falássemos em islamojeriza, ou palavra semelhante. Os suíços não temem os minaretes. Apenas não os querem desfigurando o desenho de suas cidades. Muito menos como símbolo de um poder religioso que quer impor-se ao Estado. Tampouco os franceses temem o véu ou a burca. Apenas não querem símbolos religiosos – que denotam a opressão da mulher – em suas escolas. Quanto à barba, os franceses não têm nada contra. Geisser, que só pode ser porta-voz das esquerdas derrotadas no final do século passado, a incluiu apenas para envenenar a discussão.

"Existe na Europa uma angústia existencial em torno da identidade", diz Geisser. "Há uma sensação de que a Europa está encolhendo e perdendo importância. A Europa é como uma senhora idosa que, a cada vez que ouve um barulho, pensa que é um ladrão." Esse clima generalizado de ansiedade se traduz em um medo específico, diz ele: o medo do islã, "uma caixa que recebe os medos de todos".

Não há sensação que a Europa está encolhendo. Com sua atual taxa de natalidade, a Europa está de fato encolhendo. Não que a Europa esteja perdendo importância. Mas está cedendo terreno ao Islã. Não é que a senhora idosa, a cada barulho, pense que se trata de um ladrão. O ladrão já está dentro de sua casa, roubando seus impostos, sua segurança, sua assistência social, quando não suas vidas.

Segundo Youcef Mammeri, escritor e membro do Conselho Conjunto de Muçulmanos de Marselha, o racismo na França passou de antiárabe para antimuçulmano, o que, para ele, é "um retrocesso terrível". Em primeiro lugar, nunca houve racismo antiárabe, nem na França nem na Europa. Tanto que a UE acolhe hoje algo entre 15 e 20 milhões de imigrantes muçulmanos, isto é, árabes. Continuando, Islã não é raça. É religião. Se pessoas se opõe a uma religião, não se pode falar de racismo. Mammeri desloca o cerne da discussão, para acusar os europeus de racistas.

Há árabes que são muito bem vistos na Europa. Para começar, todos os que lecionam em suas universidades. Foram chamados a contribuir com a cultura européia e contra estes nada consta. A restrição dos europeus não é a uma raça, ou mesmo nacionalidade. Mas a uma religião intolerante e invasiva que começa a minar inclusive as leis do Velho Continente.

Na França há um personagem muito particular, é o chamado “arabe du coin”, o árabe da esquina. É aquele árabe que tem uma quitandinha que fica aberta até altas horas da noite, quando todo francês está entregue ao lazer. É o último recurso de quem precisa de um vinho, patê ou queijo e não tem mais onde comprar. O árabe da esquina não precisa ser da esquina e nem mesmo árabe. Pode ser até um chinês e ficar no meio da quadra. São pessoas que trabalham, estão integradas à sociedade francesa, respeitam as leis do país e jamais lhes ocorreria sair a quebrar vitrines e queimar carros. Francês algum tem algo contra este imigrante.

O que o francês – e o europeu em geral – não suporta é a pretensão de imigrantes que querem criar um Estado dentro do Estado. Houve época em que um imigrante chegava à Europa perguntando quais seriam seus deveres. Hoje, o imigrante chega exigindo seus direitos. Exige inclusive o direito de permanecer ilegalmente no país. Europeu é o que não falta para dar apoio a esta pretensão descabida. Quem é contra a permanência ilegal de um imigrante no continente não é considerado um defensor do Estado de direito. Mas racista. As viúvas do Kremlin, que não conseguiram destruir a idéia de Europa com o marxismo, são os primeiros a apoiar os imigrantes ilegais. Se não conseguimos destruir a Europa e suas instituições com o comunismo, vamos agora destruí-las com o Islã.

Muçulmanos não aceitam as leis dos países que os acolhem. Viciados por Estados teocráticos, onde a religião tem força de lei, querem impor suas leis – isto é, sua religião – para os Estados para onde migram. Leio no Estadão que uma investigação da polícia da Catalunha revelou a existência de tribunais islâmicos clandestinos em plena Espanha. A primeira corte ilegal descoberta na Espanha operaria como em um país muçulmano, com a aplicação do rigor da Sharia, a lei islâmica. O tribunal foi revelado no início de dezembro quando a Justiça da região de Tarragona indiciou dez imigrantes por liderar uma corte que teria sentenciado à morte uma mulher muçulmana.

Ou seja, os imigrantes muçulmanos – ao arrepio da legislação dos países que os acolhem – criam tribunais paralelos de exceção. Segundo a polícia espanhola, é "provável que se tenha estabelecido um tribunal de honra islâmico". Sete dos acusados estão em prisão preventiva. Se condenados, podem pegar até 23 anos de prisão por cárcere privado, tentativa de homicídio e associação ilícita. E nunca falta um intelectual qualquer na Europa que acuse os europeus de racismo quando os europeus querem apenas defender suas leis e modus vivendi. O “provável” da polícia espanhola é eufemismo. Os tribunais de honra islâmico existem de fato.

O primeiro indício do tribunal foi registrado em março, quando uma marroquina denunciou o marido em uma corte espanhola por maus-tratos e tentativa de assassinato. A Justiça concluiu que o marido, Hassan Oulad Omar, havia denunciado sua mulher a um tribunal islâmico clandestino por desobediência. Ela estava grávida e o marido queria obrigá-la a abortar. Segundo a vítima, cujo nome é mantido em sigilo, ela foi sequestrada e julgada por 20 homens, que deliberaram sobre seu destino por horas. No fim do dia, foi levada para a casa de um dos membros do tribunal, mas conseguiu escapar durante a noite.

Segundo o jornal, na Grã-Bretanha, onde há uma grande população muçulmana, a Sharia começa a ser usada para resolver disputas familiares e pequenas causas. O primeiro tribunal foi identificado em 2008, mas opera desde 2007. Já comentei caso na Escandinávia em que um muçulmano, junto com seus filhos, executou uma filha porque esta tinha relações antes do casamento com um sueco. Não foi preciso tribunal algum. A família se erigiu em tribunal.

Ninguém põe na cabeça de um muçulmano que ele precisa respeitar as leis e os costumes do país que o acolhe. Pior ainda, já há juízes europeus, em plena Europa, julgando segundo as leis do Corão. Há três anos, comentei o caso da juíza Christa Datz-Winter, de Frankfurt, que negou o pedido de divórcio feito por uma mulher muçulmana que se queixava da violência do marido. A juíza declarou que os dois vieram de um "ambiente cultural marroquino em que não é incomum um homem exercer um direito de castigo corporal sobre sua esposa". A recomendação de Christa foi condenada até mesmo por líderes muçulmanos.

Quando a mulher protestou, Datz-Winter citou uma passagem do Corão, onde consta que "os homens são encarregados das mulheres". Ironicamente, coube ao Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha defender as leis da Alemanha. A juíza "deveria ter decidido exclusivamente nas linhas da Constituição alemã", declarou o grupo muçulmano. "Violência e abuso contra pessoas - sejam elas homens ou mulheres - também são razões para conceder um divórcio no Islã, é claro".

Quando uma juíza alemã troca o Código Civil pelo Corão e muçulmanos precisam defender a constituição de um país europeu, o Ocidente está mal das pernas. Há horas líderes muçulmanos pedem, na Suécia, a adoção da legislação muçulmana para regulamentar os casamentos de muçulmanos.

Na Alemanha, já nem é preciso pedir.