¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

Powered by Blogger

 Subscribe in a reader

sexta-feira, fevereiro 19, 2010
 
REPÓRTER PLAGIÁRIO
É DEMITIDO... EM NY



Jornalista do NYT acusado de plágio deixa a empresa, é o que leio em um despacho da agência EFE e do próprio The New York Times. O repórter Zachery Kouwe, acusado de plagiar partes de vários artigos, pediu demissão anteontem, segundo fontes ligadas ao caso. Kouwe foi acusado pelo Wall Street Journal de usar trechos de seus textos em matérias em um blog e em suas próprias reportagens para o The New York Times sem citar as fontes.

Kouwe, que já tinha sido suspenso, se reuniu com representantes do jornal nova-iorquino para discutir ações disciplinares, mas o jornalista decidiu deixar a empresa. Ou seja, o próprio jornal apressa-se a admitir publicamente o plágio de um de seus profissionais. Cá entre nós, se leitores detetam um plágio nalgum jornal ou revista e o comunicam a empresa, seus editores acobertam o plagiário e sequer se dignam a uma resposta.

Não é a primeira vez que o The New York Times toma tal atitude. Para quem já nem lembra, repito. Em maio 2003, uma investigação interna do jornal concluiu que um de seus repórteres cometeu diversas fraudes durante a cobertura de eventos jornalísticos nos últimos meses. Casos freqüentes de plágio e notícias fabricadas representaram uma profunda quebra de confiança e um ponto baixo na história de 152 anos do jornal. Jayson Blair, de 27 anos, enganou leitores e colegas com textos supostamente enviados de Maryland, Texas e outros Estados, quando estava a quilômetros de distância, em Nova York. Fabricou comentários de "entrevistados", inventou situações e roubou material de outros jornais e de agências de notícias. Pinçou detalhes de fotografias para passar a falsa impressão de que tinha estado em determinados lugares e visto certas pessoas.

Jayson Blair quase teve sua carreira destruída. Digo quase, pois o jornalista teve propostas milionárias para escrever suas memórias. Nos EUA nada se perde. Tudo se transforma... em dólares. Até mesmo a fraude.

O plágio de Zachery Kouwe foi flagrado há uma semana. Segundo o NYT, na sexta-feira passada, o diretor do The Wall Street Journal Robert Thomson mandou uma carta para o jornal apontando semelhanças entre um artigo do site do WSJ e uma postagem do blog financeiro do NYT, que no dia seguinte foi publicada na versão impressa. Os textos foram postados na internet no mesmo dia, 5 de fevereiro, com apenas duas horas de diferença. Após a denúncia, os editores do NYT investigaram o caso e encontraram outros exemplos de plágio do jornalista. O Jayson era jornalista tão ágil quanto o correspondente da Veja em Paris. Publicou, plagia na hora.

O incidente foi revelado nesta segunda-feira pelo próprio NYT. Segundo o jornal, Kouwe copiou passagens do WSJ e da agência de notícias Reuters em suas reportagens e posts no blog financeiro do NYT sem citar as fontes.

Nos últimos dias, denunciei neste blog dois plágios de Antonio Ribeiro, correspondente de Veja em Paris, que aos céus clamam uma demissão. A denúncia já é pública na Internet e sei que os editores de revista dela já tomaram conhecimento. O correspondente, atualmente em férias, teve sua coluna mantida e promete voltar em março com mais plágios.

Veja está perdendo credibilidade a passos rápidos. É uma pena, pois foi uma das boas revistas que o Brasil já teve.