¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, junho 01, 2010
 
ALTALENA, DIMONA E A
FROTA DE APPARATCHIKS


No dia 31 de julho de 2006, escrevi neste blog:

REMEMBER ALTALENA

Que Israel tem necessidade de extirpar o Hizbollah de suas fronteiras, disto só os insensatos discordam. Que o bombardeio da cidade libanesa de Qana, com 28 vítimas civis - entre elas 19 crianças - foi uma insensatez, disto só os fanáticos defensores de Israel discordam. Os judeus já estão intuindo que pagarão um alto preço no mundo todo por este ataque insano.

Quem se espanta com a determinação de Israel nunca deve ter ouvido falar do Altalena. O episódio ocorreu nos albores do Estado hebraico, em junho de 1948, e judeu algum gosta de relembrá-lo. O Altalena era um cargueiro que trouxe da Tchecoslováquia um carregamento de armas, por encomenda do Irgun, grupo armado judeu separado do Haganá. As armas seriam desembarcadas clandestinamente nas costas de Israel.

Quando o Altalena chegou, Yitzhak Rabin, obedecendo ordens do governo, comandou um grupo que explodiu o navio, matando mais de 100 judeus.


Não sei qual foi a repercussão do ataque, nasci em 47. Mas muito extensa não terá sido, tanto que hoje quase ninguém mais lembra do Altalena. Israel hoje se queixa do terrorismo, mas nasceu sob o signo do terror. Em suma, tudo isto para comentar o ataque à frota de ativistas pró-palestinos que se dirigiam a Israel, no qual morreram nove deles. Pelo jeito, judeu pode matar judeus à vontade. Matar o inimigo já sai mais caro.

De um outro ataque judeu, bem mais grave e tão letal quanto o ataque ao Altalena, ninguém mais lembra. Foi nos anos 70, creio, quando Israel abateu um avião de passageiros iraniano, que se dirigia a Dimona, onde os israelenses construíram uma usina nuclear. E a bomba. Morreram, se estou bem lembrado, mais de cem civis. Claro que a tripulação não pretendia atacar Dimona. O avião estava fora de rota. Israel não esperou para conferir. Derrubou incontinente o alvo.

Curiosamente, ao tentar encontrar alguma referência a este ataque na Web, não encontro nada. Verdade que não fiz uma pesquisa exaustiva, mas é fato que deveria ser encontrado já nas primeiras páginas da consulta. A impressão que se tem é que o ataque israelense foi apagado da História. Se algum leitor encontrar algo, favor enviar-me.

Tenho certeza que não sonhei. Na época, eu me correspondia com uma amiga sabra e muito discutimos o assunto. “Nós não podíamos permitir que o avião se aproximasse de Dimona” – me respondia. Mas não existe rádio? Não podiam interpelar o piloto? Ela era inflexível: “Dimona, não”.

O episódio ficou por isso mesmo. Perguntei por que Israel não admitia já ter a bomba. “É melhor que paire a dúvida”. Alegava que Israel, dada a proximidade de seus inimigos, não podia usar armas nucleares. “E se eles suspeitam que temos a bomba, também suspeitam que Israel está disposta a morrer para defender-se”.

A frota atacada nesta semana não desviaria de rota. Constituía óbvia provocação. Transportava, pelo que os jornais noticiam, apparatchiks de todos os quadrantes. Claro que não iam manifestar apoio aos israelenses que são sistematicamente bombardeados pelos terroristas palestinos. Dirigiam-se a Israel para oferecer apoio aos terroristas que bombardeiam os palestinos.

O Brasil, canhestramente, tomou a defesa dos ativistas. Nada de espantar, depois de roçar-se em Ahmadnejad. O Apedeuta, em seus delírios de ser secretário da ONU, está assumindo uma nova personalidade, a de Peacemaker. E afundando o país num mar de ridículo ante o Primeiro Mundo.