¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, junho 18, 2010
 
ROTINA


Passei há pouco em meu fornecedor de vinhos. Estava na fila do caixa quando observei algo estranho. A moça esvaziava a caixa de moedas e as punha num saco de plástico que alguém segurava. À primeira vista, me pareceu que era alguém que vinha buscar troco. À minha frente, estava o entregador da loja, que entregou seu relógio ao fulano que recolhia as moedas. Bom, aí a coisa mudava de figura.

Tudo continuou igual na rotina da fila. Perguntei ao entregador: que houve? Como se fosse a coisa mais normal do mundo, me respondeu: um assalto. E todo mundo continuou trabalhando. Interroguei a caixa. “Ele me enfiou um revólver na barriga. Entreguei tudo”.

Quase sem que eu percebesse, ocorrera um assalto à minha frente. Eram dois, os assaltantes. Saíram caminhando pela rua, com a tranqüilidade dos justos.

Polícia? Não há polícia. A polícia está mais preocupada com a segurança das favelas. Não com a segurança de quem paga impostos.

Mas vai ser pé-de-chinelo assim no inferno. Ladrão que se preocupa em roubar moedas avilta a profissão.