¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, agosto 27, 2010
 
MAU NÃO PODE SER NEGRO,
NEGRO SÓ PODE SER BOM



Essa agora! Leio no Estadão que, em 2002, uma professora da 2.ª série do ensino fundamental da escola estadual Francisco de Assis, no Ipiranga, em São Paulo, passou uma atividade baseada no texto Uma Família Colorida, escrito por uma ex-aluna do colégio. Na redação, cada personagem era representado por uma cor. O "homem mau" da história, que tentava roubar as crianças da família, era negro.

Por tais razões, o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o governo do Estado a pagar uma indenização de R$ 20,4 mil por danos morais à família de um estudante. Depois da atividade, o garoto, que é negro e na época tinha 7 anos, passou a apresentar problemas de relacionamento e queda na produtividade escolar. O menino, que não teve a identidade divulgada, acabou sendo transferido de colégio. Laudos técnicos apontam que ele desenvolveu um quadro de fobia em relação ao ambiente escolar.

A Procuradoria-Geral do Estado informou que ainda não sabe se vai recorrer da decisão. Durante o julgamento, a secretaria alegou que não houve má-fé ou dolo na ação da professora, mas o juiz entendeu que ainda assim se configurou uma situação de racismo. E se o “homem mau” da história fosse branco? Claro que não configuraria racismo. Racismo só existe contra negro. Contra branco, não há racismo nunca.

Acontece que de alguma cor o “homem mau” há de ser. Podia ser – isto é, teria obrigatoriamente de ser – ou branco ou preto ou amarelo. Verde ou azul é que não seria. As páginas dos jornais estão cheias de homens maus de todas as cores. A decisão do juiz abre portas à censura das notícias policiais, tanto na imprensa escrita como televisiva.

Mais um pouco e não se poderá dizer que os negros africanos vendiam escravos negros para os brancos europeus. Nem que o herói dos movimentos negros, Zumbi de Palmares, tinha escravos. Nem que os bugres costumam enterrar vivas as crianças indesejadas, afinal os meninos negros – ou índios - nas escolas poderiam apresentar problemas de relacionamento e queda na produtividade escolar. Os assassinos de Eliza Samudio e Mércia Nakashima não poderiam ser denunciados. São negros.

Mais dia menos dia, chegaremos à covarde condição da imprensa européia, que não divulga a etnia ou país dos criminosos quando estes são árabes ou africanos.