¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, setembro 21, 2010
 
IMPRENSA FRANCESA
PERDEU A VERGONHA


Comentei há dois dias: leitora me alerta que não foi só o Le Monde que publicou um suplemento endeusando Lula e seu governo. O argentino El Clarín também fez o mesmo. E se há suplementos laudatórios em um jornal francês e outro argentino, nestas vésperas de eleição, certamente surgirão outros até outubro.

Não deu outra. Hoje, o jornal francês Le Figaro, em reportagem de capa, afirma que Lula foi o presidente responsável por "modernizar o Brasil". Não consegui acessar o texto, o site é reservado para assinantes do jornal. Só tive acesso ao lead. Recorro então a um resumo feito pelo Estadão. O texto é assinado pela correspondente do jornal no Rio de Janeiro, Lamia Oualalou.

A reportagem conta a história de Ricardo Mendonça, paraibano de Itatuba que se mudou para o Rio de Janeiro à busca de emprego em 2003 e conseguiu entrar na universidade graças a uma bolsa do programa Pro-Uni, do governo federal. O jornal atribui o sucesso de Mendonça às políticas do governo Lula.

"Histórias como esta de Ricardo o Brasil registra aos milhões. A três meses do fim do seu segundo mandato, este é um país mudado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixará ao seu sucessor", escreve o Le Figaro.

Barbudo onipresente

O jornal diz que quando Lula chegou ao poder, em 2003, o Brasil era um país sem "grandes esperanças" que havia finalmente dado uma chance a um "turbulento barbudo onipresente na cena eleitoral deste o restabelecimento da democracia". O Le Figaro destaca que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu combater a hiperinflação com o Plano Real, mas que se tornou "muito impopular" antes de deixar o poder em 2002.

Citando analistas políticos brasileiros, o jornal diz que Lula foi responsável por ampliar políticas sociais do governo anterior. "O chefe de Estado reagrupou algumas medidas sociais do seu antecessor e às deu uma dimensão inimaginável", diz a reportagem do jornal.

"Pela primeira vez na história, o Brasil assiste a uma redução continua e inédita das desigualdades. Em dois mandatos, 24 milhões de brasileiros saíram da miséria e 31 milhões entraram para a classe média."


E por aí vai. Menção nenhuma à quadrilha do mensalão, chefiada por seu então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Nada sobre a quebra de sigilo bancário de um humilde caseiro, o Francenildo, por um outro de seus ministros, Antonio Palloci. Nada sobre dólares na cueca. Nada sobre a aliança com corruptos notórios como José Sarney e Fernando Collor de Mello.

Muito menos aos constantes ataques à imprensa feitos por Lula, que quer os jornais subjugados à vontade do governo. Nenhuma palavrinha ao tráfico de influência e nepotismo imperantes na Casa Civil, cuja ministra instituiu uma bolsa-família para seu marido, sobrinho, filhos e amigos dos filhos. Nada sobre a candidata à Presidência, Dilma Roussef, que indicou a ministra corrupta para o cargo e hoje releva todos seus crimes.

Falta de informação da correspondente no Rio de Janeiro? Duvido. É de supor-se que um correspondente leia os jornais do país que cobre. Ora, a imprensa não passa dia sem noticiar um caso de corrupção no governo Lula. A única hipótese que resta é que o Planalto comprou mais um jornal em Paris.

Se comprou mais um jornal francês, terá comprado outros mundo afora. Na França, falta ainda comprar o Libé e o Nouvel Obs. Basta esperar para ver.