¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, setembro 24, 2010
 
UFSC CRIA CURSO
RUMO AO INÚTIL



Ainda há pouco eu comentava o projeto da Câmara Municipal de Porto Alegre que torna obrigatório o ensino do Holocausto na rede pública da cidade. O que a notícia não dizia é se será ou não uma disciplina, a ser desenvolvida durante o ano letivo. Pelo jeito, é. Afirmei então que o mais importante seria estudar o comunismo, doutrina que dominou o século passado e fez não seis milhões de cadáveres, mas cem milhões.
Nada como um dia depois do outro neste Brasil incrível. De mãos amigas, recebo esta notícia do Jornal da Ciência, órgão da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência:

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Secretaria de Estado da Educação (SED) lançaram edital para um curso de graduação em licenciatura indígena (Guarani, Kaingang e Xokleng), voltado aos povos do Sul da Mata Atlântica
O projeto é financiado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

A prova será composta de 20 questões objetivas de Conhecimentos Gerais, dez de Língua Portuguesa e uma redação em Língua Indígena. Para 2011 serão oferecidas 120 vagas, divididas em 40 para cada uma das três etnias. O curso terá duração de quatro anos, totalizando 3.348 horas/aula.


Quatro anos para estudar culturas que não interessam. Enfim, até podem interessar, como curiosidade. Mas a UFSC não tem curso algum específico sobre cultura grega ou romana que, estas sim, formataram nossa história. Embora tenha, é verdade, em seu curso de Filosofia, uma ementa intitulada História da Filosofia Catarinense. Os catarinenses nunca tiveram um filósofo sequer. Mas pretendem ter uma história da Filosofia. A universidade agora formará especialistas em culturas que, apesar de milênios de existência, sequer descobriram a roda e muito menos escaparam de uma cultura ágrafa.

Como não existe mercado algum para a nova profissão, naturalmente será necessário criar cargos para absorver os novos acadêmicos. Quem vai marchar? O contribuinte, como sempre. Pois nenhuma empresa privada se interessará pelos especialistas em tribos guarani, kaingang ou xokleng. Serão criadas carreiras para um novo tipo de aspone, as de assessores de assuntos indígenas, ou algo no estilo.

Imagine o leitor se a moda pega. Existem mais de duzentas tribos no Brasil. O que renderia pelo menos mais duzentos cursos universitários. Que tem um indígena a ensinar a alguém? Os gregos ou romanos, continuam nos ensinando há mais de dois milênios. Mas este ensino parece pouco interessar à universidade brasileira.

Enquanto a USP está cogitando de encerrar cursos que se revelaram inúteis, a brava UFSC está criando um curso rumo ao inútil. Quer reativar línguas moribundas, que só servem para isolar os gatos pingados oriundos de tribos mortas e impedi-los de se integrarem à sociedade contemporânea.

Vai mal a universidade barriga-verde.