¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, outubro 17, 2010
 
SOBRE O SEGUNDO TURNO


Me envia o leitor Eugenio Bezerra, de Jaboatão dos Guararapes/PE:



PARASITAS

Guerra Junqueiro


No meio duma feira, uns poucos de palhaços
andavam a mostrar, em cima dum jumento
um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,
aborto que lhes dava um grande rendimento.

Os magros histriôes, hipócritas, devassos,
exploravam assim a flor do sentimento,
e o monstro arregalava os grandes olhos baços,
uns olhos sem calor e sem entendimento.

E toda a gente deu esmola aos tais ciganos:
Deram esmola até mendigos quase nus.
E eu, ao ver este quadro, apóstolos romanos,

eu lembrei-me de vós, funâmbulos da cruz,
que andais pelo universo, há mil e tantos anos,
exibindo, explorando o corpo de Jesus.