¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

Powered by Blogger

 Subscribe in a reader

sexta-feira, janeiro 28, 2011
 
VELHO COMUNISTA JUDEU
SE SENTE EM CASA NO
CONTINENTE PUÑETERO



Escrevia há pouco que o marxismo – se é que estou bem informado – já estava morto. Leitores me enviaram programas de cursos de universidades brasileiras que, em vez de dissecar o cadáver, celebravam a múmia. Pior ainda, universidades privadas. O capital celebrando a filosofia inimiga.

Vanderlei Vazelesk me envia notícias de outro evento universitário, realizado em 2008, pela Fundação Padre Albino (Catanduva-SP) , o Congresso Brasileiro de Marxismo e Direito.

Em 30 de agosto de 2008, nas dependências do Curso de Direito das Faculdades Integradas Padre Albino, “campus” I, Catanduva-SP, deu-se o Congresso Brasileiro de Marxismo e Direito. Com organização dos professores Alysson Leandro Barbate Mascaro, Coordenador do Curso de Direito, e Camilo Onoda Luiz Caldas, Coordenador de Trabalho de Curso e de Pesquisa do Curso de Direito, o congresso contou, ainda, com a presença do professor Márcio Bilharinho Naves, professor da UNICAMP, e um dos mais ilustres juristas marxistas do Brasil.

O Curso de Direito das Faculdades Integradas Padre Albino tem se destacado no cenário pedagógico nacional por conta da veiculação de debates relevantes à questão cidadã e democrática brasileira. Mas não somente: atividades de extensão, com benefícios para a comunidade catanduvense, pesquisas científicas de relevante interesse local, debates semanais com grupos de alunos têm feito da faculdade de direito um centro de referência do pensamento crítico e progressista no Estado de São Paulo.

Iniciando-se os trabalhos, deram-se duas Conferências Magnas. A primeira, logo às 9 horas da manhã de sábado, contou com as contagiantes palavras do professor Alysson Mascaro, discorrendo sobre o panorama no marxismo jurídico e suas perspectivas para o século XXI. O professor Alysson é graduado em Direito, Doutor e Livre-Docente em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo. Trata-se, inclusive, de um dos mais jovens doutores e livre-docentes por aquela prestigiada universidade. Atualmente é Professor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Coordenador de Graduação do Curso de Direito das Faculdades Integradas Padre Albino.

Em seguida, a segunda Conferência Magna fora promovida pelo professor Márcio Naves. Explanando sobre o direito no pensamento de Karl Marx, o público calou-se diante de figura tão modesta nos gestos, todavia dotada de um profundo domínio do marxismo e sua perspectiva jurídica. Pesquisador do marxismo jurídico desde a década de 70, o professor Márcio Naves possui graduação em Direito pela Universidade de São Paulo, mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas. No momento, é docente do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

Após as conferências magnas, o professor Camilo Onoda Luis Caldas, teceu suas considerações sobre democracia, cidadania e revolução na perspectiva do marxismo jurídico. Alunos, convidados e comunidade catanduvense entusiasmaram-se com as contradições sociais apontadas pelo jovem professor. O professor Camilo também graduado e mestre em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, e em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), lecionando no Curso de Direito das Faculdades Integradas da Fundação Padre Albino e na Universidade São Judas Tadeu, é também editor da Revista Direito e Sociedade e colunista político.

Ainda pelo período matutino, adentrou-se no marxismo jurídico soviético.


Etc, etc, etc. Por aí vai. Não vou me alongar na transcrição do catecismo. Ainda há pouco, eu dizia que a universidade brasileira é a vanguarda do obscurantismo. Não é de hoje. O marxismo foi introduzido no Brasil pela universidade mais antiga do país e que se pretende a melhor entre as demais, a USP. Se a melhor entre as demais começa sua existência, lá nos anos 30, propalando as virtudes de uma filosofia totalitária, podemos ter uma pálida idéia do que oferecem as demais universidades.

Estou falando, é claro, das ditas Ciências Humanas. Pois não é fácil vender marxismo em cursos de medicina, engenharia ou matemática. Não por acaso, a doutrina morta no século passado viceja ainda com gosto nos cursos de direito, filosofia, sociologia, letras, jornalismo.

Os países que sofreram o comunismo já enterraram Marx com gosto. Restam alguns saudosistas de Stalin na Rússia, é verdade. Mas os monumentos ao Paizinho dos Povos foram demolidos onde existiam. As homenagens a Lênin, também. A Europa de cá, que não sofreu a opressão do marxismo, reagiu com lerdeza ao desmoronamento da URSS. Até Fidel Castro e Che Guevara já foram jogados na famosa lata de lixo da História.

Restou a América Latina. Este “continente puñetero”, como dizia Alejo Carpentier (ou talvez Roa Bastos, agora não lembro). Le fonds de l'air est rouge - diziam os bobalhões de 68 em Paris. Chez nous, mais de quatro décadas depois, o fundo do ar continua vermelho. Não por acaso, uma velha cortesã européia, Eric Hobsbawm, declarou recentemente ao The Guardian, que “ideologicamente, hoje me sinto mais em casa na América Latina. É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem - a dos séculos 19 e 20, de socialismo, comunismo e marxismo”.

Em pleno século XXI, após a queda do muro, o desmoronamento da União Soviética e a derrocada do comunismo, o historiador judeu gaba-se de uma filosofia totalitária do século XIX. Desprestigiado na Europa, usa a mesma estratégia dos grupos de rock, que não conseguem mais faturar no Velho Continente e buscam grana no continente puñetero.

Árvore que nasce torta, não tem jeito, morre torta. O grande problema da universidade brasileira é essa velharada comunista que ainda não morreu e não consegue admitir que seus livros, teses e ensaios viraram lixo. É muito difícil, para um velho, admitir que sua vida sempre se pautou pelo erro. Melhor manter a bicicleta andando e transmitir o erro às gerações futuras.

Normal que um velho comunista, cuja filosofia demonstrou ser um fracasso, se sinta bem neste continente.