¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, fevereiro 13, 2011
 
AINDA AS ÓPERAS


Do Rodrigo Figueiredo, recebo:

Prezado Janer,

leio sua coluna e percebo o tom diminutivo sobre o assunto em questão. Parece-me que nesse caso você se engana. A coleção é perfeitamente balanceada e procedente. Várias gravações com elencos e maestros importantes que podem dar uma boa idéia do que é boa ópera ao público brasileiro, em geral ignorante sobre isso. O argumento CD x DVD é pouco relevante, ainda mais se considerando o preço tão favorável que os volumes estão sendo oferecidos. O fato de constar uma ou outra ópera desconhecida, como Manlio de Vvaldi, não tira o mérito do conjunto.

Eu até esperava pior, mas é um trabalho bastante útil e honesto. São gravações não tão recentes, provavelmente com direitos autorais menos custosos, mas nem por isso irrelevantes. Não creio que mereça a crítica que você faz. Mozart está perfeitamente representado com Nozze e Zauberfloete, dois aspectos diferentes do estilo dele. Don Giovanni é importante, mas, não absolutamente imprescindível em uma mera amostra de 25 itens. Wagner está corretamente representado. Muito poucos no Brasil saberão talvez qual a importância de Moedl como soprano wagneriano.

As óperas que você cita como imprescindíveis não o são necessariamente na produção dos respectivos compositores. Não que não sejam belas óperas e eu também gosto de todas elas, mas, certamente Nabuco não é mais importante do que Don Carlo, Simon, Otelo, Macbeth ou Falstaff. Isso sim se poderia dizer, não há nada do período final de Verdi, mas, não é um impactante tão sério.

Você se engana também quanto a Fidelio. De fato Beethoven nunca se interessou muito pelo gênero, nem Fidelio é o que ele fez de melhor. Pode não lhe agradar, nem me agrada também, mas não é pouco conhecida. Tem sido regularmente apresentada e a grande maioria dos tenores dramáticos, ou mesmo wagnerianos, tem o papel no seu repertório, dada sua importância no período.


Não, meu caro Rodrigo, não me desagrada a proposta da Folha. Posso até ter alguma restrição à seleção, isso depende de gosto. Entendo o argumento dos custos de direito de autor. Mas é óbvio que DVD seria melhor. Se a época nos permite ter uma ópera encenada dentro de casa, não vejo porque apenas ouvi-la.

Certo, há interpretações que não estão em DVD e que farão falta a um melômano exigente. Mas a coleção da Folha, a meu ver, é dirigida ao grande público, tanto que é distribuída nas bancas. Não vejo o preço de um DVD como empecilho para quem curte o gênero. Uma das Carmens que comprei recentemente em Paris, da Royal Opera House, custou uma bagatela, 15 euros. 33 reais. A belíssima versão do Francesco Rosi, 20 euros. 45 reais. Argent de poche para os cultores do bel canto.

Nestes dias de rock, tal iniciativa só merece louvores. Mesmo assim, sou mais DVD. E bato pé: Don Giovanni não pode faltar em nenhuma antologia.

Last but not least, mais uma dica do Rodrigo:

Se você quiser desfrutar disso e indicar para seus leitores, existe uma infinidade de radios transmitindo hoje na internet. Todas as rádios européias e americanas especializadas em música clássica transmitem com qualidade bastante razoável (havendo interesse, passo uma lista). Particularmente no que diz respeito a ópera, existe uma rádio em São Francisco que transmite 24 horas produções integrais.

http://www.1.fm/Station/opera/Default.aspx

Além disso uma outra fonte útil é http://www.operacast.com, que compila para a semana o que está sendo transmitido de ópera mundo afora diariamente.



Naturalmente que as vezes não se tem bom som no computador, mas um fone de ouvido resolve e hoje os de razoável qualidade não custam tanto. Ou então existem pequenos aparelhos, chamados de radios Internet, que se acoplam ao stereo e se comunicam com o computador ou mesmo diretamente com o roteador da conexão com a Internet.