¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, março 27, 2011
 
AINDA SOBRE ILHA DAS FLORES,
O EMBUSTE DE JORGE FURTADO



Comentei há pouco o premiado embuste zdanovista de Jorge Furtado, o curta Ilha das Flores. O leitor Ivan Ferraz me remete a um artigo de 2009, assinado por Carlos Alberto Soares.

A VERDADE SOBRE ILHA DAS FLORES

Em recente reapresentação pela RBSTV, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul, o filme Ilha das Flores, do diretor Jorge Furtado, a passos de completar vinte anos de sua criação, ainda traz uma polêmica a ser discutida sobre suas verdades. Mostrando o ciclo do tomate desde o cultivo, até a troca por dinheiro e a chegada à mesa do consumidor e o seu descarte, indo parar no lixão da Ilha dos Marinheiros, e não na Ilha das Flores (pelo menos essa menção de lugar o diretor frisou bem ao final da apresentação). A Ilha das Flores e a Ilha dos Marinheiros situam-se nas proximidades de Porto Alegre e são banhadas pelo Rio Guaíba, que principalmente em época de chuvas torrenciais eleva o seu nível, causando transtorno a uma população sofrida.

O filme, além de ter fotografias e imagens de péssima qualidade, foi agraciado com vários prêmios. Os moradores carentes da região serviram ao propósito do diretor – na verdade foram enganados, pois não sabiam que iriam servir de chacota internacional. A montagem das imagens foi sugerida pela direção e não retrata ao todo uma realidade. Existem, sim, catadores de materiais recicláveis, pessoas que com autorização da administração do lixão buscam o alimento que os supermercados e o Ceasa descartam, mas que são separados e podem ser reaproveitados para essa finalidade.

Nos descartes também vão frutas, legumes em perfeito estado de conservação, que por descuido dos trabalhadores vão parar no lixo. Alguém os separa, deixando-os livres para que aquela população faça uso. O filme quer mostrar que os tomates, os alimentos retirados do lixão, são os que os porcos rejeitam! Mentira! Os porcos não rejeitam tomates nem alimentos podres! Além do mais, as pessoas que serviram de figurantes e que vivem dentro de uma realidade de pobreza tiveram conotações desprezíveis, com seus intelectos abaixo dos porcos.

Em resumo: o filme destaca que tudo é verdade e inicia dizendo que "Deus não existe". Isso é uma questão de opinião do diretor. A verdade é que Jorge Furtado continua ganhando dinheiro com esse filme de péssima qualidade técnica e coloca o porco acima do ser humano que vive nessa região. Essa região é o Brasil que, visto lá de fora, não possui intelecto acentuado.

Fica aqui, meu pedido de perdão a todos os que participaram do filme (muitos já se foram) e foram usados pela hipocrisia em nome da arte cinematográfica. Convite! Visitem A Ilha das Flores, a Ilha dos Marinheiros, e conheçam suas verdades.

Carlos Alberto Soares - Cal55