¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, junho 29, 2011
 
BRASIL PAGA DISTRIBUIDORES
NO EXTERIOR PARA EXIBIREM
ABACAXIS DO CINEMA NACIONAL



Quem me acompanha sabe que há mais de trinta anos não vejo cinema nacional. O último filme brasileiro, eu o vi no Festival de Cartago, Tunísia, no final dos anos 70. E isso porque fui levado até a sala, mais ou menos manu militari, pelo diretor. Uma das razões é que não gosto da estética dos cineastas tupiniquins. São filmes com profunda marcação teatral e não suporto teatro no cinema. Pela mesma razão, mantenho distância do cinema francês.

Mas isto não é o que mais me afasta do cinema nacional. Como quase todas as artes plásticas, vive de renúncia fiscal. Renúncia fiscal é o seguinte: a Fazenda aceita que empresas deixem de pagar o imposto devido desde que subsidiem as tais de “artes”. No fundo, quem paga é você. Porque o Fisco, se é generoso com o artista, de algum lugar terá de obter receita para repor sua generosidade. Esse lugar é nosso bolso. Ora, se eu financio a feitura de um filme, quero assisti-lo de graça. Com uma limusine enviada pela produção para me buscar em casa.

Considero um desaforo alguém financiar um filme e depois ter de pagar para vê-lo. Enfim, cada um faz o que bem entender com seu dinheiro. Mas sou muito cioso do meu, jamais o entregaria a escroques. Obviamente, tenho um conceito nada louvável das pessoas que caem nesse conto do vigário.

Não bastasse o contribuinte financiar a produção de filmes no Brasil, passou agora a financiar sua exibição no estrangeiro. Leio hoje na Folha de São Paulo que dez filmes ganharam verba para serem lançados no Exterior. O programa Cinema do Brasil distribui US$ 250 mil por ano para promover produções brasileiras. Mas o dinheiro não vai para os produtores e sim para os distribuidores. Nos últimos dois anos, vinte filmes brasileiros receberam apoio institucional para viajar.

Segundo a notícia, Os Famosos e os Duendes da Morte (2009), longa-metragem de estréia de Esmir Filho, foi lançado, no ano passado, em dez salas de cinema do país. Você ouviu falar deste filme? Certamente não. Foi visto, de acordo com dados da Ancine (Agência Nacional de Cinema), por 7.800 gatos-pingados. Elogiado pela crítica e premiado em festivais, Os Famosos e os Duendes da Morte faz parte daquele grupo de filmes que, a despeito de suas qualidades, sofre para conseguir cavar espaço no mercado de exibição, que é formatado para produções de outro feitio - leia-se aqueles "comerciais".

Traduzindo: o filme mal conseguiu reunir alguns espectadores e agora será exibido no Exterior. Conseguiu ser lançado na França, em Portugal e no Japão. O diretor poderá acrescentar em seu currículo que sua “obra” foi um sucesso em Paris, Lisboa e Tóquio. Resta saber se alguém foi assistir. Pode ser que as salas tenham permanecido vazias. Mas o filme foi exibido. Com sua generosa contribuição, caro contribuinte.

Neste ano, segundo a notícia, o programa vai apoiar o lançamento de Tropa de Elite 2 na Polônia, de Nosso Lar na África do Sul, de Trabalhar Cansa na França, de As Mães de Chico Xavier no Chile, de Diário de Uma Busca na França e de A Marcha da Vida nos Estados Unidos. Mas Tropa de Elite e As Mães de Chico Xavier não eram sucessos de bilheteria no Brasil? Por que precisam de esmola estatal na Polônia e no Chile?

Cineastas, gente de teatro e até mesmo escritores são hoje pedintes que vivem da caridade pública. Não é ilegal. Mas é imoral. Estes subsídios podem não estar tipificados como corrupção em nossas leis. Mas são corrupção. A eles só têm acesso os amigos do Rei. Ai do “artista” que um dia tiver proferido uma palavrinha contra o santo nome do PT. Esses mendigos indecorosos, que posam de criadores e são caitituados pela mídia, merecem no fundo a execração de qualquer cidadão cioso de seu dinheiro.

O comunismo pode ter desmoronado na União Soviética e Leste europeu. No Brasil persiste uma antiga prática soviética, a de subvencionar as prostitutas que se curvam ante o poder.