¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, junho 14, 2011
 
PECUNIA NON OLET


Do Paulo Augustus, recebo:

Caro Janer,

por uma dessas grandes coincidências que acontecem mais amiúde do que pensamos, teorizada pelos cálculos de probabilidades da Matemática, ou também por espiritualistas que acreditam "que nada ocorre por acaso", ou mesmo aqueles que creem em sincronicidade, estou a presente lendo essa obra de Suetônio citada em seu texto. O mais engraçado é que estou na parte final do livro, e justamente esta manhã estava no capítulo dedicado a Vespasiano. Tido como um bom governante, sob os parâmetros daquela época, ainda por cima se considerarmos que os anteriores foram Nero, e depois Galba, Óton e Vitélio (no que ficou conhecido como o ano dos 4 imperadores), embora um ávido tributador (além do imposto urinário, restabeleceu outros em desuso e aumentou o valor de outros).

Nessa passagem, ao ouvir as reclamaçõs do filho, Vespasiano dando-lhe uma moeda pergunta se sente o cheiro de urina. O filho diz que não. Logo, Vespasiano exclama: "não cheira!".

O curioso é que justamente coisa de uns 3 meses atrás estava tendo aula de Direito Tributário num curso, e o professor citou essa passagem ao referir-se que o Fisco deve ir atrás de toda sonegação, mesmo sendo de tráfico, contrabando ou outro negócio ilegal, imoral ou, para alguns, repugnante, como o comércio da prostituição. Assim sendo, caso seja ilegal uma atividade, o infrator também deverá responder por sonegação, uma vez que ao Fisco não cabe julgar a origem do dinheiro, e sim taxá-lo e recolher sua parte.

E a frase é essa mesma, que se configura num princípio do Direito Tributário: Pecunia non olet.

Quanto ao senhor Walter Fanganiello Maierovitch, também já li algumas de suas colunas no Portal Terra. Aos poucos fui percebendo que como bom egresso da carreira jurídica, tem um ar de professor de Deus, conhecendo todas as verdades e possuidor de grande virtude e moral.

Alguns sinais já indicam tais pretensões: a começar por assinar suas colunas com seus dois sobrenomes pomposos e o seu "breve" currículo que frisa tantas ocupações para uma pessoa só. Parece que o senhor Maierovitch tem uma certa dificuldade com línguas estrangeiras. Outra vez no ano passado, comentando e julgando a vida íntima da primeira-dama Carla Bruni, fez alguma citação em francês gramaticalmente incorreta. Doutra oportunidade, errou a ortografia de uma palavra italiana.

Enfim, nada que qualquer reles mortal não possa cometer uma que outra vez. O que intriga é que ele gosta de ousar em outras línguas mesmo não as dominando como deixa a entender em seus textos. Confessar ignorância sobre certos assuntos não é feio; o problema é ter empáfia de pensar que sabe tudo sem mesmo fazer averiguações para ter certeza do que escreve.

Abraços

Paulo

PS: voltando a essa estupenda obra de Suetônio, ao ver os jogos de poder, relações políticas promíscuas entre senadores e imperadores, confabulações, corrupção, etc; e também ao lermos a letra de Cambalache, ficamos com a triste sensação de que o ser humano é torto por natureza, e ao mesmo tempo aliviados ao constatarmos que nossos tempos não são piores que outros, como dira a letra: "que el mundo fue y será una porquería, ya lo sé".


Pois, Paulo, confesso que me espanta ver um profissional da área jurídica, que ostenta tantos títulos, proferir uma bobagem deste quilate. Sem falar que ele não nasceu ontem. Me espanta mais ainda ver este senhor assinando colunas em jornais. Fosse eu editor, já estaria na rua.