¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, julho 23, 2011
 
QUANDO DR. LULA FALA
O MUNDO SE ILUMINA



Lula recebeu ontem no teatro Santa Isabel, em Recife, o título de Dr. Honoris Causa, conferido por três universidades pernambucanas, a Universidade Federal de Pernambuco (UFP), a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade de Pernambuco (UPE). Três vezes doutor. O título é atribuído à personalidade que se tenha distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.

Ao receber o título, o Supremo Apedeuta recebeu também a samarra e o capelo. A samarra vermelha, em alusão à área de Ciências Humanas, cujo centro na UFPE propôs a homenagem. O capelo é o chapéu privativo do reitor, do vice-reitor, dos Professores Eméritos e dos Doutores Honoris Causa. O reitor usa o capelo branco, representando o poder temporal (analogia com a coroa real) e também a samarra branca. E o ex-presidente usará capelo vermelho, compondo o traje com a cor das Ciências Humanas.

Leitores me escrevem, espantados com o evento. Nada de novo sob o sol. Em março passado, Lula recebeu o mesmo título da Universidade de Coimbra. Era de se esperar. Em dezembro de 1989, no jornal A Notícia, de Joinville, muito antes de Lula eleger-se presidente, eu já anunciava seu doutorado: “Queremos construir uma sociedade de classe média, declarava o Dr. Lula no domingo passado”.

Ora, o diploma Honoris Causa só serve para enfeitar cartão de visita e não confere nenhuma capacitação acadêmica a seu portador. É uma das instituições mais desmoralizadas do universo universitário e não raro é concedido a criminosos e vigaristas. Nos anos 90, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) concedeu o título a Fidel Ruz Castro, o tiranete caribenho. Este senhor, todos conhecemos.

Um outro Honoris Causa menos conhecido é o Dr. Raoni Metuktire. Se alguém não lembra, Raoni é aquele cacique que, nos anos 80, exibia orgulhosamente aos jornais a borduna com que matou onze peões de uma fazenda. Não só permaneceu impune, totalmente alheio à legislação brasileira, como foi recebido com honras de chefe de Estado na Europa. O papa João Paulo II, François Mitterrand e os reis da Espanha, entre outros, o receberam como líder indígena. Raoni, com seus belfos, se deu inclusive ao luxo de expor sua pintura em Paris. Um dos quadros do assassino atingiu US$ 1.600 em uma lista de preços que começava a partir de mil dólares.

Em 2008, Raoni recebeu o título de Dr. Honoris Causa pela UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso). Isso de universidades homenagearem assassinos está virando praxe acadêmica.

Ou vigaristas. Como Darcy Ribeiro, o grande escroque acadêmico, que se gabava de ter um diploma de Dr. Honoris Causa pela Sorbonne. O senador monoglota sequer sabia por qual universidade foi titulado. O Honoris Causa, Darcy o recebeu em 1978, quando não mais existia a Sorbonne. O diploma foi conferido pela Universidade de Paris VII e entregue em uma sala do prédio da antiga Sorbonne, o que é muito diferente.

Darcy Ribeiro, em prosa e verso cantado pelas esquerdas, foi antes de tudo um caso de polícia. Já escrevi sobre o vigarista. Além de gabar-se de ser monoglota, exibia como titulação universitária um diploma da Escola de Sociologia e Política, de São Paulo, curso que jamais foi reconhecido pelo Ministério de Educação e Cultura. Em seu currículo enviado ao Senado, espertamente se intitulou etnólogo, ofício que, como o de antropólogo, prostituta ou psicanalista, ainda não foi regulamentado no Brasil. Gozou de três aposentadorias federais, uma delas pela Universidade de Brasília, com a qual jamais teve vínculo de emprego. Sua carreira é a de um escroc acadêmico.

Não bastasse isto, dizia ter fundado a Universidade de Brasília. Não fundou. Nem nela lecionou, embora tenha por ela se aposentado. Segundo o Dr. José Carlos de Almeida Azevedo, ex-reitor da UnB, Darcy nela jamais teve um só aluno e foi “reintegrado” para “aposentar-se”, sem jamais ter vínculo de emprego com a universidade, já que era “requisitado”. A propósito, cito artigo do ex-reitor, publicado em 24/06/96 na Folha de São Paulo:

“Servidor do antigo SPI, hoje Funai, e da UFRJ, Darcy apareceu na comissão convocada pelo então ministro da Educação, Clovis Salgado, para cumprir determinação de JK, no sentido de “...fundar Universidade Brasília... em moldes rigorosamente modernos...”. Na comissão, presidida por Pedro Calmon, Darcy era o único que jamais havia concluído, ou iniciado, um curso superior, mas foi Reitor da UnB e ministro da Educação, poucos meses em cada lugar, sem deixar qualquer vestígio do que fez”.

Concluí o ex-reitor:

“Ao autoproclamar-se fundador e criador da UnB, beneficiando-se disso ad perpetuam, o Darcy usurpa méritos exclusivos de Juscelino Kubitschek, de seu ministro Clovis Salgado e de Anísio Teixeira, comprovados em relatório oficial do MEC e em depoimento do ministro. O primeiro mandou criar a universidade, compreendendo sua importância; o segundo criou todas as condições, e Anísio a organizou. (...) A construção, institucionalização e consolidação da UnB devem-se aos reitores Caio Benjamin Dias, Amadeu Cury e, em escala menor, a este modesto escriba, que a ela serviram, a convite exclusivo do Conselho da Fundação UnB”.

O senador monoglota dizia ainda ter fundado a Universidade Nacional de Costa Rica. Tampouco a fundou. Aliás, nem existe tal universidade. Conforme nos informa o professor Augostinus Staub, “existe, sim, a Universidade Nacional, na cidade de Herédia, criada em 1970, pelo presbítero Benjamin Nuñez Gutierrez, e não por Darcy Ribeiro”.

Para termos uma idéia da capacitação intelectual deste Honoris Causa, cito esta sua interpretação do Gênesis, que consta do livro Mestiço é que é bom (Editora Revan, Rio, 1997):

Aliás, eu preciso contar para vocês uma coisa muito interessante que eu desenvolvi ultimamente, meio literária mas muito bonita. E uma história sobre Eva, eu estive meditando sobre Eva e descobri que Eva é trotskista. É a primeira revolucionária da história. Nós devemos coisas fundamentais a Eva.

Primeiro, Eva fundou a foda. Adão era um bestão, estava lá, com aquele penduricalho dele e não sabia o que fazer. Eva disse:

- Vem cá Adãozinho.

Ele pôs dentro dela e foi aquele gozo, ele teve o orgasmo e, quando deu aquele gozo, o anjão desceu e disse:

- Deus não gosta, Deus está puto com vocês, fora!

E os pôs para fora do Paraíso. O Paraíso era uma merda, não era de matéria plástica porque não existia matéria plástica, era de papel crepom. Porque a flor é o órgão genital das plantas, fode, não poderia ter no paraíso flor fodendo. Era de papel crepom. Quando o anjão pôs eles para fora, obrigou o seguinte:

- Vamos fazer o comunismo, vamos fazer o Paraíso lá fora.

Eva também foi fazer o comunismo.


Estes são os doutores Honoris Causa que a universidade reverencia. Quanto a Lula, ninguém se surpreenda se um dia for sagrado imortal pela Academia Brasileira de Letras. Depois de Getúlio Vargas, do general Adelita, de Sarney e Paulo Coelho, nada mais surpreende.

Lula aliás já tem o aval da Dra. Marilena Chauí: “quando Lula fala o mundo se ilumina e tudo se esclarece”.