¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, janeiro 29, 2012
 
A INOCENTE AFRICANINHA E
O MALVADO BRANCO EUROPEU



Comentei, há dois dias, a fábrica de racismo inaugurada pelas esquerdas, onde o coitado do africano ou imigrante é sempre vítima e o branco europeu é sempre vilão. De Paulo Augustus, recebo:

- Janer, a propósito dessas notícias sem apuração, em que a primeira versão do crime, mesmo falsa, soa como um prato cheio para alguns ditos progressistas, lembro-me de um caso curioso ocorrido em Brasília há uns dois ou três anos.

Uma criança indígena que fora se tratar na capital foi encontrada morta na Casa do Índio no Distrito Federal. Nos dias seguintes a manchete repercutiu. No Correio Braziliense, jornalistas, articulistas e gente da Funai falou sobre o assunto. Mais um crime de ódio contra a população indígena. Foi lembrado o famoso caso do índio Galdino, queimado vivo em 1997, enquanto dormia numa parada de ônibus, por um bando de filhinhos de papai arruaceiros. Quanto a este último crime, queimar vivo qualquer pessoa é caso para punição perpétua dada a tamanha covardia e crueldade de quem o faz. No entanto, o crime não foi tratado como o assassinato de um ser humano (os garotos pensaram se tratar de um mendigo), mas sim do assassinato de um índio por homens brancos.

Quanto à criança morta na Casa do Índio, depois de uma semana de investigações, a polícia concluiu que quem matou a criança, empalada, foi a própria tia dela. Não lembro ao certo se foi por um caso de ciúme (parece que era uma tribo onde se praticava a poligamia), ou porque a criança já estava dando muito "trabalho" para a família. Você sabe, para índio, criança doente não presta. Pois bem, assim que a Polícia chegou à conclusão, calaram-se todos aqueles que espernearam e acusaram mais um crime de ódio perpetrado pelo homem branco da cidade. Pelo que me lembro, essa tia nem a julgamento foi. Retornou à sua aldeia e não se falou mais da história.


Bom, isso me lembra um caso semelhante ocorrido em São Paulo. Segundo os jornais, um skinhead andava pichando muros na cidade, com slogans contra nordestinos. Quando o prenderam, foi identificado como nordestino. Sumiu dos jornais. Não se falou mais no assunto. Mas Paulo me envia uma pérola, da jornalista Ruth de Aquino, da revista Época, sobre a affaire DSK. Vamos ao texto, datado de 20/05/2011.

Ela jamais sonhou com a fama. No espaço de uma vida, não se tornaria uma celebridade nem em seu bairro, o Bronx – quanto mais no mundo. Africana, muçulmana, mãe de uma adolescente, a camareira de 32 anos que limpava as suítes do Sofitel em Nova York já achava seu green card um privilégio. Pelas fotos divulgadas na internet, não é especialmente bonita. Mas, para brancos poderosos e prepotentes, reúne qualidades de sedução particulares: é jeitosa, negra e faxineira. Nunca denunciaria um ataque sexual. Conhece seu lugar.

Nafissatou Diallo é o nome da camareira que derrubou o francês Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor-gerente do FMI e pré-candidato socialista à Presidência na França. Algemado e com a cara de tédio típica dos parisienses, DSK deixou pelos fundos o palco das finanças e da política. Ele se diz inocente. Mas, pelo encontro casual com Nafissatou em sua suíte de US$ 3 mil, encara agora sete acusações, de crimes sexuais a cárcere privado. Seria a camareira uma arma secreta de Sarkozy, o futuro papai do bebê de Carla, para tirar do páreo um adversário perigoso?

O FMI nomeará um novo diretor, quem sabe uma diretora, se quiser evitar mulherengos. Os socialistas franceses estão escandalizados, mas na direção oposta. Criticam o abuso da polícia americana contra DSK, presumidamente culpado com base na palavra de uma empregada.

Eles são brancos e não se entendem. Existe um oceano, físico e cultural, entre os Estados Unidos e a França. A mídia francesa é leniente com os desvios na vida particular de seus políticos. Se DSK fosse denunciado por uma camareira em Paris, em nenhuma hipótese seria detido antes de ser julgado, por presunção de inocência. Nos EUA, há a presunção inicial de que a vítima fala a verdade.

Me interesso mais pela camareira do que por DSK. Vi muitos se perguntando: será que o ex-diretor do FMI, conhecido pela habilidade em negociações, seria tão idiota e tresloucado a ponto de atacar a moça ao sair nu do banheiro? Mas começam a emergir casos semelhantes de mulheres menos corajosas que a africana. A loura jornalista francesa Tristane Banon, afilhada da segunda mulher de DSK, tinha 22 anos em 2002 quando diz ter sido atacada por ele: “Parecia um chimpanzé no cio”. Kristin Davis, ex-cafetina americana, afirmou que uma prostituta brasileira a aconselhou a não mandar mais mulheres para ele: “É bruto”.

Africana e muçulmana, a mulher que derrubou Strauss-Kahn desafiou as regras dos poderosos

Nafissatou não sabia que aquele senhor de cabelos brancos era DSK. Está com medo, escondida, sob a proteção da polícia de Nova York. Queria ficar anônima, mas seu nome e fotos se espalharam. É filha de um comerciante da etnia peule – 40% da população da Guiné, na África Ocidental. Emigrou com o marido para os EUA em 1998. Separada, vive sozinha com a filha de 15 anos num conjunto popular no Bronx. Há três anos trabalha no Sofitel da Times Square. Tem fama de trabalhadora e séria. Uma prima, Mamadou Diallo, afirmou: “Ela é uma boa muçulmana. Realmente bonita, como várias mulheres peules, mas não aceitamos esse tipo de comportamento em nossa cultura. Strauss-Kahn atacou a pessoa errada”.


Vai daí que logo descobriu-se que Nafitassou era uma piranha em busca de dinheiro fácil. DSK, cuja eleição para a presidência da França eram favas mais ou menos contadas, perdeu sua reputação, seu emprego no FMI e a presidência da República. Foi inocentado, mas virou carta fora do baralho. A indignação dos jornais contra o suposto crime de DSK não se voltou contra o real crime de Nafitassou. Revelada sua falsa acusação, a imprensa mergulhou em um silêncio obsequioso.

Mais tarde, Ruth de Aquino tentou redimir-se. Caluniou em página inteira e se retratou... em uma linha.

Em tempo - Paulo Augustus corrige sua informação sobre o caso de Brasília. Não se tratava de uma criança, mas de uma adolescente de 16 anos. Dá no mesmo. Aqui, a notícia:
http://www.panoramabrasil.com.br/adolescente-india-foi-morta-pela-proria-tia,-diz-funasa-id5900.html#.TyW6dd82lws.email