¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

Powered by Blogger

 Subscribe in a reader

sexta-feira, fevereiro 17, 2012
 
INTOLERANTE E PRECONCEITUOSO
SÓ É O LOIRINHO DE OLHOS AZUIS



Faltou algo ainda sobre a mensagem da leitora que defende o Islã. A moça me acusa de preconceito e intolerância. Vamos por partes.

Preconceito é o novo palavrão que as esquerdas brandem quando criticamos os crimes e atrocidades praticadas por negros, índios, árabes e imigrantes em geral. O branco ocidental pode ser criticado com gosto. A elite branca, o loirinho de olhos azuis, é o responsável por todos os males da humanidade. Como dizia Darcy Ribeiro, a raça branca destrói tudo por onde passa. Logo Darcy Ribeiro, que só existe graças ao Ocidente branco e europeu. Confunde-se muito preconceito com pós-conceito. O exemplo mais cabal de preconceito, a meu ver, é o sofrido pelo abominável homem das neves. Por que abominável, se ninguém nunca o viu?

Eu nada tinha contra muçulmanos antes de conhecê-los. Os imigrantes árabes que chegaram ao Brasil logo se deixaram fundir neste caldeirão de culturas e pouco ligam para as prescrições de Maomé. Verdade que a situação está mudando. A Arábia dos Saud está investindo milhões de dólares na construção de mesquitas no país e na formação de mulás. O número de mulheres veladas tem aumentado sensivelmente nas grandes cidades. O trabalho dos sauditas é de proselitismo e tem atingido principalmente as mulheres. Que passam a negar a evidência. Há alguns anos, eu discutia com uma convertida que negava de pés juntos que Maomé fosse um guerreiro e que a expansão do Islã fora feita a ferro e fogo. Isto é, a moça negava a História.

Nada tinha contra os muçulmanos, dizia. Em Paris, os vi de perto e me enfronhei na cultura islâmica. São abomináveis. E o nó górdio que separa as duas civilizações, a ocidental e a muçulmana, é a mulher. Enquanto a mulher for tida como escrava de seu amo e senhor, todo e qualquer diálogo é inviável. Nenhum respeito à cultura alheia pode justificar a mutilação sexual de crianças e a redução da mulher a um fantasma embuçado, sem identidade própria. Isto não é um pré-conceito, mas um pós-conceito.

Quanto à intolerância, se um muçulmano considera as ocidentais prostitutas porque mostram o corpo, isto não é intolerância, mas recato, respeito à mulher. Se querem expulsar os cães das cidades européias, isto não é intolerância, mas respeito às palavras do Profeta. Intolerância só existe quando o Ocidente denuncia a condição escrava das muçulmanas, a excisão do clitóris e a ablação da vagina.

Em fevereiro de 2006, comentei a pretensão de países muçulmanos que queriam criar uma cláusula contra a blasfêmia nos estatutos do novo Conselho de Direitos Humanos da ONU. Os 57 países que integram a OIC (Organização da Conferência Islâmica) pediram a inclusão de um parágrafo para "prevenir casos de intolerância, discriminação, incitação ao ódio e à violência, gerados por ações contra religiões e crenças".

A blasfêmia, de pecado, infração que diz respeito a teólogos, passaria a ser crime punido pela legislação. Os muçulmanos, cujo calendário começou em 622 da era cristã, queriam nada mais nada menos que arrastar a Europa de volta à Idade Média, onde discussões sobre o destino do prepúcio de Cristo podiam levar um homem à fogueira.

Em fevereiro de 2009, os muçulmanos conseguiram oficializar esta volta à Idade Média. Naquele mês, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que condena a difamação religiosa e passa a considerar o ato como uma violação aos direitos humanos. O documento também pede que governos adotem leis protegendo as religiões de ataques. Em um tour de force, a ONU conseguiu – ou pelo menos tentou - instituir a censura à crítica das religiões no Ocidente todo.

Evidentemente, só haverá punições quando as blasfêmias se referirem ao Islã. Já que o velho deus cristão vem sendo insultado há séculos. Proibir insultos a Jeová seria proibir a edição de monumentos como Nietzsche ou Voltaire.

Coincidentemente – ou talvez nem tanto – citei há pouco os livros de Ayaan Hirsi Ali, esta menina que saiu de um clã tribal na Somália e tornou-se deputada do Parlamento holandês. Convidada a Berlim em fevereiro de 2006, a então deputada pronunciou um discurso sobre a affaire das caricaturas de Maomé, contra o islamismo e pela defesa da liberdade.

- Estou aqui para defender o direito de ofender. Tenho a convicção que esta empresa vulnerável que se chama democracia não pode existir sem livre expressão, em particular nas mídias. Os jornalistas não devem renunciar à obrigação de falar livremente, da qual são privados os homens de outros continentes.

Ao decretar a censura sobre a crítica de religiões, a ONU ignorou solenemente o acórdão Handyside, de 1976, reconhecido pela Corte Européia de Direitos do Homem. Que declara:

“A liberdade de expressão vale não apenas para as informações ou idéias acolhidas com favor, mas também para aquelas que ferem, chocam ou inquietam o Estado ou uma fração qualquer da população. Assim o querem o pluralismo, a tolerância e o espírito de abertura, sem o qual não existe sociedade democrática”.

O que a ONU propôs – e que algum países europeus começam a aceitar - é uma Idade Média total. Se na Idade Média eram proibidos apenas os livros e autores que contestavam a Igreja de Roma, a entidade agora quer a proibição de qualquer livro ou autor que conteste toda e qualquer religião.

A leitora que me cataloga como preconceituoso e intolerante tem forte respaldo na ONU. Se quisermos apoio à liberdade de expressão e a defesa da cultura européia, temos de pedir ajuda a uma refugiada somali.