¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

Powered by Blogger

 Subscribe in a reader

domingo, setembro 30, 2012
 
NÃO PEÇO TANTO


Meu caro Ramiro:

Para começar, grato por suas generosas palavras. Continuando: a Europa que adoro continua existindo. Só não sei até quando. Apesar da invasão muçulmana, ainda está lá do outro lado oceano, com sua imprensa e suas editoras, suas bibliotecas e universidades, seus cafés e restaurantes, seus templos e museus, sua gastronomia e sua arte. O Islã não quer destruir a Europa. Seria muita burrice. O Islã quer conquistar. É diferente. Os muçulmanos querem usufruir do já construído, mas submetendo os europeus a suas crenças e práticas bárbaras. Porque ao muçulmano incomoda a liberdade. Em país onde cada cidadão pensa e diz o que quer, muçulmano se sente como peixe fora d’água.

A Europa vive atualmente uma crise? Já passou por outras, e piores. Por mais intensa que seja a crise, os europeus estão longe dos dias do pós-guerra. Um continente que, em um só século, sobreviveu a duas grandes guerras, não se deixará afundar por desajustes financeiros ocasionais.

Não ignoro, nunca ignorei, as barbaridades cometidas pelo Ocidente. Não relevo as mazelas da Europa, muito menos do cristianismo. Ocorre que elas são passadas. A Europa sempre soube encontrar antídoto para seus venenos. Exorcizou tanto o nazismo como o comunismo. Mas está se entregando ao obscurantismo que emana do Corão. Este obscurantismo é presente e tende a se perpetuar com a expansão da Umma.

Jovens mulçumanos, cristãos, judeus e ateus não estão a conseguir trabalho? De fato, é um problema. Mas os jovens europeus não invadem os países árabes para matar a fome e gozar de benefícios sociais. Quando migram em busca de trabalho não pretendem impor as leis e práticas de seus países aos países que os acolhem. Há muitos europeus migrando para o Brasil nestes dias. Desconheço qualquer um que pretenda contestar as leis brasileiras. Os únicos que não a aceitam são justamente os muçulmanos que querem instaurar a censura no Brasil e pretendem que suas mulheres tirem fotos com véu em documentos de identidade.

Eles chegam mortos de fome na Europa, fugindo da miséria de seus países. Se antes o imigrante queria saber quais eram seus deveres, hoje chegam perguntando por seus direitos. Recebem trabalho, comida, assistência social, educação. E exigem o que sequer é dado a seus anfitriões. Na Finlândia, os somalis exigem professores homens. Porque um macho somali não dirige a palavra a uma mulher. Na Espanha, querem expulsar os cães das cidades. No Reino Unido, taxistas não aceitam clientes com cães. Porque o profeta não gostava de cães. Na Europa toda, querem impor suas regras de casamento, querem que suas mulheres usem véus no trabalho e na escola. Na Itália – e no Brasil – querem que elas tirem fotos para documentos... veladas. Mais ainda, querem cortar o clitóris de suas filhas.

Você diz que a questão fundamental é não matar. Diria que não. Seríamos ingênuos se pretendêssemos criar uma sociedade onde não se mata. Em 1946, em Ni victimes, ni bourreaux, Albert Camus lançava a seus contemporâneos duas questões fundamentais:

"Sim ou não, direta ou indiretamente, você quer ser assassinado ou violentado? Sim ou não, direta ou indiretamente, você quer assassinar ou violentar? Todos aqueles que responderem negativamente a estas duas questões estão automaticamente embarcados em uma série de conseqüências que devem modificar sua maneira de expor o problema".

O que Camus pedia era um mundo, não onde não se assassinasse –"não somos loucos a tal ponto!"- mas onde ao menos o assassinato não fosse legitimado. Choca-se com o fato de que todos aqueles que lutam por ideais históricos são homens cheios de boa vontade e que o resultado de sua ação seja o assassinato, a deportação e a guerra. A recusa de legitimar o assassinato deve conduzir-nos a uma reconsideração da noção de utopia.

"A utopia é o que está em contradição com a realidade. Deste ponto de vista, seria totalmente utópico querer que ninguém mate ninguém. É a utopia absoluta. Mas é uma utopia de grau bem mais viável pedir que o assassinato não mais seja legitimado". Sou adepto do amor facti nietzscheano. Aceito o mundo como ele é. Como Camus, não peço um mundo onde não se assassine, não se execute homossexuais, não se corte clitóris nem se mutilem vaginas.

Seria pedir demais. Peço apenas um mundo onde tais ignomínias não sejam justificadas.

Grande abraço!