¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, outubro 13, 2012
 
EINSTEIN OU POINCARÉ?


Meu caro Darke:

Se o experimento do gato de Schrödinger nunca foi proposto como prova de nada, como você afirma, a Veja não poderia atribuir o último prêmio Nobel à verificação em laboratório deste paradoxo da mecânica quântica. Mexer no gato de Schrödinger é tão polêmico quanto mexer com Deus e há muitas razões para isso, tanto que até mesmo espíritas e reikistas mais ou menos se apossaram do gato. Voltarei ao assunto.

Mas outra questão que também parece envolver fé são as teorias de Einstein. Já perdi um amigo de longa data, não em função da teoria da relatividade – que não tenho condições de discutir - mas da descoberta da teoria da relatividade. Você pretende dar créditos a Einstein. Ora, não é bem assim. E quem afirma isto não sou eu, mas físicos de renome, inclusive um prêmio Nobel.

Leiamos trecho do verbete Poincaré, da Britannica: “Em 1906, em um paper sobre a dinâmica dos elétrons, ele obteve, independentemente de Eistein, muitos dos resultados da teoria especial da relatividade. A principal diferença era que Einstein desenvolveu sua teoria a partir de considerações elementares a respeito da sinalização da luz, enquanto o enfoque de Poincaré era baseado na teoria do eletromagnetismo e restrito aos fenômenos associados com o conceito de um éter universal que funcionava como meio de transmissão da luz”.

Mas a história não termina aí. Segundo o engenheiro e pesquisador Christian Marchal, Henri Poincaré apresentou o princípio da relatividade no congresso científico mundial de Saint-Louis, no Missouri, em setembro de 1904. Em 5 de junho de 1905, reapresentou-o à Académie des Sciences de Paris, e o trabalho foi publicado em 9 de junho do mesmo ano. Segundo Marchal, o trabalho de Einstein sobre a relatividade em 1905 contém os mesmos resultados que o de Poincaré.

“Einstein evidentemente não pode utilizar o trabalho de Poincaré publicado em julho de 1905 para escrever seu próprio texto, mas a Note à l'académie, do 5 de junho chegou a Berna, em tempo, no 12 ou 13 de junho, e lê-la fazia parte do trabalho ordinário de Einstein. Pois a ele cabia resumir para os Annalen der Physik os trabalhos de física mais interessantes, entre estes os resumos da Académie des Sciences de Paris”.

Para Marchal, a morte precoce de Poincaré por câncer em 1912 e a ausência no trabalho de Einstein sobre a relatividade em 1905 não seriam as únicas razões pelas quais o matemático francês é tão ignorado e Einstein tão célebre. Se Poincaré tivesse a possibilidade de publicar em uma grande revista de física, como os Annalen der Physik de Einstein, ele teria uma grande audiência. Mas ele só encontrou a Rendiconti del Circolo Matematico di Palermo para publicar seu trabalho maior de 1905, uma pequena revista de matemática que não era conhecida pelos físicos.

A glória de Poincaré acabou sendo salva por seu amigo holandês Hendrik Antoon Lorentz, prêmio Nobel de Física (1902). Em 1921, após o triunfo do eclipse do sol de 1919, o comitê Nobel se reuniu com um primeiro pensamento: “Nós devemos dar o prêmio Nobel a Einstein, pela relatividade. Lorentz protestou: “Não é justo!”. E publicou um ensaio sobre a vida de Poincaré que ele havia escrito em 1914. “Poincaré obteve uma invariante perfeita das equações da eletrodinâmica e formulou o “postulado da relatividade”, termos que ele foi o primeiro a empregar”.

Constrangido, o comitê Nobel pensou melhor e, após alguns meses de reflexão, decidiu dar o prêmio Nobel a Einstein, não pela relatividade... mas pelo efeito fotoelétrico. Marchal não cede: Poincaré é o pai do princípio da relatividade e o fundador da relatividade restrita.

Mais detalhes em http://annales.org/archives/x/poincare7.html