¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, janeiro 11, 2013
 
O BRASIL É VOSSO!


Luta de classes morta, luta racial posta, costumo afirmar. Como falar em classes se tornou no mínimo démodé, os velhos comunistas tentam agora lançar uma classe contra outra. Se fazer pobre lutar com rico perdeu seu prestígio após a queda do Muro e do desmoronamento da União Soviética, ainda bem que existem brancos e negros para impulsionar a Idéia – como se dizia antes – através da História. Quem mais aposta no racismo hoje, para obter dividendos políticos, são os velhos comunistas. E também os jovens comunistas, que também os há.

O secretário municipal da Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, Netinho de Paula (PCdoB), que se licenciou da função de vereador para assumir a pasta na administração do prefeito Fernando Haddad (PT), diz que a sociedade paulistana é racista e que pretende criar uma TV para exibir conteúdo feito com "a visão da população negra".

Soa no mínimo curioso tachar de racista uma cidade que elegeu um prefeito negro e também o elegeu vereador. O mesmo insulto tem sido dirigido aos gaúchos, que elegeram para sua capital um prefeito negro e depois o guindaram ao governo do Estado. Na Bahia, o Estado de maior contingente negro do país, sempre elegeram brancos para a prefeitura de sua capital. Ou para o governo estadual. Mas baiano não é racista. Baiano é predominantemente negro e negro, por definição, não é racista.

No final de dezembro passado, em entrevista ao G1, Netinho saiu-se com esta pérola:

- A gente precisa convencer a sociedade paulistana de que ela é racista, ela precisa entender que ela é racista. A partir do momento que ela se assumir como racista, ela pode trabalhar isso, porque a gente perde economicamente, a gente exclui uma sociedade que pode ajudar muito o país.

Ou seja, se paulistano não é racista e elege um prefeito negro, é preciso convencê-lo de que é racista apesar de ter eleito um prefeito negro. Que aliás manchou a causa negra. Seu mandato foi marcado por corrupção, denunciada principalmente por sua ex-mulher. As denúncias envolviam vereadores, subsecretários e secretários, destancando-se entre elas o escândalo dos precatórios. O valor das denúncias somadas alcançou 3,8 bilhões de reais, equivalente a quase metade do orçamento do município na época. Pita foi condenado à perda do cargo pela justiça. Só pode ter sido racismo do Judiciário. Depois o recuperou. Vai ver que o Judiciário redimiu-se de seu racismo.

O cachimbo entorta a boca. Netinho lembra Lula, que em suas campanhas eleitorais, sempre lutou contra as elites. Hoje, que virou elite, esqueceu de mudar o disco e continua vituperando as elites que o elegeram.

Além da TV com conteúdo negro, seja lá o que isso for, Netinho pretende criar cursos de qualificação e parcerias com empresas privadas para inserção da população negra no mercado de trabalho em cargos de liderança. Vai mais longe: também estuda um turismo étnico na cidade e diz que entrou em contato com entidades negras para definir quais serão os pontos escolhidos.

- A gente poder receber, dialogar e mostrar a nossa história na cidade. Isso tem muito a ver com autoestima e com geração de emprego. Entre os pontos que devem fazer parte do roteiro estão locais em que os escravos moravam e igrejas construídas por negros, como a Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo do Paissandu.

E quando passar por obras realizadas por brancos? Deixa-se de lado, é de supor-se. Só negros construíram São Paulo. Que os brancos cultuem seus brancos. Netinho é ambicioso. Quer introduzir racismo na mídia, no mercado de trabalho e até mesmo no turismo.

Em abril do ano passado, a suprema corte judiciária do país oficializou, por unanimidade, o racismo no Brasil. No dia 26 daquele mês, o STF revogou, com a tranqüilidade dos justos, o art. 5º da Constituição Federal, segundo o qual todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza. A partir de então, oficializou-se a prática perversa instituída por várias universidades, de considerar que negros valem mais do que um branco na hora do vestibular. Parafraseando Pessoa: constituições são papéis pintados com tinta. Que podem ser rasgados ao sabor das ideologias.

A escalada avançou no início de outubro passado, quando Marta Suplicy, então ministra da Cultura, anunciou o lançamento de editais para beneficiar apenas produtores e criadores negros. "É para negros serem prestigiados na criação, e não apenas na temática. É para premiar o criador negro, seja como ator, seja como diretor ou como dançarino", disse a ministra à Folha de São Paulo.

O nó de tope foi dado ainda em outubro, quando o Palácio do Planalto anunciou para novembro daquele ano um amplo pacote de ações afirmativas que inclui a adoção de cotas para negros no funcionalismo federal. A medida, defendida pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff, atingiria tanto os cargos comissionados quanto os concursados.

Segundo o jornal, que teve acesso às propostas, a cota no funcionalismo público federal propõe piso de 30% para negros nas vagas criadas a partir da aprovação da legislação. Hoje, o Executivo tem cerca de 574 mil funcionários civis.

Existe também a idéia de criar incentivos fiscais para a iniciativa privada fixar metas de preenchimento de vagas de trabalho por negros. Ou seja, o empresário não ficaria obrigado a contratar ninguém, mas seria financeiramente recompensado se optasse por seguir a política racial do governo federal. Mérito ou capacitação profissional não mais interessam. O que interessa, definitivamente, é a cor da pele.

Aleluia, afrodescendentada! O Brasil é vosso.