¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, outubro 30, 2013
 
VOTAR EM NEGRO
SERÁ OBRIGATÓRIO



Depois das cotas para universitários, é óbvio que viriam as cotas para mestrado e doutorado. Que acontece se os novos mestres e doutores não conseguem entrar no mercado de trabalho? A resposta é óbvia: cria-se cotas no serviço público. Em concurso, negro vale por dois. Não interessa mais se você tem competência para um determinado cargo. O que importa é a cor da pele. Se você é negro – ou mesmo sendo branco declara-se negro – sua capacitação para o trabalho é o que menos importa.

Há mais de década venho afirmando que o sistema de cotas é uma armadilha. Antes das cotas, eu não teria restrição alguma em consultar um médico negro. Depois das cotas, não quero nem ver médicos negros perto de mim. Sei que entraram, de modo geral, pela porta dos fundos da universidade. E se entraram pela porta dos fundos, não será na porta da frente que serão barrados.

Cá entre nós, penso que devia constar de todos os diplomas, daqui pela frente, se o diplomado entrou pelo sistema de cotas ou se disputou lealmente sua vaga na universidade. No diploma dos negros que entraram na universidade por este sistema, que conste em letras garrafais:

ADMITIDO NA UNIVERSIDADE PELO SISTEMA DE COTAS

Afinal, se cotas é privilégio do qual nenhum beneficiado deve envergonhar-se, não deve ser infamante registrá-las no diploma.

Ao rasgar descaradamente a Constituição, no dia 26 de abril do ano passado – revogando o art 5º da Constituição Federal, segundo o qual todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza – a suprema corte judiciária do país oficializou, por unanimidade, o racismo no país. E abriu as cancelas para todos os desmandos. Agora, coube ao Legislativo dar um passo adiante na instalação de um sistema racista no país.

Hoje pela manhã, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou parecer referente à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reserva vagas a parlamentares de origem negra. De acordo com a proposta do deputado petista Luiz Alberto (BA), a cota valerá para a Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara Legislativa do Distrito Federal por cinco legislaturas a partir da promulgação da emenda, prorrogáveis por até mais cinco legislaturas. A proposta ainda passará por uma Comissão Especial antes de ir à votação em dois turnos no plenário da Casa. É óbvio que será aprovada.

E se você acha que afinal pode votar em branco e os negros que se lixem, está redondamente enganado. O texto da PEC 116, de 2011, determina que o eleitor destine, além do voto às demais vagas, um voto específico para o preenchimento da cota.

Quer dizer, queira ou não queira, você é obrigado a votar em negro. Em branco, é facultativo. Em negro, será obrigatório. Ainda há pouco tempo, se não me falha a memória, isto se chamava voto a cabresto e era considerado muito feio em política. Agora, virou lei.

Pior ainda: o critério para a candidatura é o da autodeclaração. Será negro quem se disser negro ou pardo. Os escassos 6% de negros do Brasil pegam carona nos 40% de mulatos e extinguem a mestiçagem. A população negra, que além de ser inflada pela inclusão dos mulatos e pelas cotas universitárias, vai aumentar ainda mais. Seremos o país de maior contingente negro no mundo... no papel.

O projeto é tímido. Precisamos de cotas para deputados índios, homossexuais e transexuais. Além de seu voto, você terá de destinar um voto específico para bugres e o resto da bicharada.