¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, setembro 28, 2005
 
POUCA VERGONHA!
Em pleno século XXI, no ano da graça de 2005, a Câmara Legislativa elege como seu presidente um comunista. Pior ainda, um dos mais obsoletos entre os obsoletos, militante do PC do B, que ainda há pouco apoiava Envers Hodja, o tirano mais execrável do mais miserável de todos os países comunistas do Leste europeu. O muro de Berlim continua em pé no Brasil.
Enquanto os congressistas discutem o mensalão, o Supremo Apedeuta - que há pouco vestiu um quimono e disse estar pronto para entrar no tapume - institui o anualão. Para eleger o comunossauro, liberou 1,5 bilhão de reais para a compra de votos. Com a eleição de Aldo Rebelo, respiram aliviados os deputados comprados pelo PT.
No fundo, tudo isto é muito bom. Se alguém ainda tinha dúvidas a respeito do PT, hoje não há mais lugar para dúvida alguma.

segunda-feira, setembro 26, 2005
 
A MENTIRA DA FILOSOFANTE
Quando entreguei meu currículo na Universidade de Paris III, a secretária olhou-me surpresa: Ah! Vous êtes philosophe. Que nada, mademoiselle, respondi. Apenas fiz um curso de filosofia. Não sou nem mesmo professor de filosofia. Naquele dia - e isso já faz quase trinta anos - senti que os franceses haviam começado a mexer no sentido da palavrinha. Para mim, filósofos foram os homens que criaram sistemas filosóficos, Platão, Sócrates, Aristóteles, Kant, Hume, Descartes, Hegel, Schopenhauer, e quem sabe até mesmo Nietzsche, que foi antes de tudo um poeta e demolidor de filosofias. A palavra filósofo, não a concedo nem a Marx, que era um economista. Muito menos a Sartre, escrevinhador confuso e irresponsável. E claro que jamais vou conferi-la a professores de filosofia, sejam PhDeuses da USP, PUC ou qualquer outra universidade brasileira. Ou estrangeira.

No Brasil a moda pegou e hoje qualquer professorzinho de Filosofia já se intitula filósofo ao assinar um artigo. Por exemplo, a "filósofa" Marilena Chauí, autora de dois calhamaços sobre Spinoza, que hoje seriam muito úteis em Nova Orleans, para a reconstrução de barragens. Enfim, para algo está servindo o governo Lula. Aos poucos está revelando a indigência mental dos universitários que transformaram um vivaldino sem instrução alguma em esperança de uma nação. "Quando Lula fala, o mundo se abre, se ilumina e se esclarece" - ousou dizer a professora. Para quem acompanha os pronunciamentos do Supremo Apedeuta, é de perguntar-se que ocultos favores estaria Chauí agradecendo, ao proferir tal despautério, que clama aos céus desagravo.

A "filósofa" uspiana, após ter reivindicado publicamente o direito ao silêncio sobre a corrupção generalizada do PT, ao notar que seus eruditos sofismas não convenceram sequer o padeiro da esquina, houve por bem explicar-se em carta a seus alunos. Bem entendido, a carta era dirigida à imprensa, mas uma filósofa não vai descer do Olimpo da episteme acadêmica ao campo raso da doxa jornalística. Tentando justificar o injustificável, a PhDeusa incorre em uma chorumela de mentiras.

Começa partindo do princípio que seus alunos estariam intrigados com seu "suposto silêncio", imagem esta que teria sido construída pela mídia. Suposto umas pivicas. Até parece que a douta intelectual esqueceu-se que, ainda no mês passado, declarava aos jornais: "O intelectual às vezes tem que preferir o silêncio se o quadro ainda não está suficientemente claro. Sim, estou indignada, mas confesso que ainda não compreendo bem a natureza da minha indignação e os fatos em si. Por isso não tenho escrito sobre o assunto nem dado entrevistas". Como se fosse necessário à intelectual uspiana um fabuloso instrumental teórico para entender o que minha faxineira há muito entendeu: que compra de votos, caixa dois, evasão de divisas, tráfico de influência e financiamento com dinheiro público dos lazeres dos familiares do presidente da República são práticas criminosas, antes de serem imorais.

Agora a justificativa é outra. Assim como Severino Cavalcanti brandiu o cadáver do filho morto para justificar sua ladroagem pé-de-chinelo - atribuindo ao filho defunto a prática de caixa dois - a "filósofa" não tem escrúpulos em empunhar a mãe doente para justificar sua conivência com a corrupção. Alega que sua mãe teve um derrame cerebral hemorrágico e permaneceu em coma durante dois meses no hospital, com problemas renais e pulmonares. "De fevereiro ao início de junho, permaneci no hospital, fazendo-lhe companhia durante 24 horas. (...) Não prestei atenção no que se passava no país. Assim, na fase inicial da crise política, eu não tinha a menor condição, nem o desejo, de me manifestar publicamente". Como se a doença da mãe lhe impedisse de ler jornais ou ver televisão, levantar um fone e declarar: o partido que ajudei a colocar no poder está podre. Significativamente, em sua prolixa carta a seus discípulos, o silêncio continua imperando. Dá-se ao luxo de citar Hegel, Hannah Arendt, Claude Lefort, Merleau-Ponty, Maurice Blanchot, Étienne de la Boétie e Montaigne, mas em momento algum ousa grafar esta palavrinha singela: corrupção.

Se na exposição de seu primeiro motivo disse não ter prestado atenção ao que se passava no país, na exposição do segundo já nega o primeiro: "Vendo algumas sessões das CPIs e noticiários de televisão, ouvindo as rádios e lendo jornais, dava-me conta do bombardeio de notícias desencontradas, que não permitiam formar um quadro de referência mínimo para emitir algum juízo". A professora deve fazer uma péssima avaliação do nível mental de seu alunado, quando em um parágrafo nega o anterior e acha que tal potoca pode ser engolida.

Um terceiro motivo para seu suposto silêncio seria o fato de três outros artigos, escritos em 2002 e 2004, onde a "filósofa" alerta para o risco de uma transição e insiste na necessidade urgente da reforma política. Até aí morreu o Neves. Quando se fala de silêncio dos intelectuais, fala-se deste silêncio de 2005, quando vieram à tona todos os crimes e lambanças cometidas por Lula e pelo sedizente Partido dos Trabalhadores, que patrocinaram a maior roubalheira já vista nos "últimos quinhentos anos", como gosta de dizer o presidente da República. Que mais não fosse, a acadêmica poderia ter usado seu instrumental epistemológico para comentar o assassinato de Celso Daniel. Não usou. A bem da verdade, os intelectuais nunca foram silentes. Passaram as últimas duas décadas fazendo um alarido infernal sobre as virtudes éticas do PT e de seu líder máximo. O silêncio se instaurou agora, quando até mesmo os apaniguados do partido sentem vergonha de um dia tê-lo apoiado.

Como arrazoado final para seu suposto silêncio, a soposta "filósofa" alega que o título do seminário, O Silêncio dos Intelectuais, teria sido combinado em 2004 e acusa os jornalistas de terem se apropriado do mesmo, para referir-se aos intelectuais petistas. Descobriu a América, a professora. É óbvio que os jornalistas se referiam aos intelectuais petistas, que foram os que silenciaram. Esta denúncia do silêncio dos intelectuais de esquerda quando se trata de condenar as tiranias de esquerda não é nova. Percorreu o século todo, e o primeiro a denunciar este silêncio foi Julien Benda que escreveu, já em 1927, La Trahison des clercs, que hoje poderíamos traduzir como A Traição dos Intelectuais. "Os homens cuja função é defender os valores eternos e desinteressados como a justiça e a razão, e que eu chamo de clérigos, traíram esta função em proveito de interesses práticos" - escreve Benda. É desta traição que se fala, quando falamos do silêncio dos intelectuais petistas, marxistas ou esquerdistas em geral.

Mas que se pode esperar de uma filosofante que já cometeu o crime mais infamante que um intelectual pode cometer, o crime de plágio? Chauí plagiou vergonhosamente seu orientador, Claude Lefort. O plágio foi publicamente denunciado por José Guilherme Merquior, aliás com um eufemismo: o ensaísta usou o termo desatenção, não mais que isso. Foi o que bastou para que uspianos e similares jogassem Merquior, com abaixo-assinado inclusive, nas profundas do inferno da direita. Houve até quem dissesse que "Marilena é intelectual e militante. Não possui o tempo necessário para leituras. Ela pode agir assim, pela causa". Claude Lefort, a única parte legítima para denunciar juridicamente o crime, também o relevou, o que deixa no ar a pergunta: que ocultos favores estaria Lefort agradecendo?

Apropriar-se do pensamento alheio parece estar virando rotina entre os ícones das esquerdas. Ana Cristina César, por exemplo, em seu trabalho de mestrado entregue à Escola de Comunicação da UFRJ em junho de 1979, plagiou gordos parágrafos da tese de doutorado de sua orientadora, professora e amiga, Heloísa Buarque de Holanda. Ana C., como é conhecida, suicidou-se em odor de santidade e seu plágio ficou relegado ao esquecimento. Como também o de Chauí, que permaneceu, impertérrita, no magistério da USP, quando deveria ter sido excluída dos quadros da universidade a que pertence. Mas ela é petista. Pode agir assim, pela causa.

Quem dá explicação, já perdeu a discussão. Muitas outras falácias percorrem, de alto a baixo, o texto da filosofadora. Deter-se neles é perder tempo desmontando sofismas. Em todo caso, é salutar que a promiscuidade dos intelectuais com o poder traga à tona a indigência mental dos cursos de Humanidades e particularmente da USP, a difusora por excelência dos desvarios marxistas no Brasil.

sábado, setembro 24, 2005
 
UM STALINISTA A MENOS
O PT, com sua mania de alimentar mentiras históricas, assim evoca Apolônio de Carvalho, velho e impenitente apparatchik stalinista, que morreu ontem:

O Partido dos Trabalhadores manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de seu fundador e militante de primeira linha Apolônio de Carvalho, ocorrido nesta sexta-feira (23), no Rio de Janeiro. Apolônio combateu o fascismo na guerra civil espanhola, foi herói da resistência contra o nazismo, na França, e lutador destemido pela democracia no Brasil. Defendeu, ao longo de sua vida exemplar, todas as causas que se vinculam à justiça e à igualdade. Trabalhou sempre pela construção do Partido dos Trabalhadores.
Para nós, honrar a memória de Apolônio de Carvalho é prosseguir na luta pela transformação social e pela consolidação de um projeto democrático e socialista para o nosso país.
É também prosseguir na luta pela consolidação de um partido que saiba construir um projeto democrático de nação e afirmar, no plano social, político e econômico, os direitos das classes trabalhadoras e de todo o povo brasileiro.

Herói de três pátrias, como dizia Jorge Amado. Em verdade, um cúmplice devotado do maior assassino do século passado. Cumprindo as ordens de Stalin, participou da Intentona de 35, primeira tentativa de Moscou de implantar uma ditadura aos moldes soviéticos no Brasil. Fracassada a Intentona, sempre às ordens de Moscou, fugiu para a Espanha, onde teria lutado pela implantação de uma ditadura soviética na península ibérica. O condicional não é gratuito. Os únicos relatos dos feitos de Apolônio de Carvalho na Espanha são feitos por ele mesmo ou por stalinistas como Jorge Amado.

Fracassada a tentativa de Stalin na Espanha, fugiu para a França, onde teria lutado na Resistência. De novo o condicional não é gratuito, pois os relatos de seus feitos na França de novo são feitos por ele mesmo ou por stalinistas como Jorge Amado. Tanto a Guerra Civil espanhola como a Resistência francesa estão repletas de farsantes. O célebre Charles Malraux é o exemplo mais acabado desta vigarice histórica.
Ora, direis, lutar contra o nazismo não é meritório? Depende. Apolônio lutou empunhando a bandeira comunista, em nome da qual Stalin submeteu a Rússia e os países do Leste europeu a uma tirania que durou de quatro a sete décadas, conforme o país.
De volta ao Brasil, conspirou nos 60 para reeditar a fracassada Intentona de 35. Triste país este nosso, em que bandido, mal morre, vira herói. Sempre stalinista, Apolônio foi um dos fundadores do PT, o que só comprova a origem espúria do Partido dos Trabalhadores. Celerado de três países, de biografia fantasiosa, recebe em sua morte honrarias de santo.

O PT quer refundar-se. Mas não se corrige. Enquanto cultuar assassinos ou cúmplices de assassinos, não tem autoridade alguma para falar em democracia.

segunda-feira, setembro 19, 2005
 
CLITÓRIS, O NOVO PASSAPORTE
Há passaportes e passaportes, não é verdade? Nas últimas décadas, emigrantes do Terceiro Mundo conseguiram se instalar no Primeiro graças ao golpe da perseguição política. Migrantes econômicos, que fugiam da miséria de seus países, criavam histórias políticas mirabolantes para comover os corações e mentes ingênuas dos europeus, americanos e canadenses. Eu vivia em Paris, em 1979, quando foi decretada a anistia no Brasil. Pânico generalizado entre os brasileiros que viviam encostados em francesas ou auxílios humanitários concedidos a exilados: "só pode ser armadilha da direita". Não era. Com a anistia, terminou para muitos vivaldinos a boa vida na França. Adeus, ó amargo caviar do exílio.

Mudam os tempos, mudam os macetes. O golpe do exilado político está por demais manjado. No Paquistão, por exemplo, descobriu-se um outro passaporte para a boa vida do Primeiro Mundo. Segundo o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, em entrevista ao jornal norte-americano Washington Post, na terça-feira passada, "muitas pessoas dizem que, se você quer ir para o exterior, conseguir um visto para o Canadá e ficar rica, deixe-se estuprar". As palavras de Musharraf não desagradaram apenas as mulheres paquistanesas, mas também a Anistia Internacional, que se disse ultrajada com a declaração do ditador. O primeiro-ministro do Canadá, Paul Martin, que também está em Nova York, afirmou ter tratado do assunto com Musharraf. "Eu afirmei com veemência que comentários como esse não são aceitáveis", disse o premiê.

Pode ser. Mas se um estupro rende um futuro melhor, a tentação de submeter-se à violência - ou simulá-la - é grande. É o outro lado da moeda da generosidade dos hiperbóreos. Há muitas ONGs comprando escravos na África para libertá-los. O que só gera um rendoso comércio de escravos ou supostos escravos. O chefe de uma tribo reúne seu clã, apresenta-os como escravos, vende-os por cabeça. Uma vez libertados, são de novo recrutados como escravos para serem mais uma vez vendidos. Africanos podem ser subdesenvolvidos, mas criatividade não lhes falta.

Não há muita credibilidade nas palavras de um ditador. Mas se estupro igual passaporte canadense, sem dúvida o sacrifício vale a pena. As árabes que o digam. Os migrantes muçulmanos na Europa não ousaram insistir em duas instituições nada ocidentais, a poligamia e a infibulação da vagina. Se não ousaram, isto não quer dizer que, uma vez na Europa, as tenham abandonado. Pelo menos no que diz respeito às mutilações genitais femininas, só na Itália as vítimas já são mais de 50 mil. Uma bagatela, se as compararmos às 130 milhões de mulheres que têm o clitóris extirpado e a vagina costurada no mundo islâmico. O problema é que se a ablação do clitóris faz parte do jus consuetidinis no mundo árabe, na Europa constitui crime.

A praga, que há muito já afetava a França, começa a espalhar-se pelos demais países mediterrâneos. Com as novas rotas de entrada de imigrantes árabes na Europa, a infibulação chegou à Espanha. Se na França era comum as famílias árabes receberem um dia a visita de uma sage femme (parteira), vinda expressamente da África para executar o trabalho infame, na Espanha ocorre um fenômeno inverso: mais dia menos dia as meninas árabes são levadas por seus pais aos países de origem, em uma viagem de férias - "para visitar a vovó" -, da qual voltam sexualmente mutiladas. Segundo médicos, algumas dessas mutilações ocorrem na própria Espanha.

Canadá, Suécia e Estados Unidos já estão concedendo asilo a mães e filhas árabes, quando estas últimas sentem-se ameaçadas pela ablação do clitóris em seus países de origem. Segundo El País, o governo espanhol parece disposto a seguir o mesmo caminho para combater a prática. Enrique Fernández-Miranda, delegado para a Imigração, afirmou no ano passado que estas pessoas devem ser protegidas. "Temos em nossa legislação figuras com suporte jurídico suficiente para dar uma especial proteção e acolhida a estas mulheres". As medidas se aplicariam não só às mães, mas também às filhas, e a conseqüência seria algo como o direito de asilo, apenas com outro nome.

Até há pouco, os migrantes econômicos alegavam perseguições políticas para entrar no paraíso. A migração árabe está prestes a instituir um novo passaporte, o clitóris. Se hoje são 130 milhões as mulheres mutiladas no mundo muçulmano, a Europa, se persistir em seus pruridos humanitários, já pode ter uma idéia da invasão que a espera na entrada deste milênio. Se Canadá, Suécia e Estados Unidos estão longe do universo das mutiladas, Espanha, França e Itália estão ao lado. Junto com as mulheres que fogem para não ter o clitóris cortado, virão os cortadores de clitóris, afinal integração familiar oblige. O velho continente, que começa a libertar-se dos dogmas de uma religião criada por homens do deserto, cai agora na armadilha de uma outra.

Devido à imigração africana, o islamismo vai lentamente contaminando o continente, com suas mesquitas e práticas, algumas delas inconcebíveis em país que nutra algum respeito pelo ser humano. Na Itália, berço do catolicismo, a segunda religião em número de praticantes já é a muçulmana, com um milhão de fiéis. Fiéis que não se contentam em virar o traseiro pra lua e invocar Alá, mas querem impor modificações na legislação vigente. Entre outras, o Consiglio Islamico d?Italia requer o ensino do Corão nas escolas ou, como alternativa, a criação de escolas muçulmanas; o direito de a mulher ser fotografada com véu nos documentos de identidade; a sexta-feira livre e o direito de participar das preces do meio-dia. Famintos, mas exigentes. E aos poucos, os minaretes e a voz esganiçada dos muezins começa a invadir o continente das torres e dos sinos.

Na Suécia, patriarcas muçulmanos já se arrogam o direito de matar suas filhas, caso estas tenham relações com um sueco. Os países nórdicos vêm sendo assolados, nos últimos anos, por gangues de adolescentes árabes, cujo lazer predileto é estuprar nórdicas. (Só que, no caso, as nórdicas não têm motivação alguma para pedir asilo em algum outro país). Para estes pobres diabos, uma mulher sueca independente não é uma mulher sueca independente. É apenas uma "puta sueca". E como tal pode ser tranqüilamente estuprada. Se for árabe, não. Pois não é o mesmo violentar uma sueca e uma árabe. "A sueca recebe um monte de ajuda depois, além disso já foi fodida" - afirma um dos participantes de uma gangue -. "Mas a árabe têm problemas com sua família. Para ela, é uma grande vergonha ser violentada. É importante para ela ser virgem quando casar".

Praga pior que estes árabes na Suécia, só os somalis na Finlândia. A Somália, se o leitor não sabe, é aquele país africano que chegou ao estágio final do comunismo, segundo Marx: o desaparecimento do Estado. O poder é exercido por hordas armadas, comandadas pelos senhores da guerra, seja lá o que isto quer dizer. As guerras intestinas na Somália geraram uma legião de famintos que buscam refúgio nas sociais democracias européias.

Famintos, mas arrogantes. Está até hoje atravessado na garganta dos finlandeses um episódio ocorrido há quatro ou cinco anos em uma das escolas do país. Acolhidos com generosidade pela Finlândia, os meninos somalis não nutrem o menor respeito pelas professoras que tentam educá-los. É que são mulheres. Um dos meninos se recusou a falar com sua professora, porque um macho somali não dirige a palavra a uma mulher, e muito menos tem de obedecê-la. Claro que não faltou na Finlândia defensores do multiculturalismo, defendendo a idéia de que a "cultura do outro" deve ser respeitada. Que o Estado providencie um professor macho para educar o macho somali.

Mas falava do Paquistão. Enquanto o Ocidente, com seus laivos de humanismo, premiar as vítimas da violência com asilo - em vez de impor sanções ao país tolerante com tais práticas - é óbvio que um passaporte vale bem um estupro. Ou uma ablação de clitóris.

quinta-feira, setembro 15, 2005
 
CÃES DE GUARDA DO PODER
CONTINUAM COZINHANDO PIZZA

Quinta, 15 de setembro de 2005, 14h23
STF suspende processo de cassação de Dirceu


O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu hoje o processo de cassação do deputado José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética.

quarta-feira, setembro 14, 2005
 
CÃO DE GUARDA DO PODER
MOSTRA OS DENTES
STF suspende processos contra seis petistas


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim, concedeu hoje liminar suspendendo a tramitação dos processos de cassação contra seis deputados petistas acusados de envolvimento no suposto esquema do "mensalão".

terça-feira, setembro 13, 2005
 
SEVERINO E GABEIRA:
O MESMO COMBATE
Quinta-feira passada, tive de submeter-me a uma rápida cirurgia. Coisas da vida. Seja como for, foi gratificante. Ao acordar da anestesia, vejo na televisão que o Ministério Público havia pedido a prisão preventiva de Paulo Maluf e do Flavinho Maluf. Não pode ser, pensei com meus botões, deve ser efeito alucinatório da anestesia. Belisquei-me, examinei o quarto do hospital, vi a bolsa pingando soro em meu pulso, tive de convencer-me de que não era alucinação. Alvíssaras! Até que um dia.

Manhã seguinte, um despertar divino. Acordei cedo, liguei no noticiário da Globo. Severino Cavalcanti estava praticamente degolado. Confesso jamais ter tido tantas alegrias em uma noite de hospital. O noticiário parece ter tido em mim um efeito terapêutico, dispensei até a cadeira de rodas que me ofereciam. Saí em pé e contente com o mundo. Sábado, uma da madrugada, já em casa, vejo Maluf entrando no cárcere. Não era alucinação. Sábado pela manhã, Flavinho algemado.

Se Paulo Maluf é rapace de altos vôos, Severino Cavalcanti é um batedor de carteiras egresso da caatinga, e não é o primeiro com que o agreste nos brinda. Maluf só se interessa por centenas de milhões de dólares. Para o achacador do agreste, um mensalinho de dez mil reais já serve. Triste país este nosso, que tem um analfabeto como presidente da nação e um reles batedor de carteiras como presidente da Câmara. Mais espantoso ainda é ver este pickpocket nos representando em Nova York, na 2ª Conferência Mundial da União Interparlamentar. Lula tem falado em separar o joio do trigo, e o tem feito com rigor. O trigo, ele joga no lixo. E o joio, ele o condecora com a comenda da Ordem do Rio Branco. Enquanto o novel comendador preparava seu discurso em Nova York, espocavam no Brasil as notícias de seus mesquinhos achaques. "Tão alegre que fumo, tão triste que vortemo", terá pensado dona Amélia.

Há muito venho afirmando que a eleição de Lula gerou um efeito perverso no moral do país. Se o Supremo Magistrado da nação pode ser um apedeuta, nada obsta que o presidente da Câmara seja um batedor de carteiras. Há uma desmoralização crescente dos três poderes da nação, Judiciário inclusive, quando o critério de nomeação de magistrados para o Supremo é sua docilidade às veleidades do insigne analfabeto. Severino foi eleito presidente do colegiado-mór do país por nada menos de 300 votos. Raposa velha, soube como agradar estes 300 pares. Começou defendendo o nepotismo e um aumento substancial para os parlamentares. Deu Severino na cabeça.

Agonizante Severino, Lula e o PT reivindicam para si a presidência da Câmara. Com que moral? A de cuecas com dólares? Lula gosta muito de jactar-se de que em seu governo se fez mais pelo Brasil do que nos últimos 500 anos de Brasil. Caiu na armadilha da rede Globo, que vendeu a potoca de que o Brasil tem 500 anos. Enfim, concedamos vênia ao Supremo Apedeuta. Admitamos, para efeitos de argumentação, que o Brasil tenha 500 anos. Que autoridade moral tem então o partido que mais roubou nestes 500 anos de Brasil para reivindicar o que quer que seja? O máximo que o bom senso permite ao PT é reivindicar pelo menos prisão especial para seus asseclas, já que a maioria dos bandoleiros é graduada. E mais não concedemos. Um partido que por seus desmandos já deveria ter tido seu registro cassado, permite-se a petulância de pretender ocupar a presidência da Câmara. O PT perdeu a face, mas preservou sua arrogância.

Fala-se muito em ética e em Conselho de Ética nestes dias que correm. É mais uma tentativa de jogar o lixo para baixo do tapete. Se os senhores deputados ferem preceitos éticos, são passíveis de brandas penas disciplinares. Mas a ética pouco ou nada nos importa. O que se exige é que estes senhores não firam as leis, elaboradas pela Casa que representam. Não são deslizes éticos que estão em jogo, como pretende o PT. O que se discute é a infração das leis. Isto é, o cometimento de crimes. Ninguém vai para cadeia por deslizes éticos. O que se impõe hoje neste país é cadeia para políticos criminosos. No PT, dirigentes e militantes estão cheios de papas na língua. Falam em ?erros?, ?desvios?. Da palavra crime, fogem como o diabo da cruz.

Fernando Gabeira, ex-petista penitente, sequer esperou notícias dos achaques de Severino para pedir sua cabeça. Antes mesmo da revelação do mensalinho, de dedo em riste, acusava o cabra da peste: "V.Excia. está em contradição com o Brasil, sua presença é um desastre para o Brasil. Ou V. Excia. fica calado, ou vamos iniciar um movimento para derrubá-lo". A fúria do quixotesco Gabeira se devia ao fato de Severino pedir penas leves - uma admoestação, talvez - para os 18 deputados ameaçados de cassação por receberem propina do PT, o partido que Gabeira ajudou a erguer. Severino queria salvar, antes de tudo, o capo mafioso por excelência, o ex-ministro Zé Dirceu. Logo este mesmo Zé Dirceu, que o ex-terrorista Gabeira salvou da prisão em 1969, seqüestrando o embaixador americano Charles Burke Elbrick. Ora, Severino, 36 anos depois, estava apenas dando continuidade ao magnânimo gesto de Gabeira. Severino poderia ter apontado o dedo para Gabeira e dito: "V.Excia. esteve em contradição com o Brasil, sua presença foi um desastre para o Brasil". Não estaria proferindo nenhum despropósito.

Gabeira capitaliza simpatias com seus sucessivos mea-culpas, ora se arrependendo da guerrilha, ora se arrependendo de sua participação na construção do partido mais corrupto do Ocidente. Há uma semana, em entrevista para a Folha de São Paulo, dizia estar vivendo, em seus 64 anos, uma crise existencial. Verdade que é mais honesto reconhecer o erro do que tentar justificá-lo, como faz Zé Dirceu. Mas 64, convenhamos, não é mais idade para viver crises existenciais. Quando Gabeira chegará à idade adulta? Aos 90, e depois morrer?

Em fusos horários diversos, Severino e Gabeira combateram o mesmo combate. Se Gabeira tirou Zé Dirceu do cárcere - onde melhor seria, para o bem do país, ter ficado - Severino tenta salvar do naufrágio o mesmo Zé Dirceu, hoje no poder por obra e graça de Gabeira. Gabeira salvou o terrorista que queria afundar o país pelas armas. Severino tenta salvar o mesmo ex-terrorista, que agora - dado o fracasso da luta armada - quis afundar o país através de método mais sutil, a corrupção.

Se naquela sessão na Câmara alguém viu um deputado destemido desejando moralizar as práticas políticas do Congresso, apontando de dedo um coroné do agreste desprovido de qualquer escrúpulo, este alguém se enganou. O que se viu, naquele momento, foi o roto dedurando o descosido.

quarta-feira, setembro 07, 2005
 
A LOUCURA AVANÇA

Juiz quer prender marido que engravidou a mulher, uma adolescente de 14 anos ? mancheteiam os jornais. Filha é principal evidência em um processo contra o pai, de 22 anos. Claro que tal estupidez só poderia ocorrer nos Estados Unidos. Estupidezes de tal porte ocorrem em vários países do mundo. Mas com respaldo jurídico, só mesmo na grande pátria do norte, onde até o judiciário rendeu-se ao politicamente correto.

Ocorreu em Falls City, cidadezinha de 4.800 habitantes do Nebraska. Na terça-feira passada, Matthew Koso, 22 anos, teve de se apresentar à Justiça. A recém-nascida se constitui na principal evidência relativa às acusações as quais ele terá que responder. A mãe do bebê, Crystal, tem 14. Ele é acusado de estupro, embora ambos tenham se casado em maio com o consentimento dos pais da adolescente. Tiveram que viajar até o Kansas para o casamento, já que o seu Estado proíbe a união conjugal de pessoas com menos de 17 anos. O procurador-geral Jon Bruning acusa Matthew Koso de ser um pedófilo. "Não queremos que homens adultos façam sexo com meninas" - disse o procurador-geral de Nebraska. "Tomamos muitas decisões por nossas crianças: não permitimos que votem, que ingiram bebidas alcoólicas, que dirijam automóveis e que sirvam as forças armadas em guerras aos 13 anos de idade, quer eles gostem disso ou não. E também não permitimos que façam sexo com homens adultos".

Nem mesmo sendo casados. Bem entendido, o procurador deixa a porta aberta para que crianças façam sexo com outras crianças da mesma idade. Em Nebraska, assim como em vários Estados, a relação sexual entre um indivíduo de 19 anos e outro de menos de 16 é classificada como estupro legal, mesmo quando os dois forem casados ao praticarem o ato sexual. Estranho conceito de crime, em que a penalização depende da idade do indiciado. Se for adulto, é crime. Se não for, não é. Os Estados Unidos estão inovando em matéria de Direito. O puritanismo avança.
Se avançasse apenas nos Estados Unidos, problema dos ianques. O problema é que tudo que avança nos Estados Unidos contamina o Ocidente inteiro.
Na imprensa brasileira, não passa dia sem que os jornais denunciem crimes de pedofilia, como se pedofilia fosse crime no Direito brasileiro. Talvez isto surpreenda o leitor contemporâneo, mas pedofilia nunca foi crime em nosso Direito. São crimes o estupro, o atentado violento ao pudor, a posse sexual mediante fraude, o atentado ao pudor mediante fraude, o assédio sexual. Pedofilia não está tipificada como crime. Crime cometem os jornalistas contra a informação, quando denunciam os pedófilos no Brasil. Se alguém tem relações com uma menor de 14 anos, presume-se estupro. Pedofilia é outra coisa, e nosso direito não contempla essa figura.

Há três anos, eu escrevia: "Neste país onde dezenas de milhares de meninas estão grávidas aos dez anos, conforme pesquisa do último censo, não ouse relacionar-se com uma menina de doze ou quatorze anos. Mesmo que nossa legislação não contemple a figura da pedofilia, você será estigmatizado pela imprensa e pela sociedade com a pecha de pedófilo. Mas e as milhões de meninas que engravidam entre dez e quinze anos, estas não foram vítimas do crime de pedofilia? Nada disso. Como em geral se relacionam com parceiros da mesma idade, não houve pedofilia. Vige em alguns círculos acadêmicos o exótico conceito de que, não existindo mais de cinco anos de diferença de idade entre os parceiros, não ocorre crime. Ou seja: para você, homem maduro, são proibidos os encantos das Lolitas. Estas constituem reserva de mercado dos adolescentes. Você já ouviu falar de um adolescente acusado de pedofilia? Nunca. Criminoso é apenas o adulto. O conceito acadêmico parece ter sido contrabandeado para o mundo jurídico".

Nosso Direito está assumindo as práticas ianques: o caráter criminoso de um ato já não reside no ato praticado, mas na idade de quem o pratica. Matthew Koso, o marido de Crystal, a mãe de seu filho, pode receber uma pena que varia de um a 50 anos de prisão. Com a mania tupiniquim de adotar o pior do Primeiro Mundo, não está longe o dia em que no Brasil irão para cadeias maridos de adolescentes. Basta um juiz com fome de mídia e o fiasco está feito.

Também tenho comentado há anos o absurdo do casamento entre homossexuais. Nada contra a homossexualidade, isso é coisa de crentes. Mas sempre considerei o homossexual como um outsider, e sempre simpatizei com os outsiders, pelo menos em matéria de costumes. Enquanto os demais mortais se rendiam ao jugo do matrimônio, o homossexual continuava homem livre, escolhendo seus parceiros como bem lhe desse na veneta e quando bem entendesse. Sua atitude era um pouco o non serviam de Lúcifer, o personagem bíblico que mais me fascina.

Com o casamento homossexual, adeus liberdades. Na Alemanha, onde o casamento homossexual é permitido desde agosto de 2001, um bravo cidadão pediu divórcio de seu parceiro. Por infidelidade. O que era a grande vantagem do homossexualismo, a escolha de parceiros, virou ilícito. Recentemente, uma mulher venceu uma batalha judicial no Canadá em que pedia para se divorciar do seu marido porque ele havia mantido um caso com outro homem. Em decisão anterior, um tribunal decidira que ela não tinha razão para se divorciar porque o comportamento do marido não constituía adultério. A mulher recorreu. Agora, a Suprema Corte de British Columbia houve por bem considerar que a definição legal de adultério não pode se limitar a sexo extraconjugal entre um homem e uma mulher. Como o Canadá é um dos poucos países que reconhecem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, os advogados alegaram que a definição histórica de adultério era "anacrônica". Adeus bons tempos d?antanho.

Claro que o Brasil não poderia deixar de dar sua contribuição a este festival aberto de sandices. No Rio de Janeiro o Ministério Público Federal moveu ação civil pública, com pedido de liminar, contra a TV Globo por causa da novela A Lua me Disse. A iniciativa foi motivada por duas situações observadas na novela: o conteúdo discriminatório aos povos indígenas, pelo tratamento à personagem Índia, da tribo Nhambiquara. O politicamente correto invadiu o universo das novelas. Sem ser cultor do gênero, julgo revoltante - e perigoso a médio prazo - promotores pretenderem determinar os rumos de uma ficção. Ficção eu faço como bem entendo. Se eu quiser situar o Cristo como nascido em Ahsrabat, ninguém tem nada a ver com isso. Ficção, por definição, é mentira. Mais um pouco e os senhores promotores não hesitarão em determinar a um escritor os rumos de seu romance.

Na liminar, o MPF pede que a justiça determine à TV Globo a suspensão de cenas que exponham a personagem índia a situações constrangedoras ou degradantes, ou que alimentem o estereótipo contra índios e a proibição de cenas de violência e insinuações de sexo. A ré ficaria sujeita a pagar uma multa de R$ 500 mil por cena. Ou seja, se indígenas um dia foram submetidos a situações constrangedoras ou degradantes - como de fato o foram - este fato deve ser subtraído aos telespectadores. Mas o MPF não se contenta em proibir. Em outro pedido, requer a divulgação de uma mensagem onde a TV admite que tratava de modo depreciativo a personagem, desvalorizando a cultura indígena. No ritmo em que vamos, até Gonçalves Dias será censurado. Pois em Y-Juca-Pirama, seu personagem merece até o desprezo do pai:

Sê maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és.

O festival continua. Em São Paulo, a prefeitura contará com a ajuda de médiuns para prevenir a cidade de tragédias provocadas por enchentes, tornados e chuvas de granizo. O prefeito José Serra - potencial candidato à Presidência da República - houve por bem contratar a Fundação Cacique Cobra Coral, entidade 'científica-esotérica especializada em fenômenos climáticos". A entidade é presidida pela médium Adelaide Scritori, que diz receber o espírito do chefe indígena americano Cobra Coral, que em outras encarnações teria sido Galileu Galilei e Abraham Lincoln. José Serra é tido como uma das esperanças para salvar o país da corrupção lulista. Você quer saber se vai chover na semana que vem? Consulte os espíritos.

Não bastasse isto, a esperança dos brasileiros teve mais um momento de jerico. Para economizar no fornecimento de uniformes escolares, teve uma idéia luminosa: os uniformes serão patrocinados por empresas, que poderão neles divulgar suas grifes ou produtos. A meninada transformada em outdoors ambulantes. Sem que ninguém os consulte se aceitam submeter-se a tal ignomínia. Antes mesmo de candidatar-se, Serra oferece o corpo das crianças à sanha da publicidade. Estamos bem servidos.

Leitores me perguntam onde está a saída. Não sei. Creio que continua sendo o aeroporto.