¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV
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Janer Cristaldo escreve no Ebooks Brasil Arquivos outubro 2003 dezembro 2003 janeiro 2004 fevereiro 2004 março 2004 abril 2004 maio 2004 junho 2004 julho 2004 agosto 2004 setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 julho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 novembro 2008 dezembro 2008 janeiro 2009 fevereiro 2009 março 2009 abril 2009 maio 2009 junho 2009 julho 2009 agosto 2009 setembro 2009 outubro 2009 novembro 2009 dezembro 2009 janeiro 2010 fevereiro 2010 março 2010 abril 2010 maio 2010 junho 2010 julho 2010 agosto 2010 setembro 2010 outubro 2010 novembro 2010 dezembro 2010 janeiro 2011 fevereiro 2011 março 2011 abril 2011 maio 2011 junho 2011 julho 2011 agosto 2011 setembro 2011 outubro 2011 novembro 2011 dezembro 2011 janeiro 2012 fevereiro 2012 março 2012 abril 2012 maio 2012 junho 2012 julho 2012 agosto 2012 setembro 2012 outubro 2012 novembro 2012 dezembro 2012 janeiro 2013 fevereiro 2013 março 2013 abril 2013 maio 2013 junho 2013 julho 2013 agosto 2013 setembro 2013 outubro 2013 novembro 2013 dezembro 2013 janeiro 2014 fevereiro 2014 março 2014 abril 2014 maio 2014 junho 2014 julho 2014 agosto 2014 setembro 2014 novembro 2014 |
quinta-feira, julho 31, 2008
LE BATEAU IVRE A bem da verdade, nem tudo é caro na Escandinávia. Na Suécia, por exemplo, há uma brecha para comprar, comer e beber barato. São os cruzeiros da Viking Line e Silja Line, que navegam pelo arquipélago, indo de Estocolmo a Helsinque ou até alguma ilha na Finlândia. Há também os barcos da Tallinnk, que vai até Estônia, Lituânia e Letônia. Navios colossais, concebidos para dois ou três mil passageiros, partem diariamente de seus portos, geralmente rumo ao nada. Viajar é preciso. Chegar não é preciso. Explico. Nesses cruzeiros ou travessias, tudo a bordo é skattfri, palavrinha mágica para os suecos. Livre de impostos. Tanto o álcool – sobre o qual incide um skatt altíssimo – como a comida, cigarros e tudo que você pode comprar numa freeshop. Os barcos são centros de lazer e consumo ambulantes e fazem parte do modus vivendi dos estocolmenses. É importante que se vá do porto de um país a um porto qualquer de outro, nem que seja numa ilha deserta. Aí a viagem é internacional e, portanto, skattfri. Mal o navio desatraca, já se considera que as águas são internacionais e começa a farra. O percurso mal chega a 24 hs. No caso dos barcos que vão de Helsinque a Estocolmo e vice-versa, são doze horas. Os passageiros, no entanto, se munem de malas enormes. Enormes e vazias. Voltarão repletas de álcool, cigarros e demais mercadorias. Eu já havia feito esta viagem, em 71. Sempre gostei de ilhas. Havia barcos que iam até uma ilha finlandesa e resolvi conhecê-la. A bebida era barata, bebi. Ao chegarmos na ilha, o barco ancorou, desceu uma escadinha até o cais e desci. O porto estava deserto, não havia nem sombra de gente por perto. Olhei para trás. Ninguém descera do barco. Envergonhado, voltei. Naqueles cruzeiros, desembarcar é o que menos interessa. O prazer – e o lazer – reside no viajar. Neste giro pela Escandinávia, de uma leitora muito querida, eu e Isadora ganhamos um refinado regalo, um cruzeiro num destes barcos pelo arquipélago, com a inelutável atracação em uma ilha finlandesa. Afinal, se o cruzeiro não for skattfri, não tem graça. Desta vez, o barco era bem mais imponente, o Cinderella - http://www.vikingline.fi/onboard/cinderella - com capacidade para 2.600 passageiros. Embarcamos pelas seis da tarde e às sete já enfrentávamos um Viking buffet, digno dos deuses do Valhala, com direito inclusive a caviar russo e iraniano. Vinho e cerveja – ó milagre! – à vontade. Mais salões de show e dança, sauna, boates e shoppings centers. Sem imposto. As malas, que entraram vazias no barco, voltam estufadas de muamba. Em dado momento, desvio o olhar para um folder na mesa. Três garrafas de vinho italiano a 130 coroas suecas. Ou seja, 13 euros. Pouco mais que quatro euros a bottiglia. Miragem, pensei. Não era miragem. E o vinho era excelente. Entende-se então porque cruzeiros em dezenas de navios com capacidade para mais de duas mil pessoas devem ser reservados com boa antecedência. Quando vivi na Suécia, as restrições às bebidas eram bem mais pesadas. Quase não havia bares em Estocolmo e os que existiam não serviam bebidas alcoólicas. Álcool, só em restaurantes, a partir do meio-dia e com comida. Se você ia almoçar às 11h30 e pedia um copo de vinho, nada feito. Só às 12h em ponto. A preços de tornar sóbrio qualquer cristão. Com esta quase lei seca, os suecos não sabiam beber. Quando voltei a Estocolmo, daquele percurso que fiz em 71, vi desembarcarem suecos caindo de bêbados, alguns ensangüentados. Os tempos mudaram. Hoje Estocolmo tem 5.500 bares, para uma população de 1,7 milhão de habitantes. Falo da Stor-Stockholm, a Grande Estocolmo. A Innerstad, como dizem os Svensons, terá uns 800 mil habitantes. Há quinze anos, o número de bares era de 3.500. Não imagino quantos existiam quando vivi por lá, há 37 anos, mas o número devia ser consideravelmente menor. Beber tinha algo de pecaminoso. Hoje, a cidade está repleta de bares nas calçadas e nem por isso o mundo veio abaixo. Os Svensons parecem ter aprendido a beber nas últimas três décadas, pois não vi ninguém caindo pelo convés ou pelas pontes do Cinderella. Desta vez, claro que não caí na besteira de desembarcar. À Déia, minha anfitriã, gratíssimo pelo magnífico presente. quarta-feira, julho 30, 2008
O QUE SE PAGA PARA COMER E BEBER Falava de preços. Oslo é a quarta cidade mais cara do mundo, segundo pesquisa elaborada pela Mercer, consultoria em recursos humanos. Moscou é a mais cara e Tóquio está em segundo lugar. Londres, quem diria, ocupa o terceiro. A pesquisa cobre 143 cidades de seis continentes e mede o custo comparativo de mais de 200 itens em cada localidade, incluindo acomodação, transporte, alimentação, vestuário, bens domésticos duráveis e entretenimento. É a pesquisa de custo de vida mais abrangente do mundo, sendo utilizada para ajudar empresas multinacionais e governos a determinar auxílios de remuneração para seus funcionários expatriados. Não tenho idéia dos preços de aluguel e vestuário na Noruega, itens que embasam a pesquisa. Mas na hora de comer e beber, você começa a pensar: quem sabe eu me contento com uma cervejinha por aqui e depois desconto nos vinhos em Paris ou Madri. O chope custa de seis a oito euros, isto é, de 16 a 21 reais. Vinhos, a partir dos 40 euros. Isto é, 108 reais. Um prato em um restaurante mediano, algo entre 30 e 40 euros. (É nestas ocasiões que você começa a namorar os sanduíches). Assim, se você comer a dois com uma garrafa de vinho, a dolorosa sai por pelo menos uns 100 ou 120 euros. Quer dizer, algo entre 270 e 324 reais. Isso sem falar que você não come uma só vez por dia. Detalhe importante: adicione a isso 25% de gorjeta. Ora, em Paris, você encontra, ao meio-dia, menus interessantes que incluem uma entrada, um prato principal, sobremesa e muitas vezes vinho... por dez euros por cabeça. Sendo que na França, a gorjeta já está incluída no preço dos pratos. Lei do Mitterrand. Considerando-se que não sou um Bill Gates, fiz uma opção – transitória, é verdade – pela cerveja. Cá e lá, um vinho para matar a saudade. Aí você chega na Suécia – onde o custo de vida tampouco é barato – e respira aliviado com o preço do chope, cinco euros. Em verdade, estou me lamuriando um tanto à toa. Se você quiser tomar uma Leffe ou Grimbergen, aqui em São Paulo, vai tomar cerveja de garrafa e pagar 30 ou 40 reais. Mas o ser humano é bicho contraditório. Quanto mais inacessível lhe é um prazer, mais ele o persegue. Contraditório como todo bicho humano, tomei cervejas com gosto. E mesmo alguns vinhos. Quanto à gorjeta, os hiperbóreos que me desculpem. Deve ser muito boa a vida de garçom naquelas plagas. Mas sou infeliz habitante do Terceiro Mundo, de país de moeda fraca. Dava 10 % e fim de papo. Um quarto da conta é percentual desumano para um brasileiro. Não ouvi nenhum ranger de dentes. E o Brasil, onde fica? São Paulo, por exemplo, subiu da 62ª para a 25ª posição, igualando-se a Atenas e Amsterdã e superando Madri. O leitor não deve ignorar a história da rã numa panela de água fervente. Se jogada na água já quente, ela pula fora imediatamente. Mas se estiver na panela e a água for sendo aquecida lentamente, ela frita sem se dar conta. É mais ou menos o que acontece quando passamos um ano sem sair do Brasil. Em maio passado, ao voltar de Madri, levei um susto ao almoçar em São Paulo. Com minha companheira de viagem, fui comer num simpático restaurante da Angélica, que tem pouco mais de um ano de existência. Eu almoçava seguidamente lá e até que não achava caro. Bueno, por duas caipiras, dois pratos e um vinho, pagamos 170 reais. Já comentei o fato, mas cabe voltar ao assunto. Nos dias anteriores, em Madri, eu degustava generosos menus – entrada, prato principal e sobremesa, mais vinho – por dez euros. 27 reais. Vezes dois, 54. Menos de um terço do preço de São Paulo. O mesmo preço de muitos restaurantes da Rive Gauche. Verdade que, por esse preço, há sempre algum risco de não comer bem. Mas se você conhece bem o pedaço, vai encontrar culinária digna dos melhores restaurantes. Tente comer por 27 reais com sobremesa e vinho em São Paulo. Não vai conseguir. Pode até encontrar comida barata nessas excrescências ditas “por quilo”. Mas na hora do vinho, dificilmente encontrará vinho palatável por menos de 40 reais. Boa pedida mesmo em Paris é o Chartier, restaurante centenário, popular e dos mais charmosos, que data de 1896 e foi tombado como monumento histórico - http://br.youtube.com/watch?v=L9gqeDLeXDY. Os pratos vão de 8,70 a 12,20 euros, o mais caro. No caso, a andouillette de Trois AAAAA - que está muito bem definida em http://fr.wikipedia.org/wiki/Andouillette. É o primeiro que peço quando chego em Paris. Trata-se de um embutido de tripa com tripas dentro. De porco ou de terneiro. Se é bom? Depende do palato. Eu adoro. Uma de minhas companheiras de viagem provou uma garfada e fez cara de vômito. Quanto ao label 5A, isto quer dizer que as ditas são aprovadas pela Association Amicale des Amateurs d'Andouillette Authentique. AAAAAMÉM! Os vinhos em garrafa, quase todos A.O. C. – Apellation d’origine controlée – vão de 9,80 a 22 euros. Você come em um ambiente refinado, por algumas horas você faz parte de um monumento nacional e paga um preço mais que conveniente. Sim, há restaurantes bem mais solenes e mais caros. A Brasserie Bofinger, por exemplo - http://www.bofingerparis.com/carte. É casa onde entro e não tenho vontade de sair. Os preços de um prato variam entre 16 e 49 euros. Exceção dos frutos do mar: o generoso Royal Bofinger, para duas pessoas, sai por 117 euros. Mas valem o preço. O prato de 16 euros é justamente o das minhas diletas andouillettes AAAAA. Pelo preço de dois pratos e duas sobremesas, mais um encorpado Cahors, eu e a Primeira-Namorada pagamos 74 euros. No solene Chez Lipp - http://www.ila-chateau.com/lipp, restaurante preferido de Mitterrand, Pompidou e Giscard d'Estaing, onde me despedi de meus amigos de Paris no domingo passado, pagamos 60 euros por cabeça. Tente algo equivalente em restaurante equivalente em São Paulo. Sem falar que não há restaurante equivalente, você pagará no mínimo o dobro. Em suma, se você cultiva a bonne chère, largue este país por algumas semanas e vá para Paris. Por incrível que possa parecer, lá se come melhor e mais barato. MIDNATSOL Por onde começar? Melhor pelo princípio, Oslo. Eu não visitava a cidade há oito anos e a encontrei bem mais viva. Fora alguns árabes e africanos no centro da cidade, só gente bonita. Não que árabes e africanos sejam intrinsecamente feios. Mas os que vi por lá eram feios e mal-encarados. Voltando ao hotel de madrugada, fui abordado por um afrodescendentão que consegui esquivar. Mas o bruto não vinha com boas intenções. É meio difícil de acreditar, mas hoje, em uma capital escandinava, caminhar pela noite não é lá muito tranqüilo. Já em Tromsø, ouvi na televisão que um norueguês havia sido apunhalado em pleno centro de Oslo. Ora, ser apunhalado em São Paulo ou Rio faz parte da vida. Ser apunhalado em pleno centro de Oslo gera comoção nacional. Quem anda armado de punhais nas ruas de Oslo? É claro que não são os noruegueses. Tarde da noite, no centro da cidade, me senti ameaçado como jamais me senti em nenhuma capital européia. Voltarei ainda aos punhais. Pelo menos no Aker Brigge - http://www.panoramio.com/photo/5564401 - zona portuária, vi mais animação que nas ruas de Madri ou Paris. Aker Brigge é um grande espaço, rodeado de marinas, transatlânticos, lanchas e veleiros, onde os noruegueses e turistas celebram a bona-chira. O passeio que dá para o porto é totalmente tomado por restaurantes e a impressão que se tem é que ninguém trabalha naqueles nortes. Os restaurantes continuam cidade adentro, além do passeio, e todo mundo está comendo a toda hora. Apesar dos preços mais salgados do que charque. (Voltarei também ao assunto). Nórdicas belíssimas, de um louro que tende ao branco, muitos jovens e muitos idosos, gente que gosta da vida. Certamente com alto nível financeiro, pois ninguém freqüenta bares impunemente em Oslo. Todo mundo rindo e confraternizando, despreocupação total em relação ao futuro. Mais ou menos minha idéia de paraíso. O que me espantou foi ver Oslo tão ou mais animada que Paris ou Madri. Lá pelas tantas, a Primeira-Namorada leu em um guia que lhe passei, que “se você quiser escapar do estresse de Oslo, pode visitar regiões próximas à cidade”. Nossa! Aquele estresse terrível de gentes para quem o amanhã nem parecia existir, me chocou profundamente. Cena para fotografar, mas que não fotografei. Fui pego de sangue frio. Duas mulheres, ébrias não sei de álcool ou de vida, dançavam ao caminhar pela Aker Brigge, cantando Guajira Guantanamera. Subitamente, tomada por alguma insólita hybris nórdica, uma delas levantou a saia até a cabeça e continuou sua marcha triunfal, rebolando e batendo firme com os tacos no chão. Guajira Guantanamera, Guajira Guantanamera, Guajira Guantanamera. Yo soy un hombre sincero e devo confessar que até hoje me perturba a memória aquela saia erguida, a calcinha exígua e aquele remelexo infernal. Em suma, vi uma Oslo insólita, de uma alegria hispânica. Há, é claro, o fator verão. Para países onde o inverno e a escuridão reinam por oito meses, um mês ou dois de luminosidade é sempre festa. É claro que no invernão norueguês mulher alguma levantaria a saia até a cabeça e sairia cantando pelas ruas. Há um senão, os preços. Pelo menos para nós, escória do Terceiro Mundo. Oslo é quarta cidade mais cara do planetinha. Mas primeiro falarei dos punhais. Nunca imaginei que um cidadão poderia ser apunhalado no centro daquela cidade. Mas, ao que tudo indica, a arma branca está se tornando corriqueira na Europa. In illo tempore – como diziam os evangelistas – li no El País uma inquietante reportagem sobre Londres. Uma onda de homicídios com punhais e navalhas está assolando a cidade. En lo que va del año – como dizem os espanhóis – 21 jovens foram assassinados por punhaladas. Por semestre, creio que nem em São Paulo temos tanta gente morta por punhal. Recentemente, a capital britânica viu quatro jovens morrerem apunhalados em apenas 24 horas. Os jornais nada dizem sobre os assassinos. O que só prova uma coisa: são africanos ou árabes. Quando um árabe ou africano mata ou estupra na Europa, a imprensa nada diz sobre os criminosos. Se o criminoso for um nacional, seu nome é entregue aos leitores. Volto a insistir: se você não conhece a Europa, visite-a antes que acabe. Aliás, aquela Europa que conheci há trinta e mais anos, não existe mais. Lembro que jamais senti alguma inquietação ao flanar pelas madrugadas nas noites de Estocolmo. Hoje, há ruas e bairros de risco. Detalhe desagradável em Oslo. Dezenas de boates emitindo para a rua um som de bate-estacas. É como se o som fosse o anúncio da boate. Na penúltima viagem, não encontrei este bordel. Meu hotel ficava distante de qualquer dessas caixas de ruído, mas fico me perguntando como se sente quem mora perto. O paraíso está começando a ficar bichado. Os países do sul do continente estão encetando uma reação – tardia, é verdade – à ameaça dos bárbaros da África e Oriente Médio. Mas os nórdicos, em sua santa ingenuidade, continuam a recebê-los aos magotes. A Suécia, por exemplo, que já foi invadida por árabes e turcos, está sendo agora invadido por hordas de afegãos, iraquianos e somalis. De Oslo, peguei um trem até Bergen, a porta dos fjordes, antiga capital da Noruega e porto hanseático, http://pt.wikipedia.org/wiki/Bergen. Tem um espaço semelhante ao Aker Brigge, bordado por um casario de madeira muito colorido, mas sem a imponência do Aker Brigge, bem entendido. De Bergen, navegamos pela Hurtigruten, http://www.hurtigruteninpictures.com até Tromsø, além do Círculo Polar Ártico. Não conheço o mundo todo, mas duvido que exista viagem mais fascinante. Os barcos vão entrando pelos fjordes e atracando no portos do litoral. Não é, em princípio, um cruzeiro. Hurtigruten quer dizer Expresso Costeiro. É a fórmula mais prática de viajar pela Noruega, uma tripa de país montanhoso. Mais ainda: viajando pela Hurtigruten, viajar é melhor que a viagem. O primeiro fjord é o Geiranger, http://en.wikipedia.org/wiki/Geiranger. Fascinante. Cachoeiras caem o tempo todo dos penhascos, de picos sempre cobertos por neves, mesmo no verão. Em determinado momento, sete cachoeiras se reúnem. São as Sete Noivas. Espetáculo de cortar a respiração. Mais adiante, os penhascos se afunilam e o fjord se reduz a uns trezentos metros. Foi precisamente neste momento em que a Força Aérea norueguesa deu sua contribuição ao show. Dois caças sobrevoaram o navio e mergulharam naquele estreito abismo. Não pode ser coincidência, pensei. Não era. Todos os dias, mais ou menos ao meio-dia, os caças voltavam para abrilhantar o espetáculo. Uma espécie de lembrete: a Noruega não tem apenas uma portentosa frota naval, mas também uma Força Aérea. Mas se você perdeu a respiração nas Sete Noivas, guarde um restinho de fôlego para o que vem pela frente. Um pouco antes de chegar a Tromsø, na altura das ilhas Lofoten, o mais lindo dos fjordes o espera, http://www.hurtigruteninpictures.com/trollfjorden-lofoten-norway.html. O Trollfjorden é pequeno, coisa de dois quilômetros. Mas a beleza é tanta que dá vontade de chorar. Vontade não, chorei mesmo. Já o havia visitado há oito anos, com minha Baixinha adorada. Eu lia no Panorama Lounge do Vesterålen - http://arctic360.360vt.eu/vesteralen - quando ela desceu do convés, desesperada. “Sobe logo, nem imaginas o que está acontecendo lá fora”. Era meia-noite, uma daquelas meia-noites irreais de sol de meio-dia. Frio de lascar. Era uma espécie de cinema em 360 graus, onde era difícil saber para onde olhar. Confesso que nem no Sahara vi algo tão belo. Muito menos na Terra do Fogo. Nos foi servida uma sopa de mariscos, que aqueceu até a alma. Nessa altura, já ultrapassamos o Círculo Polar Ártico. Já em Bodø – http://en.wikipedia.org/wiki/Bod%C3%B8 –, o sol da meia-noite começa a dar suas caras. Para quem não vive por aquelas bandas, não dá vontade alguma de dormir. Melhor chamar mais um vinho e contemplar madrugada afora aquele meio-dia fora de horas. Aportamos em Tromsø – http://www.eveandersson.com/norway/tromso - no quinto dia de navegação. Em pleno verão. Lá pelas onze da noite – noite que não é noite - postei-me em um simpático boteco na Storgatan com a Primeira-Namorada. Pedimos um vinho. Bebemos até a meia-noite profunda, isto é, com sol de meio-dia. Gentes girando pela rua como se meio-dia fosse. Ela não acreditava: “mas isto ainda vai escurecer”. Não vai, disse. E vou te provar. Pedi mais um vinho. Lá pelas duas, creio que ela passou a acreditar no que via. Fotos da Primeira-Namorada durante a viagem, da Noruega, Estocolmo e Paris, estão em http://www.flickr.com/photos/isapgm. terça-feira, julho 29, 2008
INTERVIEW WITH THE GREATEST LINGUIST SINCE MEZZOFANTI (1) Translated by "The Linguist Blogger" Posted on June 29, 2008 by Ryan Dr. Carlos do Amaral Freire is quite possibly the greatest linguist in known history. When Ziad Fazah lived in Southern Brazil, he borrowed books from Dr. Freire’s vast personal library. His studies and achievements rival those of the legendary Giuseppe Mezzofanti. His travels, insights and abilities are extraordinary, so much so that I had to find him and talk to him myself. A few weeks ago the two of us had a very pleasant chat on the telephone and I have been wanting to write more about him on this blog ever since. Given that he has already been interviewed many times, I thought that it might be better to translate one of those interviews so all of you could read it and draw your own conclusions. This interview was conducted by Janer Cristaldo for Jornaleco on April 15th, 2008 in São Paulo, Brazil. I’ve only finished translating half of it and will include the other half in the next few days. Those of you who know Portuguese can read the article here. I hope you enjoy this first half of the interview as much as I did. The University of Cambridge considers him one of the greatest scholars of the 21st century. To date, he has systematically studied more than one hundred languages and mastered sixty. For the past forty years he has been developing a project to systematically and scientifically study two new languages a year. He has translated sixty languages into Portuguese, from Sanskrit to Chinese, which have been gathered together in a poetry anthology called Babel de Poemas. A publishing contract is being negotiated with L&PM. One of his monographs, Los fonemas oclusivos y africados del aymara y del georgiano (Plosive and Fricative Phonemes of Aymara and Georgian), was published in Spanish by the University of Sucre and translated into Russian and Serbo-Croatian. He was born seventy years ago in Dom Pedrito, in the state of Rio Grande do Sul, and has studied in the United States, Spain, Italy, China and the former Yugoslavia, Czechoslovakia and USSR. His name is Carlos do Amaral Freire, he is 70 years old and he currently lives in Florianopolis, Brazil. Janer - Where and how did your interest in languages come about? Carlos - My interest in studying foreign languages came about early on - when I was still a gymnastics student - when I realized that reading translations of foreign classics was an enormous disadvantage. That is, I realized that only by reading the original could I enjoy the esthetic pleasure that only the original can fully offer. Later on I became captivated by the fascination of studying and discovering, through languages, so many other worlds, cultures and different ways of thinking. This was mainly due to the many travels I would have later on. My knowledge of foreign languages gave me the opportunity to make friends with a lot of people in many different parts of the world. Perhaps mastering foreign languages offers us a more effective tool for obtaining knowledge and accepting what is different. Janer - You’ve dedicated the past few years to an incredible undertaking in Portuguese, as well as in your other languages: the translation of sixty poems into sixty different languages. Have you had any trouble with the publication of this project? Carlos - I have been translating many, many foreign languages into Portuguese for more than twenty years, both prose and poetry. First I started translating short stories, mainly as a hobby or rather as a linguistic challenge, to test my own knowledge and abilities acquired during more than forty years of systematic study. Let me explain…when I study a certain language, I set a goal to get to the point where I can translate a bit of that language into Portuguese and, if possible, communicate in it orally. I started translating short poems in Latin, Germanic and Slavic languages. Later on…I tried the rest of them. After that, acting on advice from friends, I resolved to put together all of my translations in a multilingual anthology which included the originals with their corresponding translations into Portuguese. And, as an addendum, I included short biographical and linguistic notes where I provide a little bit of information about some of the exotic languages, ones that are less well known to Brazilian readers, like Georgian, Maltese, Papiamento, Romansh, Indonesian, Swahili, Albanese, etc. I did have trouble finding a publisher. Some publishers (university ones mainly) told me that there were technical problems - twelve different alphabets, the need to make numerous diacritic signs and symbols - however, the main reason was the fact that publishing it would be tricky and not very lucrative. Janer - Where did you learn your non-Latin languages like Chinese, Russian and Arabic? Carlos - I studied Latin and Germanic languages in Porto Alegre in the PUC (Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul). I studied the Slavic ones in the United States, Italy, Yugoslavia, and Czechoslovakia and in the former USSR. I had already started Russian here in Brazil during my college days with a few immigrants. With Russian I created a method that I find extremely efficient. I went to live with a Russian family so I would be able to practice it in day to day life. I took care of the theoretical part on my own. I practiced Chinese, which I had also started here in Brazil, with natives of that language (Mandarin) and later on I had the opportunity to take a normal course at the University of Madrid and then, after that, at the University of Texas. After that, around 1985, I took an intensive course at the University of Beijing. I studied Arabic mainly with Palestinian friends that I had here in Brazil. Later I had the opportunity to take a theoretical/practical class in that language, which was also at the University of Madrid. In the end, I could say that I studied around thirty languages in regular, official university courses. The rest are self-taught. Someone once said that the first ten are the most difficult. After that, depending on your objective or momentary need, people invent their own method. Janer - Do you consider Chinese to be a simple language? Carlos - Yes. Chinese is very simple in linguistic terms. That is, it is a simple language in comparison to Indo-European languages, which are complex. I think that this is precisely the reason why learning it ends up being so difficult for Westerners like us. We are used to complex linguistic structures, like that of Portuguese. Chinese is extremely concise. It has no gender or numeral grammar and its verbs are not conjugated. Simple is not a synonym for easy. When it comes to Chinese, the word is an antonym. Its simple structures become difficult and confusing because we don’t know how know how to compare them to our own. Janer - In Bolivia you found a “non-Aristotelian” future in Aymara. Tell us more about this discovery. Carlos - During my long stay (ten years) in Bolivia, where I was assigned by the Ministry of External Relations as the director of the Center for Brazilian Studies in La Paz, I quickly began studying the languages of the Altiplano with native speakers. That was a very valuable experience for me because, later on, I was invited to teach comparative linguistics at the Universidad Mayor de San Andrés, in La Paz. The course compared the linguistic structures of those languages with many others, some Indo-European and others not Indo-European. I came to some interesting conclusions about the notable phonetic similarities between these languages and Caucasian languages as well as structural similarities with Altaic languages. Regarding Aymara, the Bolivian mathematician and Aymarist, Guzman de Rojas said, “A different non-Aristotelian linguistic logic is clearly incorporated in the syntax of that language.” The deficient communication or rather the age old misunderstanding between the Indians and the Conquistadors is greatly explained due to their different concepts of reality. In the Aymara’s case this is distinctly reflected in their syntax of special morphemes that are very well defined. Those of us who speak Indo-European languages are instilled with the Aristotelian concept: dichotomy, with the truly false X and truly correct X, X yes and X no. We have some trouble with accepting or comprehending the trivalent concept of Aymara: correct-incorrect-verisimilar, with ambiguity or the third value of truth. To make the trivalent logic of Aymara a little clearer, I will use two examples from the remarkable monograph of Guzman de Rojas, Problemática Lógico-lingüística de la Comunicación Social en el Pueblo Aimara (Logical and Linguistic Problems of Social Communication with the Aymara people). When a native speaker of Aymara expresses himself in Spanish and says, “Mañana he de venir nomás.” (Tomorrow I shall come no more/I just have to come tomorrow) the words he uses do not coincide with the meaning of those very same words in Spanish or Portuguese. The expression “nomás”, that is so common in popular Bolivian and Peruvian Spanish - in similar situations - really reveals a thought in Aymara that is poorly translated into Spanish. In his native language he would use the phrase, “Qharürux jutätki.” where the morpheme “ki” translates into or expresses a symmetric doubt, the third value of truth. This is something that simply does not exist in our languages. Therefore, he uses the expression “nomás” to translate the suffix “ki” which indicates verisimilitude. What he really means to say is this, “Maybe I’ll come tomorrow or maybe I won’t. I’m not making a commitment.” However, when he says, “Mañana he de venir pues” he uses the word “pues” to translate the suffix “pi” in Aymara, which indicates certainty. Therefore, “Qharüru jutätpi” is the way one says in Aymara that would correspond to our way of saying, “I am certain to come tomorrow, I have made a commitment.” So we see that Aymara has a positive future tense, a negative future tense and a future tense of symmetrical doubt. Consequently, if our politicians spoke in Aymara they would have to be very careful about what type of future tense they used. Janer - I did some research on Guzman de Rojas. I don’t know if you know, but he created the Qopuchawi, an ICQ that translates messages instantly into six languages. Carlos - During my long stay in La Paz I had the privilege to become Guzman de Rojas’ friend and to follow his project closely. And do you know which language he uses as a base for translation into the other five? Aymara: an agglutinative language that has extraordinarily regular suffixes. Janer - You did a study about the phonological affinities between Aymara and the Caucasian languages that was Published at the University of Sucre and translated into Russian. Carlos - My monograph is called Los fonemas oclusivos y africados del aymara y del georgiano (Plosive and Fricative Phonemes of Aymara and Georgian) and it was published by the University of Sucre. Later on it was translated into Russian because the comparison with Georgian was always interesting to Soviet linguistics. After that, between 1968 and 1988 - when I had the position of lecturer of the Portuguese language at the University of Belgrade - that project was translated into Serbo-Croatian because it had not only made the linguists curious but also some anthropologists and other academics that listened to my lectures. I am convinced that Quechua and also Aymara are typologically Altaic languages. However, phonologically they are similar to the Caucasian languages, particularly Georgian, which was Stalin’s native language. Janer - Can you tell us how you arrived at that conclusion? Carlos - How did I arrive at that conclusion? Well…I was teaching a phonology class to my Latin Languages students at the University of La Paz. I played them a tape of a language that was unknown to them (as well as to me at that time). After having played the text several times in the language lab I had them transcribe these words that they had repeatedly listened to using the International Phonetic Alphabet (IPA). When the project was done I found that the students whose native language was Quechua or Aymara got at least an 80% on the project while the native speakers of other languages got a 20%, at best. What was my conclusion? If you hear an unknown language for the first time and are able to identify more than 80% of its phonemes it is because these phonemes almost certainly exist in your native language. After that I continued with my research. I came into contact with friends from the University of Tbilissi, which is the capital of Georgia, and to my surprise I was invited to conduct some field research for the Academy of Sciences of what was then the Socialist Republic of Georgia. My paper, Los fonemas oclusivos y africados del quechua y del aymara is the practical result of that research. In fact, Georgian, which was the unknown language from my phonology class, has a remarkably similar phonology to that of Aymara. INTERVIEW WITH THE GREATEST LINGUIST SINCE MEZZOFANTI (2) Translated by "The Linguist Blogger" Posted on July 7, 2008 by Ryan Dr. Carlos do Amaral Freire is a truly amazing individual. He has conducted research, taught and studied languages at home in his native Brazil, the USSR, China, the USA, Bolivia and many other countries. He has surpassed the legendary Cardinal Mezzofanti by studying more than 115 languages. This is a continuation of my translation of an interview that he did in 2003. Janer - How many languages have you currently mastered and what are your criteria for having mastered a language? Carlos - Mastering a language, even one’s own native language, is an extremely difficult endeavor. For me, however, mastering a language is having a theoretic and practical knowledge that allows me to communicate in it and, even with some difficulty, translate literary text. Based on these criteria - which are a little personal - I say that I have mastered about thirty languages. I can translate a few others but I have very little practical knowledge of them. When they ask me how many languages I speak (or that I have mastered) I prefer to answer that I know, or that I have studied, with philological and linguistic criteria, more than one hundred languages during a period of fifty consecutive years. Since graduating in Neo-Latin and Anglo-Germanic Languages [PUC, 1958] I’ve kept up a tradition of systematically studying at least one new foreign language at the beginning of each year. I already chose the next one: Wolof, which I started studying on January 1st of 2003. Janer - Translating is impossible but necessary. What is a translation from Chinese to Portuguese like? Carlos - I don’t think that translating is impossible. The proof of that is that there are truly significant translations that are excellent, especially when the source language and the target language belong to the same linguistic group and the cultures that they are connected to are close. In the introduction to my poetry anthology, Babel de Poemas, I try to show how classical Chinese poetry is almost untranslatable. You can translate part of it but not all. Why? It is because Chinese poetry is written with ideograms, a truly visual art. It is a tonal language and therefore musical. It’s lyricism, literature because of its poetic content. A Chinese poem is a combination of these three arts: painting, music and literature. Chinese calligraphy is an art that consists not just of characters and words for transmitting a message but also of comprehending a visual element that expresses a meaning through its form. Therefore, ideograms have a high symbolic value that is untranslatable into other languages. The discovery of ideograms’ great esthetic value by Western poets, mainly Ezra Pound, and then by our own avant-garde Concretistas was a fruitful source of inspiration. In short, we could say that the untranslatable part of Chinese poetry is not written but painted with a brush. It’s visual art. It is heard when read aloud as a combination of tones, music. What’s left to translate is somewhat abstract and generic. It’s like taking something consubstantial out of the body of poetry. It is precisely this intrinsic harmony that exists between content, form and an extremely concise style that makes classical Chinese poetry almost untranslatable. Janer - According to the French linguist Claude Hagège, a language disappears every fifteen days. In other words, twenty five languages die every year. More than half of the Indonesian languages would be considered on their way out. The rhythm of language extinction, which was accelerated in the last century, should become much faster in this one. Does this deprive humanity or does it facilitate our communication? Carlos - The Malaysian/Polynesian situation is very illuminating. These languages are spoken from Madagascar to Polynesia. More than 200 different languages are spoken in the Republic of Indonesia alone. Seeing as all of these languages belong to the same language family it was relatively easy to make Indonesian the country’s official language. It’s a lingua franca, the result of simplifying and assimilating many other local languages. Only the old Indonesian languages that have literary and historical importance, like Javanese (sixty million speakers), Sudanese, Toba Batak, Madurese, Balinese and a few others will be able to survive for very long. The rhythm of language extinction must continue as long as concerned countries do not have defined language policies, the necessary economic conditions and, above all, the support of competent linguists who can study and classify minority languages that are on the path to extinction. In order for them not disappear completely, it is absolutely fundamental for them not continue unwritten and for there to be schools that teach them. Theoretically, it obviously would be easier for mankind to communicate if there were only a few languages. However, it is equally certain that this would result in a great spiritual loss. Languages are fundamental, unique and unrepeatable aspects of the human experience. Moreover, they are the greatest characteristic of our species. Every language that disappears - especially without leaving a trace or having been studied and documented - means a species becomes extinct. Janer - There was an alarming study conducted by UNESCO stating that no less than 5,500 of the world’s 6,000 languages will disappear within a century. Do you believe that this is possible? Carlos - If the previously mentioned measures are not taken hundreds of languages will be inescapably lost in a short amount of time. Janer - Could the expansion of the Anglo-American language and other big languages be the reason for this language massacre? Carlos - The expansion of the Anglo-American language, as well as all other big international languages, is the logical consequence of military and economic conquests, as much today as it was in the past. The conqueror’s language generally prevails. Janer - Your current project is to study Wolof. It is believed that this language is as dangerous to the minority languages of Senegal as English and French since it isn’t considered a foreign language and posses the prestige of the great African languages. Do you have any thoughts about this controversy? Carlos - In Senegal there are ten native languages, six of which are promoted as national languages. Wolof is understood by 80% of the population. The six national languages - Pulaar, Serer, Jola, Mandinka and Soninke, in addition to Wolof - are taught in elementary school and transmitted by radio and television. Senegal has, therefore, a defined language policy and I do not believe that the other languages run the risk of disappearing, like in other countries. Senegal will probably continue with French being its official language and Wolof being its different ethnicities’ most important lingua franca. Janer - There are linguists everywhere trying hard to save languages spoken by communities of fifty to one hundred people. Are these efforts worthwhile? Carlos - It was precisely his knowledge of one of the most ancient pre-Colombian languages, Aymara, spoken by around two million people in Bolivia and Peru, that led Guzman de Rojas to prove that this native language has a third inclusion logic embedded in its syntax. It has a trivalent logic and not a dichotomist (x is true and y is false) Aristotelian logic which all Indo-European languages and all Western cultures have. The Aymara speakers have reasoned according to that principle for centuries which, today, is recognized and defended by a large number of scientists and philosophers: Lobachewsky, Vasilev and J. Lukasiewicz in mathematics. Planck in physics, J. Lacan in psychoanalysis and many more. This is just one persuasive example that proves how much linguistics, applied to studying two minority and exotic languages, can contribute to science and to the knowledge of mankind. I am completely convinced that more profound studies of languages that communicate for non-Aristotelian cultures can make even more contributions to this field of research which studies the third inclusion. I think that Weltanschauung research about indigenous language speakers, as well as Chinese, Japanese and Korean speakers - in addition to other languages that do not contribute to the principle of contradiction and classical logic - will be able to confirm, definitively, the third inclusion hypothesis in the near future. It’s worth remembering that even Einstein admitted that the third exclusion principle, in classical science, is only a metaphysical postulate. There is no doubt! It is worth the effort. It is linguistics’ absolutely highest priority. Janer - Schools in the Basque Country and in Catalonia are giving more emphasis to the Basque and Catalan languages than to Spanish. In Spain there are parents who can no longer communicate with their children. In your opinion, is it at all profitable to give up a language spoken by hundreds of millions of people and to lock one’s self in a minority language spoken by only a few hundred thousand? Carlos - Basque (Euskera) and Catalan are in two different situations. Basque is still a linguistic enigma. It has no proven scientific relationship with any other linguistic group. It is a unique language that is loved, studied and spread by its speakers. Unlike hundreds of African, Asian and Amerindian languages, Basque is far away from extinction. Quite the opposite in fact; interest in this language has grown enormously and it is being taught and spread by the media at every level. Catalan is a language with an extremely rich history and a magnificent literature. It is certain to have a steady growth. If the language policy of the Spanish government continues to be as democratic as it is now, recognizing the autonomous provinces and different cultures, its fate will be secured. Only if there is a split in the state and those provinces become independent will their speakers prefer their native language and abandon Spanish. Janer - There is a new language being proposed in Europe: Europanto. To speakare europanto, tu basta mixare alles wat tu know in extranges linguas. It would be the only language in the world that could be learned almost without any study. It’s 42% English, 38% French, 15% a mixture of other European languages and 5% fantasy. No est englado, non est espano, no est franzo, no est keine known lingua aber du understande. Wat tu know nicht, keine worry, tu invente. Does it have a future? Carlos - I don’t think that Europanto has a future. Moreover, the issue of an artificial international language being accepted is more political than linguistic. From a purely linguistic standpoint Esperanto is a masterpiece, nevertheless, it has yet to be implemented it as it should be. Janer - How many languages have you forgotten? Carlos - That’s a good question…I’ve forgotten many, or rather, many of the languages that I have studied are quite deactivated. However, with a little effort they can be activated again. Translating, for example, is one of the best ways to not forget them. On the other hand, old age - I am 70 now - is an inevitable negative factor. ---------- This concludes my translation of this fascinating interview with one of history’s greatest linguists. You can read the first half of the interview here in English: http://thelinguistblogger.wordpress.com/2008/06/29/interview-with-the-greatest-linguist-since-mezzofanti/. You can read the whole interview in Portuguese here - http://www.jornaleco.net/Entrevistas/CarlosdoAmaral/index.htm. Portuguese speakers can also watch a clip of Dr. Freire being interviewed on Brazilian T.V. which has been posted on youtube - http://br.youtube.com/watch?v=3BiCadms8PM . quinta-feira, julho 24, 2008
EM PARIS Leitores reclamam de minha ausência. Como ando em viagem, não tenho o tempo necessário para escrever. No momento, estou em Paris. Semana que vem, retorno a esta bitácora. terça-feira, julho 08, 2008
MUITA ÁGUA SOB A QUILHA Estou hoje em Bergen, simpática cidade portuária da Noruega. Embarco hoje no Vesteråland, rumo ao norte. Devo subir até Tromsø, já no Círculo Polar Ártico, onde marquei encontro com o sol da meia-noite. Durante cinco dias, navegarei por mares e fjordes, descendo no portos de Ålesund, Trondheim, Bodø, atravessarei as ilhas Lofoten até chegar à "Paris do Ártico", como é conhecida Tromsø. Já fiz este percurso com minha Baixinha adorada. É magnífico. Aquele sol que jamais se esconde nos rouba qualquer vontade de dormir. É presente que prometi à Primeira-Namorada e estou pagando com muito gosto. Em seus 25 anos, ela está se revelando uma assessora de viagens extremamente eficaz. Gosta de fotografar e está imersa em uma orgia de fotos. A paisagem convida. Estou feliz. domingo, julho 06, 2008
CARLOS DO AMARAL FREIRE Para leitores anglófonos, esta entrevista que fiz há algum tempo com o poliglota Carlos do Amaral Freire: http://thelinguistblogger.wordpress.com/ sábado, julho 05, 2008
CAMPEREANDO PELOS PAGOS DOS HIBERBÓREOS Leitores, perdão! Vou ausentar-me, por não poucos dias, deste espaço. Ano passado, prometi à Primeira Namorada o sol da meia-noite. Estou cumprindo. Julho é o último mês em que eu viajaria à Europa. Estação alta, preços também. Temperaturas idem. Mas, se quero o sol da meia-noite, só em julho. Para onde vou, o calor não atrapalha. Será o verão boreal. Posso contar até com zero grau. Com sorte, até mesmo neve. Subirei pelo litoral da Noruega, navegando pela Hurtigruten até Tromsø, e volto por Estocolmo, onde vivi meus dias de loucura juvenil. Até hoje não entendo muito bem como fui parar lá. Ou melhor, entendo. A Suécia era tida como uma versão terrenal do paraíso. Onde habitavam as adoráveis louras nórdicas. Ora, a idéia das adoráveis louras nórdicas me puxava fortemente. Atraído pelo mito, deixei no Brasil minha adorável loura gaúcha. Um ano depois, voltei aos braços dela. Chorando. As nórdicas constituíam um atrativo tão poderoso que nem me dei conta que vivi um ano em um país onde era proibido beber nos bares. Sofro sempre que volto a Estocolmo. Foram dias de muitos sonhos. Giovanni Papini, escritor italiano morto em 1956 – que bem merece ser revisitado - tem um conto belíssimo, “O homem que não pode ser imperador”. Papini começa xingando quem o lê: Leitor, quem quer que sejas, queria neste momento ter-te aqui, cara a cara, e cravar meus olhos nos teus, estreitar tuas mãos nas minhas e dizer-te em voz baixa: acreditas que vives, que vives de verdade, profundamente, inteiramente? Tua vida te parece tão bela e grande como a sonhaste nos dias ardentes da juventude? E ainda mais baixo, simplesmente queria perguntar-te: tiveste uma juventude? Sentiste em ti, dentro de tuas entranhas, em teu sangue, algo que fermentava, que fervia, que se agitava, que tremia, que queria sair, derramar-se, inundar o mundo como um lago de chamas? Sentiste algum dia, depois de alguma hora de inquietude, depois de um grande crepúsculo, depois dos versos de um poeta, sentiste que eras tu, tu em pessoa, o primeiro homem, o descobridor da vida, o descobridor do mundo? Não te pareceu mísera esta vida, e não te pareceu pequeno o mundo? Não desejaste a morte por amor à vida? Não experimentaste a avidez de Alexandre ante o céu distante? Isto gostaria de pedir-te, vil leitor, homenzinho esquálido que estás lendo estas páginas, escutando as palpitações de uma vida alheia, porque não sabes realizar atos, porque não sabes viver por tua conta. Não te parece vil, covarde, covardíssima, a ação que estás cometendo? Uma cadeira te sustenta, à tua frente há papéis costurados, nesses papéis há signos pretos e tua alma sorri ou geme, vê ou entrevê, à medida que os signos vão despertando à força tuas imagens sonolentas. E tu crêes viver, creio, lendo livros. (...) Falo precisamente para ti e quisera ter-te frente a mim, para que sentisses na cara o cálido alento de meu desprezo. Eu te desprezo, leitor, te desprezo por uma razão terrível, por uma razão odiosa, dolorosa: me pareço muito contigo, sou quase como tu, leitor, talvez eu seja tu... Quando jovem, fui esse vil leitor. Lia muito e pouco vivia. Sou filho de camponeses. Vivi meus primeiros dez anos no campo, sem conhecer cidade. Até hoje me sinto um pouco camponês. Ocorre que eu vivia junto a uma fronteira. Nasci a uns quinhentos metros do Uruguai, junto à Linha Divisória, onde marcos de concreto marcam os limites do país. A Linha coincidia com o horizonte. Desde criança, tive a noção que depois do horizonte estava o desconhecido. De légua em légua, havia um marco maior, o Marco Grande. No caso, o Marco Grande dos Moreiras, meu clã. Meu pai me erguia nos ombros e fazia-me subir no topo do marco. Me virava para o oriente e dizia: “Meu filho, fala para os homens do Uruguai”. Aí eu dava meia-volta e a ordem era outra: “Fala, meu filho, com os homens do Brasil”. Me criei olhando para o anecúmeno. As fronteiras geram dois tipos de homem. Um, o nacionalista atroz, que sempre acha que seu país é o melhor. Outro, aquele que acha que não é bem assim e quer olhar o outro lado do mundo. Sou este segundo. Minha primeira viagem foi do Upamaruty, distrito rural de Livramento, a Dom Pedrito. Tinha dez anos e fui de bicicleta, por dez léguas de areia e barro. Decepção. As cidades, talvez por influência de contos infantis, eu as imaginava todas douradas e esplendorosas, com castelos e torres. Dom Pedrito era cinza, lhana, sem torres nem castelos. Mas pouco parei por lá. Fui depois a Porto Alegre, naqueles dias em que existiam trens. Gostava de ir até o último vagão, me sentava no estribo que dava para os trilhos e os via juntaram-se na distância. Dizem que paralelas não se encontram nem no infinito. Mentira. Eu as vi se encontrando. Ranchos de beira de ferrovia iam passando e eu matutava: como pode alguém viver eternamente ao lado de trens que passam, sem ter a ambição de um dia viajar? Continuei minha busca pelas cidades esplendorosas. Claro que Porto Alegre não era uma delas. Acabei caindo em Estocolmo, nesta cidade para a qual hoje volto saudoso. Cheguei em dezembro, em pleno inverno boreal. Nada de luminosidade, mas pelo menos lá estavam as torres e castelos. Jovem e arrogante como todo jovem, me senti como que conquistando o mundo. Vivia numa capital das mais sofisticadas do Ocidente e havia deixado para trás o infame Terceiro Mundo. Na chegada, me pareceu estar em Plutão, sensação que não me desagradou. Dos trópicos, eu só queria distância. Lá por fevereiro ou março, o sol resolveu dar o ar de sua graça. As suecas, nas praças e paradas de ônibus, abriam suas blusas, fechavam os olhos e expunham os peitos ao sol. Não por acaso, há um monumento em Estocolmo, o soldyrkare (o adorador do sol). Havia um porém. Ou melhor, dois poréns. Não sei bem qual foi o primeiro ou o segundo. Por um lado, os hiperbóreos me queriam como lavador de pratos ou algo por el estilo. De outro, se eu havia deixado o Terceiro Mundo, também deixara nele a mulher que adorava. Naquelas noites hibernais e claras – a neve ilumina – eu permanecia estático na janela de meu quarto, olhando o vazio e o silêncio e sofrendo mortalmente a ausência de minha Baixinha. Certo dia, um amigo boliviano chamou-me à razão: Sos un boludo, che! En Brasil hay una mujer que te quiere. Que haces en esta tierra de hombres tristes? Voltei. Já contei, mas conto de novo. Na Suécia, fui contaminado por um mal nórdico, crônico e sem cura, a resfeber. Febre de viagens. Quem um dia bota o pé nas encruzilhadas deste vasto mundo, não consegue parar mais. Continuei minha busca de cidades esplendorosas. Fui para Paris. Tinha trinta anos. Lá, fui acometido de uma dura epifania. Aos trinta, Napoleão já tinha conquistado o Egito. Alexandre havia conquistado o Oriente. Quanto a mim, sequer conseguira organizar meu exército. Volto a Papini: Um dia, um homem pegou suas roupas, envolveu-se numa capa e saiu de casa, rumo aos país do Leste, para conquistar o mundo. Estava cheio de pensamentos. Seu coração era maior que o mundo. E pensava: conquistarei um reino tão vasto, que os correios encanecerão antes de chegar a seus confins para levar minhas mensagens. Conquistarei um tesouro tão grande, que um dia poderei encher um lago de moedas de outro, se quiser. Gozarei brancas mulheres em camas da cor do mar. Derrubarei inimigos terríveis, nas montanhas, com o fogo de meu olhar. Hoje sou um homem pequeno e pobre, e só uma capa me cobre, mas meus pensamentos são magníficos e quero chegar a ser senhor de tudo que existe e dono de tudo que vive. Este homem foi a uma cidade e quando anunciou que queria ser rei e conduzir os homens à guerra para conquistar um grande reinado, todos riram a seu redor. Pensou então em castigar aquela cidade quando fosse poderoso e se dirigiu a uma outra, onde lhe aconteceu o mesmo. E assim andou por todo o mundo, e em todos os países riam-se dele e lhe davam dinheiro, tomando-o por um louco mendigo. Finalmente, um dia se encontrou diante de sua casa. Nada havia mudado: só suas sandálias estavam gastas, sua capa cheia de buracos e seus cabelos se haviam tornado brancos. Entrou em casa e pensou: ‘Ninguém quis seguir-me. Não tive força para erguer sequer um só exército. Não conquistei nem mesmo um tesouro. Nunca serei, ao que tudo indica, dono do mundo. Pôs-se então a meditar sobre sua sorte e permaneceu melancólico durante vários dias. Mas certa manhã – era março e nos prados já surgiam as primeiras flores amarelas – despertou alegre e disse a si mesmo: Finalmente compreendi meu destino. Estive cego ao sair a conquistar o domínio do mundo. O que acreditava ser isso não é o verdadeiro, o real, o mundo supremo, senão o mundo das aparências, dos sentidos, do engano. É o mundo do arado e do mercador. O mundo verdadeiro só se descobre no pensamento, e eu posso ser dono dele quando quiser desde que busque em mim, no mais profundo de mim mesmo. E aquele homem – não esqueçam – foi o pai de todos os poetas, o pai de todos os metafísicos, o pai de todos os sonhadores. Ele fundou a dinastia daqueles que, não possuindo um pedaço do mundo real, fabricam para si mesmos a cada dia cem pequenos mundos de alento, de pó e de barro. E tu – leitor – e eu, e todos nossos companheiros, somos os últimos descendentes do homem que não pode ser imperador. Não que eu quisesse ser imperador. Este projeto não estava em minha mente de camponês. Tampouco considero que o mundo que vi seja miragem. Mas... um país é lindo quando nele existe a quem amamos. Como o personagem de Papini, não conquistei o mundo. Mas sim algo mais importante que o mundo, a mulher que me acompanhou por quatro décadas. E por outras tantas acompanharia, se ela não tivesse partido. Vou rever, nos próximos dias, meus dias de jovem. Quero mostrar à Primeira Namorada a Karlaplan, aquela praça belíssima onde um dia morei. De paisagem cambiante, era hirta de neve no inverno, plena de verde no verão, florida na primavera e dourada no outono. Skansen, ilha onde eu chegava como aquele judeu, caminhando sobre as águas. Era inverno e o mar estava congelado. Kungsträdgarden – o Jardim do Rei, em língua de gente – onde um dia reencontrei uma namorada que há anos havia deixado em Porto Alegre. Gamla Stan – a Cidade Velha – onde chorei naqueles botecos centenários, abraçado a suecas e finlandesas, lembrando da mulher querida que ficara no Sul. Voltarei por Paris, questão de revisitar aqueles bares onde um dia fui feliz. Não que não o seja hoje. Mas o correr dos anos nos faz olhar com nostalgia os dias de juventude. Será uma viagem mais no tempo que na geografia. Navegarei por mares sem internet. Conto com a compreensão de quem me lê. PS - Por uma pane na rede no dia da partida de São Paulo, não pude postar esta crônica. Em verdade, já estou em Oslo. Cheguei com uma temperatura inusitada, 27 graus. A cidade está orgiaca. Mais animada, eu até diria, que Madri ou Barcelona. Conto na volta. quarta-feira, julho 02, 2008
NO QUARTEL DE ABRANTES Em crônica passada, comentando a famosa Lei Seca que acaba de entrar em vigor, afirmei que daqui a uns três meses não se fala mais no assunto. Leio hoje na Folha online que a polícia de São Paulo a considera como "uma medida malfeita e que pode ser contestada judicialmente". Segundo o delegado Tabajara Novazzi Pinto, diretor da Academia de Polícia, o problema da lei é que o motorista não tem a obrigação de fazer o teste do bafômetro, nem o exame de sangue ou o teste clínico que pode determinar se ele consumiu álcool. O direito de não produzir provas contra si mesmo é assegurado pela Constituição Federal. Nossos legisladores, pelo jeito ainda não adquiriram as noções básicas do que é lei maior e lei menor. Nem querem ouvir falar do assunto. Pedro Abramovay, secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, declarou ao jornal que o governo não mexerá na lei. Contudo, ele espera contestações na Justiça para que a margem de tolerância, temporariamente fixada em 0,2 decigramas de álcool por litro de sangue, fique próxima da atual. Ou seja, em breve tudo ficará como dantes no quartel de Abrantes. Fica o dito pelo não-dito e não se fala mais no assunto. Quanto a mim, continuarei bebendo. Mas posso garantir que jamais dirigirei após beber. Se ainda não aprendi a dirigir, não será após minha 61ª volta em torno ao sol que aprenderei. terça-feira, julho 01, 2008
IMAGINE SE A MODA PEGA Leio na Folha online que o governo federal pretende estabelecer o pagamento de pensão às famílias dos três jovens mortos no morro da Providência, região central do Rio, após serem entregues por militares a uma facção de traficantes. O ministro Nelson Jobim (Defesa) disse nesta terça-feira que a "solução mais razoável" para o caso é o pagamento de pensão às famílias das vítimas. "Estamos trabalhando um projeto no Ministério da Defesa e mandando para o presidente da República decidir esse tema. Tenho que conversar ainda com o ministro do Planejamento, vamos definir na semana que vem", afirmou Jobim. Ou seja: o Exército entrega três favelados à morte, outros favelados os matam e quem paga a conta é você, contribuinte. Isto é, nós. Imagine se a moda pega. A cada assassinato, uma família é ressarcida. E nós as sustentamos. |
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