¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, fevereiro 28, 2005
 
SUA SANTIDADE E O FÓRUM



Num dos últimos bastiões das esquerdas tupiniquins, a revista Caros Amigos, lemos um emblemático artigo de Elaine Tavares, intitulado "A democracia agonizante". A articulista, considerando que os povos gestam novas formas de poder, faz um breve apanhado das restrições das esquerdas à idéia de democracia, expressas no último jamboree dos utópicos desvairados em Porto Alegre, que também atende pelo pomposo novo de Fórum Social Mundial. O conceito de democracia foi um tema dominante nos debates, e a jornalista arrola algumas opiniões das estrelas mais fulgentes do fórum.

Para José Saramago, está mais do que na hora de romper com essa falsa questão que coloca a democracia como santa de altar. É em nome dela que os Estados Unidos fazem a guerra, por exemplo, ou que o capital financeiro governa o mundo. "Não foram os povos que decidiram isso. Então, que democracia é essa?", inquiriu o escritor português. Para o professor peruano Aníbal Quijano, é preciso fazer nascer um outro tipo de conhecimento, nascido das práticas sociais. Segundo ele, a América Latina deve sair de seu eurocentrismo, criar outra forma de fazer ciência social e re-inventar o conceito de democracia que, hoje, nada mais é do que uma igualdade de desiguais. "Apenas 20% das seis bilhões de pessoas têm acesso aos bens produzidos no mundo. Isso é uma acumulação jamais vista".

O professor parece ainda não ter entendido que democracia é um sistema político e não um regime econômico.Com ele concordou Saramago que, dizendo-se um não-utopista, desancou a democracia alegando que dela ninguém mais espera milagres. Para ele, a democracia há tempos foi seqüestrada e amputada pelo capital financeiro que governa o mundo. Claro que jamais foi seqüestrada ou amputada pelas repúblicas democráticas (sic!) soviéticas.

Edgardo Lander, da Venezuela, também se coloca a favor de um novo padrão de conhecimento que não esse trazido pela modernidade, que significou conquista, escravidão, submissão, genocídio. Para ele, a democracia liberal e suas conquistas estão em franco declínio. O modelo social-democrata está fazendo água, a esfera pública, a liberdade de pensamento, os direitos conquistados, tudo se esvai. O controle dos meios de comunicação impede novas formas de pensar. "O modelo de democracia em vigor é o padrão de poder. Nega a diversidade da história, da cultura, da forma de ser e estar no mundo. A democracia precisa ser re-pensada na totalidade das operações de poder, inclusive nas relações individuais". Para Lander, claro que o regime comunista, que imperou no século passado, nada tem a ver com conquista, escravidão, submissão ou genocídio. Apesar dos cem milhões de mortos que produziu no decorrer da História.

James Petras também criticou a democracia burguesa afirmando que, nela, tudo está delimitado pelo poder financeiro. Há limites e políticas muito bem definidas para o poder eleitoral. Escolhe-se - e todos sabem como - o governante, mas o sistema não consulta o povo sobre as mudanças na previdência, a intervenção na Amazônia, ou sobre qualquer grande tema nacional. "Se a população passar do limite, o Estado burguês intervém. Por isso, só se pode derrotar o Estado se o povo se organizar". Como se nos regimes comunistas alguém consultasse o povo sobre qualquer mudança.

A jornalista de Caros Amigos, em seu estro poético, fala de novas liras que "dão seus primeiros acordes e propõem formas alternativas de decidir e viver em comunidade". Arrola como exemplo os novos zapatistas da região de Chiapas, México, onde a forma de exercer o poder passa pelas Juntas de Bom Governo. "Lá, as pessoas se reúnem em grupos de quatro, cinco, e colocam o tema em discussão até chegar a um consenso. Depois, vão para o grande grupo formar outros consensos. (...) Ninguém manda mais ou menos. Tudo é decidido em comunhão. Não passa pela eleição, por exemplo".

Para o representante chiapaneca no Fórum, "tudo o que queremos é mudar esse mundo. Sair dessa lógica capitalista, opressora". Outras formas decisórias em marcha para substituir a agonizante democracia seriam as proclamadas pela sedizente República Bolivariana da Venezuela, liderada pelo último guru das esquerdas do continente, o coronel Hugo Chávez. A constituição de 1998 instituiu os plebiscitos, nos quais o povo tem a chance de mudar tudo o que quiser. Desde o presidente (desde que não seja o presidente Hugo Chávez, é claro) até as decisões do legislativo, desde que não conflitem com as decisões do presidente Chávez, é claro.

No plano da organização comunitária, os Círculos Bolivarianos e as Missões também apresentam novas maneiras de exercício do poder que se explicitam como pequenos coletivos de democracia direta. A jornalista deve ser jovem e provavelmente nunca ouviu falar nos sovietes, afinal a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas já afundou há quatorze anos e este incomensurável lapso de tempo deve escapar à escassa memória da moça. Também seriam alternativas à democracia burguesa os trabalhadores bolivianos de El Alto, com suas gigantescas marchas e seus protestos, os cocaleiros, os piqueteiros argentinos, os indígenas do Equador, os camponeses do Paraguai, todas essas são experiências de novas formas organizativas e de reação ao mundo do pensamento único.

"Novas liras para novas conjunturas". A democracia liberal está nos seus estertores. Já não serve mais, conclui a jornalista anunciadora dos novos tempos. Até aí, tudo muito coerente com os propósitos do Fórum, pois para isto se reuniram os derrotados do século, para transudar seu ressentimento ante a vitória do mundo democrático com o desmoronamento da União Soviética na década passada. O que espanta e foge à coerência é ver um dos líderes do planetinha - que graças a um providencial traqueostomia nos poupará de suas bobagens nas próximas semanas - formar fileiras com os alucinados do Fórum. Trata-se, nada mais nada menos, de sua Santidade, o papa João Paulo II, que considera que a democracia não pode ser entendida como um valor em si, desligada da "lei de Deus".

Esta brilhante percepção, que revela um viés teocrático que João Paulo nunca conseguiu esconder - está no seu livro Memória e Identidade, lançado na semana passada em vários países, inclusive no Brasil. Para o papa, a permissividade moral - leia-se o direito de cada pessoa dispor de seu corpo para seu prazer - é um programa que conta com "enormes meios financeiros em escala mundial, impondo-se nos países em desenvolvimento. Face a tudo isso, é legítimo questionar se não estamos perante uma nova forma de totalitarismo, dolosamente velado sob as aparências de democracia".

De cambulhada, João Paulo se pergunta se o casamento entre homossexuais não seria motivado "por mais uma ideologia do mal, talvez mais astuciosa e encoberta" e sugere que a democracia possa embutir riscos muitas vezes ignorados. Para ele, a lei natural deve ser o limite para a lei do homem, e os legisladores, como Moisés, deveriam ser veículos das determinações de Deus. Em bom português: por lei natural o papa entende o que os dogmas eclesiásticos acham que seja lei natural. E que os estados contemporâneos deveriam reger-se pelas determinações de um personagem mítico de mais de 20 séculos atrás, cuja obra conhecida está longe de ser provada como de sua autoria.

Mas que tem a ver este potentado de Roma com a sexualidade humana? Em que tábuas ou pergaminhos está escrita esta tal de lei natural? Mesmo que estivesse escrita, que temos nós, homens do século XXI, a ver com ela? Mesmo agonizante, João Paulo ainda luta por um Estado teocrático.

"Quando um Parlamento autoriza a interrupção da gravidez", declara o papa, "comete uma grave prepotência contra um ser humano inocente. Os Parlamentos que aprovam e promulgam semelhantes leis devem estar cientes de terem extravasado as próprias competências, pondo-se em aberto conflito com a lei de Deus e com a lei natural". Ou seja, Sua Santidade considera-se o dono da verdade - e a partir de tal pretensão - julga que o mundo todo deve submeter-se a seu cetro. Como se todos os seres humanos cressem no deus cristão e tivessem de submeter-se à vontade soberana do Vaticano. Aiatolá algum pretenderia mais do que isso.

O papa ainda alerta que não se pode canonizar a democracia - colocá-la como santa no altar, como diria o companheiro Saramago - e diz que outras formas de governo, como aristocracia e monarquia, podem, em determinadas condições, servir para a realização do objetivo essencial do poder, isto é, o bem comum, respeitadas as "normas éticas fundamentais". Esqueceu de esclarecer que há monarquias e monarquias, e que as monarquias européias têm um parlamento que elabora leis segundo a vontade de seus eleitores.

Exceto a monarquia vaticana, onde só ele - Sua Santidade - tem poder de voto e ainda se pretende infalível. Diferença alguma da monarquia cubana. Não por acaso, há alguns anos Castro e João Paulo II mantiveram um afável tête-à-tête. À Sua Santidade agonizante, só posso desejar mais vida. Para que ainda possa participar do próximo Fórum Social Mundial e mostrar ao que vem, cerrando fileiras com os inimigos da democracia.

domingo, fevereiro 27, 2005
 
DA INUTILIDADE DOS CURSOS DE LETRAS (II)


Sobre meu desencanto - Meu depoimento carrega o desencanto de quem perdeu boa parte de sua vida navegando pelas tais de Ciências Humanas. Estudei Filosofia na UFRGS, de 1965 a 1968. Discutimos, durante quatro anos, essa bosta de religião laica, o marxismo. Ou seja, foram quatro anos jogados ao vento. De minha passagem pela Filosofia me restou um ensinamento, o de que as diferentes visões de mundo se atropelam e se anulam com a passagem dos séculos. E só. Foi importante, eliminou em mim qualquer tentação de dogmatismo. Mas para chegar a essa conclusão, não precisava ficar com o traseiro pregado na universidade por quatro anos. Boas leituras de história me bastariam.

Fiz também o curso de Direito em Santa Maria. Mais cinco anos jogados ao lixo. Optei pelo jornalismo, em época em que não existia esta excrescência criada pela ditadura militar, os cursos de jornalismo. Desta opção não me arrependo, embora o jornalismo hoje seja mais ficção que tradução dos fatos. Mas não o aprendi na universidade. Em jornalismo, me formei nos bares e redações. Universidade não forma ninguém em jornalismo. É outro curso inútil: o professor de comunicações, que muitas vezes jamais pisou numa redação, ganha muito mais que o redator ou repórter que sofre a profissão. Sem falar que goza de estabilidade no emprego, sonho que jornalista algum ousa sonhar na empresa privada.

Viajei pelo mundo das Letras. Durante quatro anos, estudei Letras Francesas e Comparadas, na Université de la Sorbonne Nouvelle, em Paris. Só não foram mais quatro anos jogados ao vento porque o que menos fiz foi estudar literatura. Dediquei-me a pesquisar Paris, a França e a história deste século. De meus professores de literatura, de meu curso, não recebi nada, mas nada mesmo. Tive um professor de poesia francesa contemporânea que se chamava M. Décaudin. Eu vivia mordendo a língua para não incorrer em um ato falho e chamá-lo de M. Décadent. Tinha um projeto de tese em torno à literatura de Ernesto Sábato. Levei-o a bom termo por respeito a Sábato e ao Ministério de Cultura francês, que me concedera uma bolsa. Defendi minha tese, fui ator bem comportado durante toda a encenação. Mas tinha perfeita consciência de que tudo era farsa.

Para que serviu minha tese? Para mim, garantiu quatro anos de Paris. Para meu orientador, abriu novos rumos em suas pesquisas. Ele, que jamais ouvira falar de Sábato, acabou escrevendo um livro sobre o autor argentino. Mas e daí? Para Sábato, foi mais um título em sua fortuna literária. E só. Meu país não se tornou mais rico com minhas pesquisas, nem econômica nem espiritualmente. Muito menos a França ou a Argentina. Do ponto de vista da construção de uma sociedade, minha tese é uma peça perfeitamente inútil, descartável. Como aliás todas as teses literárias. Outra coisa é uma pesquisa sobre uma proteína mais barata, sobre uma vacina mais urgente, sobre um chip mais rápido. Estima-se em torno de 100 mil dólares ao ano a formação de um doutor. Logo, a França terá gastado uns 400 mil comigo. De minha parte, muito honrado. Mas para quê? Se analisarmos a questão a fundo, para nada.

Lecionei mais tarde Literatura Brasileira e Comparada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, nos cursos de graduação e pós-graduação em Letras. Para isso também serviu minha tese, para dar-me de comer e beber por mais quatro anos. Foi o período mais inútil de minha vida, que só me rendeu uma hipertensão. Cingido a obrigações curriculares, tive de digredir sobre esse suposto movimento literário, o modernismo brasileiro, no fundo uma ficção criada pelos PhDeuses uspianos. Lecionava para alunos que só queriam um papelucho ao final do curso para aumentar seus proventos na função pública.

Durante quatro anos fui pago para realizar um trabalho rumo a nada. Como eram, são e continuam sendo pagos, para marchar na mesma direção, as dezenas de colegas que tive no colegiado e os milhares de professores de Letras do país todo.

Puta velha - Quem presta este depoimento não é portanto uma virgenzinha que olha espantada para a realidade de um bordel, mas uma puta velha que muito girou bolsinha nos corredores universitários. Se vejo as defesas de tese e concursos como farsas, é porque também participei delas e por isso sei do que estou falando.

Dezenas de professores foram, são e serão enviados ao exterior para mestrados e doutorados. Muitos cumprem seus compromissos. Mas não poucos voltam de mãos abanando e tudo fica por isso mesmo. No caso do curso de Letras, observei que os candidatos a bolsas no exterior eram, em sua quase totalidade, moças mal-amadas, em geral solteiras ou divorciadas, que partiam em busca de maridos ou similares. Ao final de alguns anos, as mal-baisées voltavam sem tese nem marido. Não sei se o mesmo fenômeno ocorrerá na UFRGS. Mas deveria ser capitulado como crime, na legislação sobre a função pública, usar dinheiro do contribuinte para fazer turismo sexual às margens do Sena ou do Tâmisa.

Quanto à crítica mais radical, que agora faço, me permito citar Chesterton: "só podemos conhecer uma catedral quando a olhamos de fora". O absurdo do ritmo de tartaruga dos cursos da área humanística me saltaram com força aos olhos quando passei a trabalhar com jornalismo eletrônico em São Paulo. A pesquisa que um professor achava difícil cumprir em cinco meses, um redator da Folha de São Paulo, por exemplo, tem de executá-la em cinco horas. E sem direito a errar.

Essa passagem da empresa pública para a privada, do emprego eterno para aquele sob a ameaça diária de um pontapé no traseiro, permite o contraste que evidencia o obsoletismo e a inutilidade de um curso de Letras. Se um professor de uma universidade pública fica quatro, cinco ou dez anos no estrangeiro para defender uma tese e volta de mãos vazias, nada acontece com ele. Não devolve o dinheiro público que lá despendeu nem perde seu emprego. Se um jornalista interpreta mal a declaração de um político - ou pior, se a interpreta com clareza excessiva - no dia seguinte pode estar no olho da rua.

O leitão e o cocho - Resumindo: os cursos de Letras constituem uma máquina autofágica, que se alimenta de si mesma. Professores de Letras formam professores de Letras que formarão professores de Letras, ad nauseam. Se a bicicleta pára, o ciclista cai. Loureiro Chaves ouviu o galo cantar, só não soube dizer onde. Intuiu a inutilidade dos cursos de Letras. Em um gesto de auto-defesa, excluiu a si mesmo do projeto do qual participou durante trinta anos. Foi cúmplice de todos os atos e fatos que levaram o curso a ser área morta. Agora acusa seus pares, como se suas mãos fossem imaculadas. Se levar a crítica mais a fundo, terá de constatar a inutilidade de seus ensaios, de sua carreira, de sua tese, de sua vida, tão socialmente improdutiva quanto o curso que critica. Se o curso de Letras da UFRGS se caracteriza, nas palavras do professor, por sua "absoluta inutilidade social", o mesmo pode se dizer de sua obra. Por que não estender, reitero, esta crítica à USP? Qual a utilidade social do curso de Letras da USP? A meu ver, a mesma de qualquer curso de Letras. Isto é, nenhuma.

Em meus dias de campo, tínhamos uma expressão para tal tipo de comportamento. Era o gesto do leitão mal-educado, que costumava virar o cocho onde comia.

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(Artigo publicado nos idos do século passado)

 
DA INUTILIDADE DOS CURSOS DE LETRAS (I)


Um mal-estar perpassa os cursos de Ciências Humanas neste final de século. É como se as vagas concêntricas provocadas pela queda do Muro de Berlim começassem a fazer submergir, em ondas tardias, o apoio logístico que a universidade sempre emprestou ao marxismo. Durante décadas, nos cursos mais alinhados com o finado "sentido da História", ai do candidato a mestre ou doutor que não citasse em suas pesquisas Marx ou epígonos menores.

Se hoje marxismo não passa de verbete de enciclopédias, para esclarecimento dos mais jovens, até quatro ou cinco anos atrás a "filosofia da praxis" era tida como ciência. Todas as áreas humanísticas da universidade, de Letras a História, passando pela Filosofia e Sociologia, foram contaminadas pela peste. No caso específico da Sociologia, estávamos ante um laboratório de utopias.

Os acadêmicos brasileiros parecem ter adotado a receita de José Carlos Mariátegui que, em 1928, em Siete Ensayos de Interpretación de la Realidad Peruana, via a universidade como uma máquina de demolição da sociedade burguesa, uma instituição destinada a formar ativistas e militantes.

Com o fim da URSS, as ditas Ciências Humanas perdem seu eixo. A história não era ciência, o marxismo muito menos. Cursos, cátedras, metodologias, teses, bibliografias, bibliotecas, perdem o sentido. Em outras palavras, os próprios professores, antes firmemente ancorados nas certezas da dialética, perdem o pé e soçobram neste maremoto. Em um século em que mesmo - e principalmente - a literatura foi contaminada pela ideologia, os cursos de Letras não permaneceriam ao abrigo da intempérie.

O Circo das Letras - Uma lufada deste mal-estar de fin de siècle parece ter atingido o professor Flávio Loureiro Chaves. Em entrevista para Porto e Vírgula, desvelou um segredo de polichinelo ao afirmar que "a área de Letras está morta". Por um lado está cheio de razão e ao mesmo tempo não tem razão alguma. Se sua afirmação acabasse aqui, englobando os cursos de Letras do país todo e do estrangeiro, eu seria o último dos escribas a contraditá-lo. Mas sua afirmação é tímida. Se restringe ao Curso de Letras da UFRGS, onde trabalhou durante 30 anos. Ou seja, onde colaborou por três décadas para levar o curso à condição de área morta. Agora, protegido pelo escudo da aposentadoria, dispara sua artilharia contra seus pares.

O professor vai mais longe ao falar do curso que o nutriu e embalou: "é uma área caracterizada por sua absoluta inutilidade social". No que não lhe falta razão. Se o programa nuclear brasileiro se revelou um projeto inútil, de qualquer ponto de vista que se olhe, que dizer dos currículos de um curso de Letras? Mas nosso crítico peca mais uma vez ao restringir sua crítica ao curso da UFRGS, como se o da USP, onde se doutorou, tivesse alguma outra utilidade social fora a de garantir-lhe uma prebenda melhor remunerada na província.

Se os cursos de Letras um dia forem encerrados, só serão pranteados pelos professores que deles tiram seu sustento e mordomias, pelo mundo editorial e agências de turismo que os parasitam. Nenhum estudante precisa freqüentá-los para conhecer literatura. Pelo contrário, é melhor deles tomar distância, assim será poupado de carradas de leituras absolutamente chatas, que só servem para afastar um jovem dos bons autores.

Esta inutilidade do curso cujas mordomias usufruiu por trinta anos foi muito bem percebida por Loureiro Chaves quando afirma que homens como Erico Verissimo, Maurício Rosenblatt e Paulo Fontoura Gastal, que não pertenciam à academia, lhe ensinaram mais que o curso de Letras inteiro. Precisou de três décadas para perceber isto? Ou preferiu aposentar-se para afirmá-lo? Se lhe sobra razão em sua constatação, faltou-lhe a coragem de dizê-lo em alto e bom som quando militava nos quadros da guilda.

Quantas vezes Loureiro Chaves participou, de um lado e de outro da banca - ora como réu, ora como inquisidor - dessa farsa que se chama tese? Quantas vezes participou dessa outra farsa, o concurso para o magistério, em verdade uma ação entre amigos, com cartas previamente marcadas?

De quantos espetáculos circenses, chamados simpósios ou congressos, participou o professor Loureiro Chaves? São absolutamente inúteis do ponto de vista social, custam fortunas, e as viagens, hotéis e mordomias outras são pagas, em última instância, pelo contribuinte. Passo Fundo parece ter entendido o espírito da coisa, tanto que costuma organizar o Circo das Letras. Neste circo universal, cujas sessões ocorrem tanto em Florianópolis ou São Paulo, como em Paris ou Londres, acodem professores de todos os quadrantes para desfilar suas vaidades e acrescentar seus ensaiozinhos recitados a uma platéia adormecida a seus currículos chochos.

Quando estudava em Paris, tive oportunidade de testemunhar uma dessas sessões de circo. Vi professoras transportadas de Brasília ou São Paulo a Paris - com dinheiro público, evidentemente - para apresentar uma comunicação anódina de vinte minutos, que ninguém estava interessado em ouvir. Imagine-se, por exemplo, o absurdo de uma professora deslocando-se de Porto Alegre a Tóquio, para uma exposição crucial sobre... Literatura Comparada. Mas a comunicação fica nos anais do simpósio, no currículo da professora e nos créditos do curso. Maravilha de país o nosso: crianças morrendo de fome nas ruas e a universidade pública financiando viagens transoceânicas para comunicações literárias - certamente de importância vital para o futuro do continente - de vinte minutos lá nas antípodas. Claro que em Passo Fundo a entrada para o circo é mais barata. Mas o show, salvo o fato de ser em português, em nada difere do exibido em Paris. Mas não era disso que pretendia falar.

A quem aproveita o crime? - Para algo hão de servir os cursos de Letras, já que estão disseminados mundo afora e parecem gozar de boa saúde. Bens materiais não produzem, é claro. Espirituais, muitos menos. Aliás, vivem da exploração destes mesmos bens, produzidos por criadores que, muitas vezes, morreram ou vivem na miséria. Para que serve então um curso de Letras?

Em primeiro lugar, para dar bom padrão de vida aos professores de Letras. Que outra profissão oferece quatro meses de férias ao ano, isso sem falar nas greves? Não será fácil achar melhor mordomia numa sociedade que se pretende capitalista. Uma vez aceito pela corporação, o professor tem estabilidade e escapa deste cruel mundo competitivo. Isso sem falar em férias vendidas em períodos de recesso universitário, turismo acadêmico, muita viagem ao exterior, tudo isso pago pelo contribuinte, é claro. Não que estas mumunhas sejam exclusivas dos cursos de Letras. Mas a eles são extensivas.

Em segundo lugar, para manter a boa saúde da indústria textil. Textil, assim mesmo, sem circunflexo. Não confundir com a têxtil, esta é honesta e necessária. Por indústria textil, entenda-se a do texto universitário, essa fábrica de teses e pesquisas inúteis, que às vezes envergonham o próprio autor e são guardadas como segredo de Estado. Isso sem falar na fantástica máquina editorial acionada pelos cursos de Letras. Ela dá vida a autores de ficção que de outra forma jamais seriam publicados e a teóricos que ninguém leria a não ser sob coação.

Se nos primórdios da universidade o livro era um instrumento da vida acadêmica, hoje a universidade se tornou um instrumento do mundo editorial. Se um dia os cursos de Letras fechassem suas portas, nenhum editor seria suficientemente insano para publicar esses elefantes brancos tipo Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, etc. Dou um doce para quem me apresentar um jovem que, espontaneamente, compre um livro qualquer desses autores. Eles só existem porque são empurrados goela abaixo por exigências de vestibular e programas acadêmicos.

Depois, a indústria editorial dos teóricos. Nenhum leitor mentalmente sadio compraria autores como Greimas, Kristeva, Lacan ou Saussure. Forçado pelos professores, principalmente na pós-graduação, o coitado do aluno tem de gastar parte de sua bolsa adquirindo essas enfermidades gálicas. Aqui, de cambulhada, ganham também todos os participantes do ciclo do livro: gráficos, distribuidores, livreiros, etc.

Em terceiro lugar, não esqueçamos os interesses do turismo. Em Florianópolis, para facilitar o "intercâmbio" acadêmico, uma agência se instalou no prédio da própria reitoria. Cada congresso de Literatura Comparada ou Semiótica em Tóquio, Helsinki ou Amsterdã é uma festa para a indústria do turismo. Ganham as agências, as companhias aéreas, a indústria hoteleira, a restauração local, afinal literatura e gastronomia sempre constituíram boa parceria.

Ora, direis, os cursos de Letras formam professores de português. Cantiga para ninar pardais, como dizem os lusos. A formação de professores de português não exige curso superior. Vi quartanistas de Letras escrevendo eu poço por eu posso e outras analfabetices do gênero. Minha mãe, que só fez o secundário em Dom Pedrito, tinha uma redação impecável, de fazer inveja a muito jornalista egresso dos cursos de Comunicações. Aliás, de minha passagem pelo magistério universitário, cheguei a uma desoladora conclusão: a formação que tive em meus quatro anos de ginásio, lá naquela cidadezinha da Fronteira Oeste gaúcha, que mal tinha na época vinte mil habitantes, nenhum diplomado em Letras a tem hoje. Saí de lá falando espanhol, francês e inglês, arranhando um bom latim e escrevendo um português do qual até hoje não tenho porque envergonhar-me. Em meus dias de UFSC, raros eram meus alunos de final de curso que conseguiam escrever em vernáculo não digo elegante, mas pelo menos correto.

Pode-se alegar que os cursos de Letras formam tradutores e intérpretes. Bobagem. Quem quer realmente especializar-se nestes ofícios, vai para o exterior ou busca cursos privados. Sem falar que os grandes tradutores que Porto Alegre produziu, como Erico Verissimo, Mário Quintana, Herbert Caro, jamais passaram por um curso de Letras. Permito-me um testemunho pessoal. Já traduzi vinte títulos, do sueco, francês e espanhol, sem jamais ter passado por um curso de tradução.

A encampação da tradução pela universidade é muito suspeita. Ao que tudo indica, a guilda quer regulamentar a profissão, crime de lesa-cultura que já cometeram contra o jornalismo. Quanto aos cursos de línguas fornecidos pela universidade, estes jamais levaram a qualquer lugar. Nestes dias de CDs-ROM, professor de línguas virou peça de museu. Professor que ainda não percebeu isso, em breve será mais um desses tantos malucos que andam falando sozinho nas ruas. Com a diferença de que será bem pago para falar para quatro paredes.

Muitos outros setores ganham com esta indústria do inútil. Quem então sai perdendo? No caso das universidades públicas, em primeiro lugar o contribuinte, que ignora a festança que estão fazendo com seu dinheiro. Tudo em nome dos sagrados interesses da cultura, é claro. Em segundo lugar, o estudante de Letras. Caso não encontre colocação no escalões inferiores da Máfia, terá perdido preciosos anos de sua juventude, percorrendo currículos absurdos, teorias estapafúrdias e literaturas insossas. Quando poderia ter-se dedicado a estudar algo mais concreto, que lhe garantisse profissão decente, reservando seu lazer para um estudo sério da boa literatura. Por experiência, tanto de rua como de campus, sei que é muito mais fácil encontrar uma pessoa com boa cultura literária em um bar do que nos cursos de Letras.

 
TRAQUEOSTOMIA NELE

Em meus dias de universidade, tive uma namorada que fizera uma traqueostomia. Não conseguia falar. Quando tentava, eu mal ouvia um fiozinho de voz e só conseguia entendê-la pela expressão de seu rosto. Aquela forma de comunicação, quase muda, me fascinava. Certo dia, reconstituiu sua garganta e readquiriu a fonação. Foi o fim de nosso amor. As palavras nem sempre facilitam o bom entendimento.

Sua Santidade João Paulo II acaba de fazer uma. Por algumas semanas seremos poupados da cantilena monótona de seus lugares-comuns humanísticos. Lula, o Supremo Apedeuta da Nação, acaba de criar uma absurda crise institucional em função de sua verborragia, mesclada a boa dose de ressentimento e talvez a um certo teor etílico. As oposições falam em processo, responsabilização penal, até mesmo em impeachment.

Uma traqueostomia não seria mais simples?

quinta-feira, fevereiro 24, 2005
 
MEMÓRIAS DE UM EX-ESCRITOR (XXXIX)


O pecado sueco - Naqueles anos 70, Svensson, o sueco típico, ao entrar em um supermercado ou lanchonete no Brasil, ficaria tão excitado quando o turista tupiniquim visitando uma sexshop na Escandinávia. Na época, em que até a posse dos famosos livrinhos suecos dava cadeia entre nós, sexshop era algo inimaginável. Não há povos sem tabus. Os suecos, ao eliminarem o do sexo, passaram a cultivar o do álcool. Sprit só é vendido no systembolag, loja de monopólio estatal que permanecia aberta das 9 às 18 horas durante a semana, fechando às 13 horas de sábado. Nas tardes de sexta e manhãs de sábado, filas - evento raro nos países nórdicos - de previdentes cidadãos congestionam os systembolag. Nas caixas, um aviso previne: esteja pronto para identificar-se. De dez em dez minutos um sinal sonoro lembra os funcionários de exigir documentos dos clientes atendidos naquele instante. Se o identificado estiver na lista negra dos alcoólatras ou se for menor de 18 anos, não poderá comprar nada. Deverá contentar-se com o insípido melanöl, que poderíamos traduzir por quase-cerveja. Este pode ser adquirido nos supermercados, tendo sido sua venda também proibida para menores em junho de 72. A bebida possui no máximo 3% de álcool. A embriaguez dos consumidores é mais psicológica que física.

Estas considerações, sempre é bom lembrar, se referem a uma Suécia de mais de 30 anos atrás. Como o país é pequeno e dinâmico, transforma-se muito rapidamente. Hoje, a Suécia é bem outra. Como meu propósito é rememorar, volto aos anos 70. Em verdade, estou reproduzindo um dos capítulos de meu primeiro livro, O Paraíso Sexual Democrata.

O consumo per capita de sprit pelos suecos era então bastante inferior aos índices da Itália, França ou Espanha. No entanto, em Estocolmo se tropeçava em mais bêbados do que em qualquer outra capital européia. Os latinos bebem, os suecos se embriagam. Enquanto os meridionais sofrem um processo de mitridização tomando umas que outras ao final de cada jornada, Svensson encharca-se nos fim de semana. Não sabe beber. Começa com akvavita, a cachaça nacional, prossegue com vodka, finaliza com uísque ou o que houver. Os skal (saúde) se sucedem. A palavra viria de skalle (cérebro), recipiente em que os vikings brindavam a vitória sobre os inimigos, cujos crânios erguiam aos lábios. Muitos intercalam cafés e licores. Com tal dose, nem uma centopéia mantém-se em pé. Nos fins de semana em Estocolmo, velhos e jovens, homens e mulheres cambaleavam e vomitavam pelas ruas e estações de metrô o hálito azedo de muitas misturas. Cambaleavam e vomitavam, disse. Porque hoje a bebiba é mais liberada e com isso os suecos parecem ter aprendido a beber.

Em relação ao álcool, impera o mesmo sentimento relativo ao sexo nos países católicos. Uma latina envergonha-se - ou envergonhava-se, naqueles anos - ao comprar anticoncepcionais. Svensson intimida-se ao comprar álcool. As compras feitas no systembolag são postas em um pacote de plástico com a inscrição Hall Sverige Rent, Mantenha a Suécia Limpa. Como a latina sentia-se mal carregando pelas ruas um pacote de absorventes higiênicos, Svensson vexa-se ao portar bebidas. Quem bebe é bêbado, parece ser o axioma que determina seu comportamento. Não se admite que alguém possa beber, não para cair, mas simplesmente para degustar a bebida e alegrar-se. Para esconder o plástico revelador, muitos usavam uma pasta. E acabavam identificando-se pela pasta. Isso sem falar naqueles que se refugiavam nas sexshops. Não para ver filmes ou teatro pornô, mas para beber no escurinho.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005
 
HABEMUS SANCTAM


Há cadáveres e cadáveres, não é verdade? Alguns são sagrados. Outros não valem um vintém. Foi assassinada, há duas semanas, a freira norte-americana Dorothy Mae Stang, em Anapu, no Pará. O presidente da República, além de enviar dois mil homens do Exército à região, criou reservas ambientais e a instalação de um gabinete de crise que vai concentrar as ações de ministérios e autarquias federais no interior paraense - diz-nos a Folha de São Paulo desta sexta-feira passada. Uma medida provisória, seis decretos e um projeto de lei integram o pacote. Somente no Pará, serão criadas duas unidades de conservação de florestas que irão abranger 3,8 milhões de hectares - área equivalente a duas vezes o Estado de Sergipe.

Por trás disto tudo, o medo do presidente da República à imprensa internacional. Quando a imprensa tupiniquim publicava as entrevistas em que ele se jactava de seu apreço pela cachaça, restrição alguma aos jornalistas. Bastou que o New York Times reproduzisse o que não constituía segredo para ninguém, para que Lula assumisse seu lado "prendo e arrebento" e exigisse a expulsão do jornalista do país. A história se repete. Se um policial brasileiro é assassinado durante o cumprimento de sua função, reação alguma do Planalto. Se uma ativista estrangeira é assassinada e este crime toma conta das primeiras páginas da imprensa internacional, Lula se transfigura em generalíssimo e transforma uma operação policial em teatro de guerra.

Na mesma edição da Folha, uma foto em três colunas nos mostra o ridículo a que se submetem nossas Forças Armadas para sustentar a farsa presidencial. Dois helicópteros aterrissam em um campo de futebol, com a cobertura de dezenas de soldados deitados na relva e com fuzis engatilhados. Até parece que estamos no Vietnã dos anos 70 ou no Iraque durante a guerra. Como se a nação estivesse ameaçada por uma poderosa força guerrilheira, quando se sabe que a freira foi assassinada por dois pistoleiros. Para posar para a imprensa, o sedizente glorioso Exército nacional não se peja em participar do teatro lulesco.

A religiosa americana tinha por missão no Brasil desapropriar terras públicas controladas por grileiros, assentar famílias em pequenas propriedades e promover a ação da polícia na intermediação de conflitos. Diga-se o que dela se disser, é mais uma das tantas ativistas estrangeiras que escolheram o Brasil como laboratório de suas utopias. Invertamos a situação. Imagine o leitor uma brasileira tentando desapropriar terras nos Estados Unidos ou assentar famílias. Na melhor das hipóteses, seria deportada no dia seguinte. Aqui no quintal, os ianques lideram invasões de terras, condenam políticas governamentais e ainda posam de mártires.

Mas a atuação da Chica Mendes de Anapu não gozava de unanimidade na região. Em 30 de abril de 2003, a Câmara Municipal declarou a missionária persona non grata, "como ato de repúdio da população às ações desagregadoras por ela praticadas". O documento foi enviado à Presidência da República, aos ministérios do Meio Ambiente e Justiça, ao Congresso, ao governo do Pará, ao Ibama, ao Incra e à PF - e ignorado por todas estas instâncias. Hoje, pelo que lemos nos jornais, seu cadáver exala apenas odores de santidade.

Para o general Jairo César Nass, comandante da Operação Pacajá, destinada à prisão dos assassinos da irmã Dorothy, "a morte da freira é apenas a ponta do iceberg" Segundo o arguto general, há quadrilhas organizadas atuando na região, que agem com o maior atrevimento à margem da lei e têm o hábito de resolver seus problemas mediante intimidação e assassinatos, criando dificuldades para segurança pública na região. "Essas quadrilhas são formadas por elementos de fora dali, agindo pelos interesses dos madeireiros e de outros envolvidos na luta pela terra e pelos garimpos ilegais - afirmou. Eles criaram entidades de representação e grupos armados que não têm escrúpulos para alcançar seus fins".

Tão abrangente é a visão do general, que já nem vê em cima do que está sentado, este imenso iceberg com tantas pontas emersas que já constitui terra firme, o Movimento dos Sem-Terra. Quadrilha não apenas organizada, mas organizada nacionalmente, com apoio financeiro, jurídico e logístico do próprio governo brasileiro. E não só do governo brasileiro, como de governos e instituições internacionais que financiam suas invasões de terras - produtivas ou não - suas invasões de próprios públicos, suas destruições de pedágios, suas tomadas de reféns, seus desvios de verbas e mesmo seus crimes. Quadrilha com livre tráfego nas instâncias governamentais e na imprensa, que cria escolas para formar novos asseclas. Com aplauso dos ditos defensores dos tais de Direitos Humanos e da intelectuália nacional.

A religiosa americana está começando uma promissora carreira como santa. Dentro de poucos meses, teremos uma fundação e ruas com seu nome, sem falar em romarias a seu túmulo. Mais um ano ou dois, alguns milagres em seu currículo. Logo após, o processo de beatificação. Santa Dorothy Mae Stang, a santa de duas pátrias: soa bem e certamente dará filme. E dos mais lacrimogêneos. A Amazônia, com suas riquezas, promete uma farta safra de santos e mártires nos anos vindouros.

Quanto ao Luiz Pereira da Silva, este pobre diabo morto em Quipapá, Pernambuco, já ninguém lembra. Foi torturado e assassinado no sábado do último carnaval, por membros desta imensa quadrilha que o general Nass já nem consegue enxergar, tamanhas são suas dimensões. Policial militar obscuro, foi torturado e morto pelos sem-terra, durante o exercício de seu trabalho. Não mereceu nenhum pronunciamento presidencial, nem mesmo uma palavra de compaixão de algum ministro, nem gigantescas operações das Forças Armadas, nem missa na catedral da Sé, muito menos primeira página na imprensa internacional. Silêncio total nas hostes que combatem a tortura. É brasileiro, não merece lágrimas nem homenagens. Seus assassinos dificilmente serão indiciados. Como já disse um sem-terra, "em uma multidão, é muito difícil se saber quem atira".

Sangue de esquerda é sagrado e exige punição. O cadáver de um policial, bobo a ponto de querer cumprir seu dever nesta terra onde toda honra e glória é concedida a quem descumpre a lei, não vale nem uma missa.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005
 
GENTE DO PLANALTO É OUTRA COISA

Autoridades como ministros de Estado e secretários-executivos se hospedam em embaixadas brasileiras no exterior, mas recebem verba pública para pagar despesas - é o que nos conta a Folha de São Paulo. O ministro solicita diárias integrais para viagens ao exterior, que variam de US$ 220 a US$ 460, mas se hospeda nas embaixadas do Brasil em capitais como Londres, Washington, Paris e Buenos Aires. Essas embaixadas, além da pousada, oferecem pensão completa e todos os serviços de transporte na cidade. A diária integral vai integralmente para o pé-de-meia do ministro. Esta falcatrua, nos corredores do Planalto, atende pelo gentil eufemismo de "diárias secas".

Em 2003, flagrados pela imprensa, a ex-ministra da Assistência e Promoção Social Benedita da Silva devolveu R$ 4.816,00 aos cofres públicos depois de uma viagem a Buenos Aires... para orar. O ministro de Esporte, Agnelo Queiroz, devolveu R$ 10.872,00 que recebera para passar 11 dias na República Dominicana, quando as despesas tinham sido pagas pelo Comitê Olímpico Brasileiro.

Este ano, o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social devolveu as diárias recebidas em uma viagem feita a Buenos Aires, entre os dias 15 e 17 de junho, quando ficou hospedado na residência oficial da embaixada. O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Fortes, que somente no ano passado embolsou R$ 10.382,08 indevidamente, referentes a oito viagens a Buenos Aires, também devolveu o dinheiro.

Os ministros da Fazenda, Antonio Palocci Filho, do Desenvolvimento, Luiz Furlan, do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Fortes, e o secretário do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner, que também receberam as diárias secas, juram de pés juntos que vão devolvê-las. Tarso Genro, da Educação, já devolveu.

Para ladrões sem cargo no Planalto, devolução não redime o crime. Vão para a cadeia.

 
SATÃ RENDE

A Pontifícia Universidade Regina Apostolorum, ligada ao Vaticano, iniciou na quinta-feira passada o primeiro curso de satanismo e exorcismo no mundo. As aulas, que vão até 14 de abril, custam 180 euro e são reservadas a sacerdotes e seminaristas, que desejam tornar-se exorcistas.

Não satisfeito com os lucros obtidos com a venda de Deus, o Vaticano resolveu investir no Adversário.

terça-feira, fevereiro 15, 2005
 
ANALFABETISMO CONTAMINA


Ouvi, juro que ouvi, na televisão, o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, falando em "cristões".

Ou o analfabetismo do Supremo Apedeuta da Nação está contaminando o primeiro escalão, ou o primeiro escalão decidiu aderir à "quase-lógica" do chefe.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005
 
COTAS PARA CUBA


Tudo deve ter começado com a primeira faculdade de Teologia. Instalada uma instituição universitária onde se estudam artigos de fé e não há lugar para a dúvida, estão abertas as portas para todas as vigarices. Estão surgindo no Brasil, como cogumelos após a chuva, as escolas confessionais.

Comentei, ano passado, a autorização pelo Ministério da Educação, da Faculdade de Teologia Umbandista (FTU). Ora - dizia eu então - se os cristãos têm sua teologia, por que não teriam uma os cultos animistas africanos? A pergunta procede, mas tem seus percalços. O Deus cristão, além de ser um só, tem como biografia um livro dos mais antigos. Os africanos, além de serem muitos, precisam de biografias mais evidentes e bibliografia de apoio. Será necessário cavoucar muito texto do nada, para bem definir Ogun, Oxóssi, Iemanjá, Exu, pretos velhos, índios, caboclos, ciganos. Em breve teremos doutores em Teologia Umbandista e, por que não, faculdades de Teologia do Candomblé. Se os europeus criaram a ciência do que não existe, a teologia, porque os ditos africanistas não criariam outra ciência para estudos do nada?

Não bastasse esta venda de crendices no atacado, os Arautos do Evangelho inauguraram, no mês passado, sua primeira escola, em Cotia, grande São Paulo. Se alguém ainda desconhece a nova seita, esclareço: são uns fanáticos que andam vestidos com batinas em preto e vermelho, usam botinas militares e correntes de ferro à guisa de cinto. Dizem-se católicos conservadores - como se isto não fosse uma tautologia - e são dissidentes da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a famosa TFP, que reúne aqueles sisudos marmanjos engravatados que acreditam na virgindade de Maria. Já têm representação em 50 países.

Como é de menino que se torce o pepino, os arautos investiram no ramo da educação. "Nosso objetivo é criar jovens com autodisciplina e moral, com o carisma dos arautos" - afirma o diretor-geral da escola, Marcos Antônio Gagliardi Cascino. "O carisma dos arautos prega, além do ato de orar e comparecer a uma missa mensal, lições de comportamento, respeito e o resgate dos valores éticos, morais e espirituais". Por valores éticos, morais e espirituais entenda-se o ranço histórico do cristianismo. A capacidade da escola, que tem onze prédios, é de 1.500 alunos. Em 2006 devem ser abertas turmas também para o ensino médio. Nas aulas de religião, no melhor estilo da ideologia bushista, será ensinado o criacionismo.

Não bastassem estas madrassas que visam abafar nos jovens qualquer veleidade de pensamento independente, o Movimento dos Sem-Terra (MST) acaba de inaugurar em Guararema (SP) uma escola política, a Escola Nacional Florestan Fernandes, que visa educar militantes nas áreas social e política. Traduzindo em bom português: uma escola de marxismo que visa criar quadros para invadir terras, desmontar a estrutura agrária do país e instaurar entre nós aquele regime que naufragou no século passado, não sem antes levar dezenas de países à miséria. A escola custou US$ 1,3 milhão e foi custeada por um fundo social da União Européia, pelo próprio MST e pelas ONGs cristãs Caritas, da Alemanha, e Frères Des Hommes, da França. O que só comprova tese que não canso de repetir: os europeus adoram regimes socialistas, desde que instalados longe deles. E os católicos europeus, em vez de combater ideologias que levam os países à pobreza, muito coerentemente estimulam essas ideologias, para que produzam países nos quais eles, os católicos, possam exercitar essa virtude inefável, a caridade.

O nome da escola é emblemático. Homenageia um dos mais retrógrados professores da USP, tido como grande intelectual revolucionário pelas viúvas - hoje caquéticas - do comunismo. Não por acaso, foi a USP a grande responsável pela difusão da doutrina totalitária no país. Árvore velha não dobra, quebra. Enquanto tiverem voz estes mal-cheirosos cadáveres do passado, o Brasil continuará patinando eternamente em berço esplêndido. A guerrilha católica agora tem escola, professores, grade curricular e aulas regulares. E seus mestres tutelares: Marx, Lênin, Mao, Pol Pot, Che Guevara, Fidel Castro, Hugo Chávez, Frei Betto et caterva. Para saudar a criação da nova madrassa, foi conclamada uma múmia histórica uspiano-marxista, o professor Antonio Cândido.

Não bastasse a instalação de uma escola de guerrilha no país, o atual ministro da Educação, inverossímil doublé de judeu e maoísta, Tarso Fernando Hertz Genro, quer porque quer revalidar o diploma de médico de quarenta formandos pela Escola Latino-americana de Medicina (ELAM), de Cuba, ao arrepio das exigências impostas aos formandos de qualquer outro país. Ou seja, se um profissional se forma em Paris, Londres ou Nova York, terá de prestar uma série de exames e mesmo repetir certas cadeiras para ter seu diploma revalidado no Brasil. Cuba terá tratamento diferente, no que depender do ministro maoísta. Os generalistas básicos - pois é isto que Cuba forma - poderão chegar no Brasil e sair clinicando como um médico aqui formado, sem passar por exame algum, tal parece ser a excelência dos cursos de Medicina em Cuba. Já temos cotas para negros, bugres e egressos da escola pública. Surge agora mais uma, a cota de Cuba.

Não bastasse ser criada a cota de Cuba, só são enviados para a ilha de Castro os indicados pelo MST, PC do B e PT. Ou seja, se você quer ser médico, tem de ser de esquerda e receber recomendação de organizações comunistas que ainda continuam mandando no país. Ou então vá tentar o vestibular, como os demais pobres diabos. A triste verdade é que nosso país já está infestado pelos generalistas formados em Cuba, exercendo irregularmente a medicina entre nós. Por que são tolerados? Porque são cubanos, ora. Não seria de surpreender que os afilhados das esquerdas chegados de Cuba acabem brandindo a tese do direito adquirido.

A fórmula malandra de driblar o vestibular e demais exigências para o exercício da medicina está em avançada gestação nos antros do Planalto. Para o ministro maoísta é uma questão de honra qualificar os generalistas básicos. Pasarán? No pasarán? Se passarem, este país perdeu todo e qualquer resquício de vergonha. O que em nada me espantaria.

Um representante do Rio Grande do Sul na Comissão Nacional de Residência Médica, o médico Flávio José Mombru Job, pediu o afastamento do cargo sexta-feira passada, em protesto contra a falcatrua. Reservas de vergonha, ainda temos. O que resta saber é se prevalecerão.

segunda-feira, fevereiro 07, 2005
 
MAIS UM ENCOMIASTA DE PLANTÃO

Deu na Folha (07/02/05):

Para o professor do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp Eduardo Guimarães, os discursos com imagens abrangentes comparações de Lula têm um "traço didático, pedagógico. É uma tentativa de se aproximar de um interlocutor supostamente pouco preparado", ele diz.

Nesta aproximação, nesse registro em que fala Lula, pouco importaria se os dados objetivos que cita são corretos ou não. "Para ele, isso não tem importância".

 
OS QUASE-LÓGICOS


Em debates na Internet, tenho recebido mensagens de jovens que se orgulham de seu domínio precário do português e me picham como elitista. Dadas minhas considerações sobre o Supremo Apedeuta, acham que dele tenho inveja. Afinal, mesmo analfabeto, ele tem mais prestígio que eu. Tais reações provam, definitivamente, que o efeito Lula está se propagando celeremente. Certamente não chegaremos a um regime tipo Pol Pot, onde até mesmo quem portava óculos era fuzilado, pois era suspeito de ler. Mas o homem culto está em baixa e já é visto como uma ofensa a este governo.

Prova disto são as barbaridades proferidas durante o Fórum Social MUndial, reproduzidas pela imprensa como se fossem a mais pura expressão da verdade. Abrindo o Fórum, disse o Supremo Apedeuta: "Alguns companheiros que nunca tiveram problema na vida e já têm sua vaga garantida nas boas universidades públicas federais são contra as bolsas do Prouni porque na verdade eles são contra pobre estudar, contra que pobre tenha acesso à universidade". É a técnica clássica stalinista de argumentar, tão apreciada pelo PT, a de colocar argumentos fictícios na boca do adversário para melhor rebatê-los. Quem neste Brasil é contra o acesso de pobres à universidade? Não conheço ninguém e duvido que o leitor conheça. Pior ainda: em sua dificuldade espantosa de raciocinar com lógica, Lula atribui esta vontade a "alguns companheiros". Que companheiros? Supõe-se que os de seu partido, ou não seriam companheiros. Ora, duvido que algum petista, por mais polpotista que seja, seja contra o acesso dos pobres à universidade.

Logo adiante, garante: "Quando eu terminar o meu mandato, eu não vou para a França nem para os Estados Unidos fazer pós-graduação. Vou voltar para São Bernardo do Campo para conviver com meus companheiros metalúrgicos". Não existirá nenhum assessor caridoso que explique ao bronco que sem graduação não se faz pós-graduação? Nenhum jornalista que denuncie este despautério?

Pelo contrário, já surgiu até uma tese para explicar a estrutura de raciocínio que sustenta os improvisos do Supremo. A este processo de argumentação, a professora Luciana Veiga, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, chama de "quase-lógica", como se lógica admitisse gradações. Para a pesquisadora, "Lula consegue estabelecer acordos tácitos com o público sobre as premissas e pressupostos do discurso porque comunga com as crenças e valores de seus interlocutores". Traduzindo em miúdos: a parolagem presidencial se justifica por ser de um nível de analfabetismo similar ao de seus interlocutores. Por ser analfabeto, Lula é genial. Não sei se o leitor notou, mas estamos chegando àquela sociedade prevista por Orwell, em 1984, onde ignorância é sabedoria.

"Quando improvisa - prossegue a encomiasta de plantão - Lula não tem a pretensão de ser preciso, busca apenas chegar à consonância com o público, assim como se comporta o seu João na conversa corriqueira no balcão do bar ou a dona Maria no portão com a vizinha". Ou seja, como o presidente da República não consegue ir além da prosódia do seu João ou da dona Maria, isto significa que não tem a pretensão de ser preciso. Em seu socorro, a professora cita um estudioso inglês, Stephen Toulmin, para quem a linguagem comum não obedece aos ditames da lógica formal. A quase-lógica do cotidiano da grande maioria seria sustentada em inferências e deduções similares a operações lógicas, mas sem valor formal, porque sua lógica não parte de premissas estabelecidas, "mas de raciocínios particulares elevados à condição de premissa". É o que nos conta a jornalista Dora Kramer, em sua coluna no Estado de São Paulo.

As palavras operam milagres. O que antes chamávamos sofisma, passou agora a ser quase-lógica. O que lembra um pouco a expressão quase-grávida, como se gravidez comportasse quases. Em verdade, sem sequer saber o que é sofisma, o quase-lógico sofisma continuamente, por intuição. Seus "raciocínios particulares elevados à condição de premissa" muitas vezes sequer são sofismas, mas mentiras deslavadas, como os dados que avançou para gabar-se de sua gestão no Fórum Social Mundial. Quando uma pesquisadora universitária se rebaixa a dourar a pílula para defender a estultice, temos de constatar que até mesmo a intelligentsia do país - melhor talvez dizer a burritsia acadêmica - se rendeu definitivamente ao poder do bronco.

Como a imprensa se rendeu ao poder de um outro quase-lógico congênere, que compareceu ao tal de Fórum para enriquecer o bestialógico já farto do rebotalho das esquerdas reunido em Porto Alegre, o coronel venezuelano Hugo Chávez. "Não há solução para a pobreza e a miséria no mundo do capitalismo, porque é o capitalismo que causa a miséria". Aplausos de uma platéia juvenil, estúpida como todos os jovens que adoram embriagar-se de inverdades. Até parece que este senhor não leu os jornais da última década. Talvez não tenha ouvido falar da queda do Muro de Berlim, que desnudou definitivamente a miséria - aliás, já conhecida - do mundo socialista e provocou a debandada em massa dos habitantes do paraíso socialista para o inferno capitalista tão abominado por Chávez.

Se o coronel olhasse para o norte, veria os felizes habitantes do paraíso cubano, arriscando a vida em balsas ou qualquer coisa que flutue, rumo ao inferno ianque. Espichasse o olhar mais um pouco ao norte ainda, e veria mexicanos e latinos e até mesmo brasileiros, arriscando morrer afogados em rios ou de sede no deserto, tentando também alcançar o inferno capitalista. E se conseguisse enxergar um pouco mais longe, veria árabes, africanos, chineses, romenos e albaneses, morrendo de fome e sede em barcaças precárias ou morrendo sufocados em containeres, tentando encontrar um lugar ao sol no inferno capitalista europeu.

Que um insano profira insanidades é normal, isto faz parte de sua natureza. O que não é normal - e sim preocupante - é que uma juventude fanatizada o aplauda e o entronize como ícone a ser cultuado. Mais preocupante ainda é ver uma imprensa que, com medo de ser estigmatizada pelas esquerdas, reproduz sem qualquer comentário tais premissas "quase-lógicas".
Mas o troféu maior deste campeonato de pérolas ao estilo do Enem não foi conquistado nem pelo Supremo Apedeuta nem pelo coronel de fancaria, e sim por um acadêmico, o professor Emir Sader.

O que pelo menos demonstra o que há muito já sabemos: a estupidez é universal e não respeita os limites dos campi. "Estamos na quinta edição do evento e não conseguimos impedir a guerra do Iraque" - disse o quase-lógico universitário. Quer dizer então que o Fórum Social Mundial, este jamboree de maconheiros e utopistas desvairados, pretendia nada menos que impedir a guerra do Iraque? Parece que esqueceram de enviar um comunicado oficial ao Bush. Mas como acontece com todo insano, Sader tem súbitos flashs de lucidez: "parece que nem existimos".

Enfim, um pingo de boa lógica.

sábado, fevereiro 05, 2005
 
VENTO DO LESTE

Em nota quase escondida, sem destaque algum, noticia a Folha de São Paulo:

LESTE EUROPEU PEDE VETO
A SÍMBOLOS COMUNISTAS
Representantes de países do Leste Europeu no Parlamento Europeu pediram a probição de símbolos comunistas, como a foice e o martelo, caso a União Européia decida pelo veto a símbolos nazistas, como a suática. O motivo, segundo deputados de seis países, entre os quais a Estônia e a Lituânia, foram e torturas sofridas por cidadãos da ex-União Soviética ou de países sob o domínio de Moscou.
Este veto dos países que sofreram o comunismo é salutar vento do Leste, já que desta América Latina não podemos esperar nem mesmo uma brisa. Nenhum outro jornal publicou esta nota.


quinta-feira, fevereiro 03, 2005
 
A VERDADEIRA FACE DE GENRO


Se alguém tem ainda alguma dúvida sobre quem seja Tarso Genro, o atual ministro da Educação, basta dar uma olhadela em sua foto nos jornais de hoje, babando de felicidade ao lado de Fidel Ruz Castro, o mais antigo ditador do planeta.

terça-feira, fevereiro 01, 2005
 
PALAVRAS PROIBIDAS

Disse José Carlos Aleluia, líder do PFL na Câmara, sobre a portaria do governo que censura o IBGE: "É uma tentativa nazista com inspiração fascista de inibir os dados que desmentem a demagogia que o presidente tem utilizado a respeito do Brasil".

Por que não tentativa comunista com inspiração nazista? Ou ainda: tentativa comunista com inspiração fascista? Ou tentativa comunista, simplesmente? Quando um líder do PFL assim se policia, fica evidente que os comunistas ganharam em toda a linha a luta pelas mentes no Brasil.