¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, março 31, 2007
 
BATOM NA CUECA



O rabino Henry Sobel, em declaração à imprensa, afirmou que "é difícil explicar o inexplicável". Melhor então nem tentar explicar. Mas continuou tentando: "Não tenho conhecimentos científicos ou psicológicos para explicar e justificar o que aconteceu. Mas uma coisa eu sei, o Henry Sobel que cometeu aquele ato não é o Henry Sobel que vocês conhecem".

Pode ser. Mas será que o Henry Sobel que ficou um shabbat na cadeia também não é o mesmo que voltou ao Brasil e nada falou à própria mulher do episódio? Será que o Henry Sobel que voltou ao Brasil tranqüilo também não é o mesmo que só foi parar no hospital depois que a notícia de sua prisão surgiu nos jornais brasileiros?

E se a notícia não saísse nos jornais brasileiros? Henry Sobel continuaria sendo o mesmo Henry Sobel de sempre? Melhor o rabino permanecesse silente. Batom na cueca não tem explicação.

De quem é a culpa deste drama vivido por um dos mais importantes líderes religiosos do continente? Da imprensa, é claro. Não fossem os malvados jornalistas, o bom rabino não estaria hospitalizado e tudo continuaria na santa paz de D'us.

sexta-feira, março 30, 2007
 
SADER QUER VERBA


Deu no Observatório da Imprensa:

A Carta Maior não pode acabar

Por Adalberto Wodianer Marcondes
Reproduzido da Agência Envolverde

A Agência Carta Maior não pode fechar. Isto não pode acontecer pelo
simples fato de que seria um golpe de morte para a democratização da
informação no Brasil. É preciso que todas as forças democráticas deste
país compreendam que informação é o alicerce sobre o qual se constrói
uma sociedade livre e desenvolvida sob o ponto de vista ambiental,
econômico e social.

O Brasil não conseguirá superar seu subdesenvolvimento sem uma séria
política de Estado para o financiamento à informação
. Hoje a decisão
do que o povo brasileiro deve ou não saber está nas mãos das agências
de publicidade, que não têm interesse em fazer um juizo de valor sobre
conteúdos.

Veículos como a Carta Maior são fundamentais, mas não conseguem
sobreviver por falta de dinheiro. Não fortunas como as necessárias
para manter a Veja ou a Globo, mas recursos muito menores, capazes de
pagar salários e manter no ar uma agência jornalística de qualidade
inquestionável e fundamental para a construção de muitas outras mídias
comprometidas com a democracia e a sustentabilidade.

Se nós, como sociedade, permitirmos que a Carta Maior sucumba pelo
simples fato não fazer parte do jogo de compra e venda de público que
rege o mercado publicitário, estamos assumindo nossa incapacidade de
discutir outros modelos. (...) Não se pode deixar que um projeto como o da Carta Maior siga para o esquecimento.


Que tal uma lei Rouanet para subsidiar Emir Sader? Afinal, se pode financiar turismo na Europa e no mundo para jovens corruptinhos, por que não poderia financiar os chapas-brancas das esquerdas? Comunismo também é cultura.

 
ESTADO CREPUSCULAR



Segundo o psiquiatra forense Guido Palomba, o rabino Henry Sobel pode ter apresentado um "estreitamento de consciência", denominado estado crepuscular pela literatura médica. "Por um momento, a pessoa perde a noção da gravidade de seu ato", explica o psiquiatra.

Alegação interessante para o ladrão que for pego em flagrante: "Desculpe, dr. delegado, fui acometido por um estado crepuscular".

quinta-feira, março 29, 2007
 
O RABINO TEM BOM GOSTO


A gente morre e não vê tudo. Leio na agência Agestado:

O presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista (CIP), rabino Henry I. Sobel, foi preso na última sexta-feira, em Palm Beach, nos Estados Unidos, por ter furtado quatro gravatas de lojas de grife. A delegacia de Palm Beach confirmou ao estadão.com.br que ele foi liberado no sábado, após pagar fiança de US$ 3 mil. Um funcionário da loja Louis Vuitton acionou a polícia por volta das 12h30 (horário local), alertando sobre um consumidor suspeito. Uma câmera de vídeo flagrou Sobel roubando uma gravata.

Nas proximidades da loja, um policial se aproximou de Sobel, que imediatamente negou ter roubado qualquer mercadoria. Avisado de que havia sido filmado pela câmera da loja, ele então admitiu ter furtado a gravata e se ofereceu a pagá-la. O rabino levou o policial até seu carro, onde o item estava guardado. Em uma sacola, a polícia encontrou gravatas das marcas Louis Vuitton, Giorgio´s, Gucci e Giorgio Armani, que Sobel admitiu também terem sido roubadas.


No segundo dia de sua estada em São Paulo, o papa Bento XVI receberá líderes das comunidades judias e muçulmanas, além de representantes de outras denominações cristãs. Henry Sobel já confirmou sua participação.

Com qual gravata irá o rabino ao encontro de Sua Santidade?

 
JOVENS CORRUPTINHOS
VÃO COM DEMASIADA
SEDE AO POTE PÚBLICO




Em fevereiro passado, recebi de um amigo este recorte da Agência Brasil:

A diversão dos foliões neste carnaval representa menos dinheiro em caixa para a União. Por causa da Lei Federal de Incentivo à Cultura (nº 8.313/91), conhecida como Lei Rouanet, o governo federal vai abrir mão, neste ano, de R$ 86,693 milhões em tributos. Esse valor vai financiar 78 projetos carnavalescos aprovados pelo Ministério da Cultura. Ao todo, projetos de 14 estados foram contemplados com a isenção de impostos. O mais beneficiado foi o do Rio de Janeiro, que conseguiu R$ 37,429 milhões, o equivalente a 43% dos recursos. Em segundo lugar ficou Pernambuco, com R$ 9,5 milhões, seguido pela Bahia, com R$ 6,13 milhões.

Os dados estão na página do Ministério da Cultura na internet (www.cultura.gov.br). Individualmente, o projeto que contará com maior volume de recursos é o Carnaval Multicultural do Recife, que poderá captar R$ 5,8 milhões sem pagar impostos. A maior fatia do dinheiro, no entanto, ficará com 13 escolas de samba do Rio de Janeiro. Juntas, elas foram autorizadas a arrecadar R$ 33,324 milhões isentos de tributos. A escola que mais conseguiu recursos foi a Mocidade Independente de Padre Miguel. Com três projetos aprovados, a agremiação ficou com R$ 7,5 milhões. Em seguida, vem a Viradouro, de Niterói, com R$ 4,2 milhões, e a Império Serrano, com R$ 3,2 milhões.

Para as demais escolas, os valores são os seguintes: Acadêmicos do Grande Rio, de Duque de Caxias (R$ 3,1 milhões); Vila Isabel (2,3 milhões); Portela (R$ 2,2 milhões); Unidos do Porto da Pedra (R$ 1,9 milhão); Mangueira (R$ 1,6 milhão); Imperatriz Leopoldinense (R$ 1,7 milhão); Caprichosos de Pilares (R$ 1,6 milhão); Unidos da Tijuca (R$ 1,4 milhão); União da Ilha (R$ 1 milhão) e Tradição (R$ 841 mil).


Ou seja, o 1,2 milhão de reais que os jovens corruptinhos postulam é micharia. A lei Rouanet é um dos mais poderosos incentivos à corrupção no Brasil. Até mesmo uma companhia milionária como o Cirque du Soleil levou o seu. Os canadenses devem estar rindo até hoje, deste país do Terceiro Mundo onde são pagos para apresentar-se e ainda cobram ingressos - e caríssimos - dos cidadãos que financiaram antecipadamente seus espetáculos. Há quem se pergunte: é corrupção usar um dispositivo legal para receber benefícios financeiros?

Respondo: pode ser. A imprensa, em um lento e constante trabalho, tornou sinônimas as palavras cultura e entretenimento. Dê uma olhadela nas ditas páginas culturais dos jornais. No mais das vezes, lá você encontrará futilidades do mundo do lazer. Que história é essa de escorchar o contribuinte para financiar filmes que ninguém vê - e que muitas vezes nem são concluídos -, peças que ninguém assiste, livros que ninguém lê? Claro que estes financiamentos não estão ao alcance de qualquer mortal. É preciso ser amigo do rei. Não conheço outra palavra para designar o fenômeno senão esta: corrupção.

Claro que no mundo do entretenimento o jogo é mais alto. As produções exigem investimentos milionários. No caso da literatura, se exige caneta e papel. Ou seja, em termos contemporâneos, nada mais que um computador. Mas por que então esta grita toda contra os bravos escritores que nada mais pedem senão o que todos os amigos do rei ganham?

O que parece ter ocorrido foi um erro tático. Existirão, certamente, não poucos livros financiados pela lei Rouanet. Mas seus autores são discretos. Publicam o livro e se possível ocultam o financiamento. Os jovens corruptinhos foram com demasiada sede ao pote. Entusiasmados com a perspectiva de posarem como audazes embaixadores culturais enviados pelo Brasil aos países exteriores, botaram a boca no trombone. Sem lembrar que no Brasil não há apenas dezesseis escritores - ou supostos escritores - com ardentes desejos de conhecer o vasto mundo. Se multiplicarmos esse número por mil, mesmo assim teremos uma pálida idéia dos candidatos a um turismo financiado pelas mais prestigiosas capitais do Ocidente. Ou nos locupletamos todos, ou restaure-se a moralidade - como dizia Stanislaw Ponte Preta.

A inveja dos coleguinhas, de um lado, e a justa indignação dos pagadores de impostos de outro, está pondo em risco o alegre avião da alegria concebido em alguma noite de porre nalgum boteco da Vila Madalena. Mas se as passagens rumo ao anecúmeno ruírem por terra, sempre resta um recurso: os jovens corruptinhos podem pesquisar as geografias de seus amores no Google Earth. É baratinho e não precisa sair de casa.

quarta-feira, março 28, 2007
 
A CHISPA DA FERRADURA



Uma declaração da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial, em uma entrevista à BBC Brasil, está merecendo o repúdio da imprensa, das autoridades em geral e até mesmo de líderes negros. Disse a ministra:

"Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou".

A ministra disse bobagens, é verdade. Mas nem tudo que a ministra disse é bobagem. Vamos por partes.

Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco.

Pode ser e pode não ser. Se o negro se insurge contra o branco só porque o branco é branco, estamos diante de um caso óbvio de racismo. Se se insurge contra o branco porque está sendo, por exemplo, explorado pelo branco em sua força de trabalho, o problema não é mais de raça, mas de justiça. Sem falar que o verbo insurgir é vago. Na primeira acepção do Aurélio, temos sublevar, revolucionar, revoltar, rebelar, insubordinar, insurrecionar. A ministra foi infeliz na escolha desta palavra, que foi posta na moda pelos brancos de boa cepa americana. Insurgency e insurgent foram os eufemismos que a imprensa americana encontrou para eludir palavrinhas que desde a guerra do Vietnã chocam os americanos, como guerrilha e guerrilheiro. A imprensa brasileira seguiu como dócil rebanho a orientação dos coleguinhas ianques.

A palavra tem um nítido sentido de revolta contra um poder. Se a ministra se referia ao negro brasileiro, a palavra não tem sentido algum, pois não se pode falar de um poder branco no Brasil, tanto que ela é ministra.

Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros.

Pelo jeito, a ministra sentiu-se na obrigação de dizer qualquer coisa e proferiu a primeira bobagem que lhe passou pela cabeça. O mundo está cheio de maiorias brancas explorando brancos, maiorias negras explorando negros e é claro que nisto não há nenhum viés racial.

A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural.

Esta parece ter sido a frase que mais repulsa causou. E aqui vou defender a ministra. Ninguém é obrigado a gostar de alguém. Este pensamento é o pior legado do cristianismo, o famigerado amor ao próximo. Ao instituir como mandamento o amor ao próximo, os cristãos abolem o nobre sentimento da amizade, que é uma escolha eletiva. Nós escolhemos para amigos as pessoas de quem gostamos, e não necessariamente o vizinho de porta ou colega de trabalho. Ordenar a alguém que ame seu próximo é mandamento de bíblica brutalidade.

Inversamente, sempre defendi a tese de que um branco não tem obrigação alguma de gostar de negros. Podemos gostar ou não gostar, e nisto não vai nenhum racismo. O racismo está em considerar um ser inferior em função de sua cor ou raça, em negar-lhe direitos em função de cor ou raça. Não gosto nem desgosto de alguém pela cor da pele. Me criei convivendo com negros, tive bons amigos negros e também conheci negros abomináveis. Entre estes situo aqueles que quando um garçom demora cinco minutos, logo jogam na mesa a moeda racial: "tá demorando porque eu sou negro". Deste tipo de negro procuro manter distância.

Acho, como a ministra, perfeitamente natural que um negro não goste de brancos ou com eles não queira conviver. (E vice-versa). Foi a chispa da ferradura quando bate na calçada, como dizia Agripino Grieco. Pois na frase seguinte a ministra volta a proferir bobagens.

Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou.

Supõe-se que a ministra fale do Brasil. Ora, mesmo metaforicamente, a frase é totalmente vazia de sentido. Vivi em quatro Estados no sul do país, justo os Estados de predominância branca, e nunca vi em minhas seis décadas de vida nenhum sendo maltratado. Nem no campo, onde me criei, nem na cidade, onde me eduquei. Em quase meio século de bares, nunca vi um negro deixar de ser servido, ou ser mal servido, por sua cor.

Não há negro algum sendo açoitado a vida inteira neste país, ministra. A ministra está contrabandeando para o Brasil o ódio racial ainda existente nos Estados Unidos, aquele país que não aceita a miscigenização. Lá não existe o conceito de mulato. Uma gota de sangue negro dezesseis gerações atrás faz do mais branco dos americanos irremediavelmente um negro. O imenso contingente de mulatos deste país, que quase alcança o número de brancos, é o atestado definitivo de que aqui não se açoita negros a vida inteira.

Não fica bem para uma ministra proferir tais bobagens.

 
A ELEGANTE RESPOSTA DO JOCA,
JOVEM TALENTO LITERÁRIO A SER EDITADO
PELA COMPANHIA DE LETRAS




QUERIDOS FILHOS-DA-PUTA

Chega de leviandade, mau caratismo e dor-de-cotovelo e vamos ao que interessa:

A) O dinheiro que entrará no meu bolso (R$10 mil pelos direitos de adaptação audiovisual do romance que escreverei para a coleção Amores Expressos, a ser publicada pela Companhia das Letras) virá do bolso do Rodrigo Teixeira, dono da produtora RT Features e criador do projeto (segundo a Veja de 28/03: "Rodrigo Teixeira diz já contar com R$400 mil para o projeto, o que garantiria todas as viagens"). De acordo com o contrato, serão R$3 mil em maio (quando embarco para o Cairo, onde a história obrigatoriamente deverá se passar) e R$7 mil quando entregar o original;

B) Frisando: essa grana virá do cofrinho do Rodrigo Teixeira, caro contribuinte e leitor falho dos suplementos de cultura e blogues literários, e não do seu porquinho de porcelana ou do meu;

C) O dinheiro que pagará passagens e gastos com hospedagem igualmente virá do cartão de crédito ou do cheque especial do Rodrigo Teixeira, caro analfabeto funcional leitor dos mal intencionados artigos de jornalismo esparramados por aí. Tranquilize-se, não será você a pagar os juros. E nem eu;

D) Os hipotéticos R$5 mil de adiantamento referentes a 10% da tiragem do livro (que ainda será escrito) serão pagos pela Companhia das Letras, editora que também se encarregará de publicar o livro com os seus próprios recursos, e não com os seus níqueis suados, caro idiota amante das fofocas e das pragas;

E) A grana que financiará filmes, documentários, extras de dvd ou o que caralho for, virá de um projeto inscrito na Lei Rouanet que está tramitando nos corredores do Ministério da Cultura e, consequentemente, ainda não foi aprovado, além da bufunfa que lhe corresponde ainda não ter sido captada (de novo cito a Veja: "A captação de recursos através da Lei Rouanet - ainda não autorizada pelo Ministério da Cultura - entraria para garantir extras, como a produção de um documentário"). Quando e se for, eu já terei entregue meu romance (cujos direitos de adaptação já foram vendidos) e diretamente (tá tá tá: eu sei, também sou contribuinte; tá tá tá: eu também acho que é chegada a hora de reformas drásticas na Lei Rouanet), não terei mais nada a ver com isso;

F) Entendeu ou quer que eu repita, filho-da-puta?

Se você não se enquadra em nenhuma das categorias de gente medíocre e ressentida listadas acima, por favor não se ofenda. Já você aí, é, você mesmo, vista sua carapuça e vá tomar no cu.

por Joca Reiners Terron

terça-feira, março 27, 2007
 
O ESPERMA É SAGRADO



O padre João Pedro Stawicki, de Niterói, recusou-se a realizar o casamento de dois deficientes físicos, Pablo Damásio de Araújo, de 33 anos, e Cláudia Araújo Vianna, de 32. Pablo tem paralisia cerebral e Cláudia, déficit de aprendizado. Com o casamento já marcado, para dezembro passado, ao ir à igreja para pagar as devidas taxas, Pablo soube que o padre não faria a cerimônia.

Padre João devolveu a documentação, alegando que a moça era evangélica. Não era verdade, Cláudia apenas havia freqüentado cultos com uma tia, quando criança. Mas nunca fora evangélica. O zeloso sacerdote usou então de artilharia mais pesada. Disse que o Código de Direito Canônico não permite o sacramento para incapazes de procriar.

Padre João tem toda razão. O esperma é sagrado. Não pode ser desperdiçado. A propósito, em um debate no Orkut, um leitor me enviou esta bela canção dos Monty Python, do filme O Sentido da Vida.

Every Sperm Is Sacred

DAD:
There are Jews in the world.
There are Buddhists.
There are Hindus and Mormons, and then
There are those that follow Mohammed, but
I've never been one of them.

I'm a Roman Catholic,
And have been since before I was born,
And the one thing they say about Catholics is:
They'll take you as soon as you're warm.

You don't have to be a six-footer.
You don't have to have a great brain.
You don't have to have any clothes on. You're
A Catholic the moment Dad came,

Because

Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

CHILDREN:
Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

GIRL:
Let the heathen spill theirs
On the dusty ground.
God shall make them pay for
Each sperm that can't be found.

CHILDREN:
Every sperm is wanted.
Every sperm is good.
Every sperm is needed
In your neighbourhood.

MUM:
Hindu, Taoist, Mormon,
Spill theirs just anywhere,
But God loves those who treat their
Semen with more care.

MEN:
Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
WOMEN:
If a sperm is wasted,...
CHILDREN:
...God get quite irate.

PRIEST:
Every sperm is sacred.
BRIDE and GROOM:
Every sperm is good.
NANNIES:
Every sperm is needed...
CARDINALS:
...In your neighbourhood!

CHILDREN:
Every sperm is useful.
Every sperm is fine.
FUNERAL CORTEGE:
God needs everybody's.
MOURNER #1:
Mine!
MOURNER #2:
And mine!
CORPSE:
And mine!

NUN:
Let the Pagan spill theirs
O'er mountain, hill, and plain.
HOLY STATUES:
God shall strike them down for
Each sperm that's spilt in vain.

EVERYONE:
Every sperm is sacred.
Every sperm is good.
Every sperm is needed
In your neighbourhood.

Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite iraaaaaate!

 
PRODUTOR CHIA



De Rodrigo Teixeira, recebi o mail abaixo:

Para seu conhecimento, quem está pagando pela estadia dos autores sou
eu Rodrigo Teixeira. para seu conhecimento investi dinheiro meu e não
publico e nem menos captado via leis de incentivo em um filme que
está dando o que falar pelo seu resultado artistico e qualidade
chamado Cheiro do Ralo, eu invisto em cultura, do meu bolso eu me
arrisco e não consigo entender as suas acusações, leia a matéria da
Folha de sabado, e quer saber projeto malandro (onde?) não existe
aprovação, enfiando as mãos em dinheiro publico onde? prove que faço
mau uso ou que no momento estou fazendo.



Sim, eu li a Folha de sábado. Lá está escrito:

O projeto, idealizado pelo produtor Rodrigo Teixeira e pelo escritor João Paulo Cuenca, tem um custo total de R$ 1,2 milhão e pleiteia verba de renúncia fiscal. Por enquanto, o processo ainda está em tramitação no Ministério da Cultura. Se a grana de incentivo não rolar, Teixeira diz que pagará do próprio bolso as viagens dos autores.

 
SALTA AÍ UM AMOR EXPRESSO!



Tenho um amigo em Paris, já cinqüentão, que não passa ano sem ir a Cuba. Não, não é comunista nem tem qualquer simpatia pelo regime castrista. O que o atrai em Cuba é o fato de sentir-se em um museu, que reproduz uma sociedade de meio século atrás. Um outro fator o fascina. Em Cuba, se sente jovem. Basta estalar os dedos e saltam mulheres de todos os lados.

Este amigo me lembrou um dos jovens corruptinhos do projeto Amores Expressos, que pretende mandar 16 escrevinhadores para 16 cidades do mundo, para escrever histórias de amores. Um dos corruptinhos irá para Havana. Com dólares no bolso, certamente terá muitos amores expressos para contar-nos. Bastará estalar os dedos e falar:

- Salta aí um amor expresso!

E miríades de jineteras caírão em seus braços. Um amor expresso a cada estalar de dedos. Será certamente o "escritor" que terá maior facilidade de pesquisa.

Às suas custas, contribuinte.

domingo, março 25, 2007
 
CORRUPÇÃO NO MUNDO DAS LETRAS



Está dando o que falar o último caso de corrupção no mundo das letras. Digo o último porque está longe de ser o primeiro. Trata-se do Amores Expressos, projeto malandro de um tal de Rodrigo Teixeira, que pretende enviar dezesseis escritores para dezesseis cidades do mundo, entre elas Paris, Berlim, Roma, Nova York, Tóquio, São Petersburgo, Praga e outras que tais. Dessas cidades, os escritores devem trazer uma história de amor. Quem pagará a conta? Claro que não serão os escritores. O projeto buscará os subsídios da famigerada lei Rouanet, que já serviu para financiar até mesmo a apresentação no Brasil de uma companhia milionária, o Cirque du Soleil. O leitor já deve estar intuindo: no fundo quem pagará o turismo privilegiado dos meninos serei eu.

Exato, meu caro. Aparentemente, você não paga nada. O que financia os jovens literatos é a chamada renúncia fiscal, parcela da tributação que a Receita perdoa aos grandes contribuintes desde que sejam aplicadas nessa palavra mágica e elástica, a "cultura", que significa tanto Julio Iglesias como Xuxa ou Gilberto Gil. Ora, a corda sempre rebenta na ponta mais fraca. Quando falta dinheiro ao Erário para pagar a vagabundagem e as farras de nossos deputados, professores universitários, sindicalistas e artistas, a União cria as CPMFs da vida, aumenta impostos. Em suma, enfia a mão no bolso do pagante final, você.

Em reportagem da Folha de São Paulo da semana passada, Rodrigo Teixeira é pintado como "um jovem Quixote de pés bem plantados no chão". E as mãos enfiadas no dinheiro público, cabe acrescentar. Que me conste, Don Quixote nunca enfiou a mão no bolso dos contribuintes de sua época para financiar suas aventuras ou amores com a Dulcinéia del Toboso. Nem Cervantes foi pago para escrever sua obra em nenhuma capital européia ou asiática. A primeira parte foi escrita na prisão. Que a Folha encare o projeto com simpatia e o considere quixotesco, nada de espantar. Uma de suas colunistas, Cecília Giannetti, vai para Berlim. Sem carregar vergonha alguma em sua bagagem.

O projeto está orçado em 1,2 milhão de reais. As "obras" produzidas pelos escritores serão publicadas pela editora Companhia das Letras no decorrer de quatro anos. Ao investir 1,2 milhão de reais em autores praticamente desconhecidos do público, Luiz Schwarcz revela-se um editor de uma audácia extraordinária. Aposta no escuro, pois não tem idéia alguma de que os dezesseis produtos dos dezesseis autores sejam editáveis ou pelo menos vendáveis. Verdade que não é difícil ser audaz quando o investimento é a fundo perdido e não vem do próprio bolso. E é bom lembrar que o projeto do nosso Quixote - que certamente desdenha moinhos de vento, mas não é cego a uma pilha de reais, dólares ou euros - prevê uma segunda passada de chapéu, a transformação das narrativas em filmes. De novo, a mão no seu bolso.

Não vejo nada demais em uma editora financiar um escritor para escrever um livro. A primeira escritora que conheci, face a face, foi uma suissesse, em Estocolmo. Era jovem, chama-se Federica de Cesco, já havia escrito 25 livros, estava redigindo o vigésimo oitavo e tinha dois no prelo. Perguntei-lhe que fazia naqueles nortes. "Estou aqui para escrever um romance ambientado em Estocolmo. Sou paga para isso e tenho um ano para entregar meu trabalho". Primeira providência de Federica: inscreveu-se em um curso de sueco - onde a encontrei - para poder entender o país. Naquele momento, invejei a profissão de escritor. Quem a pagava era sua editora, e não o contribuinte suíço. E o editor estava apostando em uma profissional que tinha mais de 25 títulos no currículo.

Luís Schwarcz também não vê nada demais. Considera que se cinema e teatro são subsidiados, porque não o seria a literatura? Não deixa de ter razão. Ocorre que esta lógica é aquela do Stanislaw Ponte Preta: restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos. Mas isto não é o que acontece. Produtores e diretores de cinema ou teatro, no Brasil, jamais investem do próprio bolso. Só dignam-se a oferecer seu engenho e arte aos pobres mortais se os pobres mortais os financiam. Se a peça ou filme é uma solene empulhação e não tem público algum, tanto faz como tanto fez. A grana já foi embolsada e investida em mansões em ruas nobres, as únicas dignas de um grande diretor de teatro ou cinema.

Os editores parecem ter gostado dos tais de subsídios à cultura. Essas mordomias oferecidas a grupelhos de amigos nada têm de novo. Os Amores Expressos estão dando o que falar devido à desfaçatez do projeto. Em um país em que crianças estão estudando - quando estudam - em escolas de lata, é dose excessiva pagar o turismo de meninos apadrinhados com dinheiro público.

A prática é antiga no mundo acadêmico, particularmente na área de Letras. Acadêmicos brasileiros cruzam os ares, de Porto Alegre a Tóquio, de São Paulo a Paris, para fazer vitais comunicados - de vinte minutos - sobre lingüística, literatura comparada, teoria literária. Professores são enviados ao Exterior para defender teses sobre a obra de Machado de Assis ou Villa Lobos, Guimarães Rosa ou Clarice Lispector. Boa parte deles volta sem ter defendido tese alguma. Jamais vi, em minha não tão curta existência, um só professor ser demitido da universidade ou pelo menos obrigado a ressarcir o erário público. A farra é grossa, antiga e atende por intercâmbio acadêmico. Curiosamente, não ocorre a nenhum jornalista denunciar esta corrupção escancarada. O que parece soar insólito no trem dos Amores Expressos é que meros escritores queiram usufruir de privilégios privativos da universidade.

Há muitos leitores questionando a escolha das cidades para onde irão nossos bravos escritores, em geral capitais do Ocidente bastante próximas de nós. Ora, estamos fartos de histórias de amor em Paris e Berlim, Roma ou Nova York, o cinema as fornece à exaustão. Seria bem mais interessante, para o público brasileiro, ter notícias de histórias de amor em Irkutsk, por exemplo, na Sibéria. Ou Pyongyang, na Coréia do Norte. Quem sabem em Ashgabat, no Turcomenistão. Nada sabemos do amor em Grozni, na Chechênia e apesar do Iraque estar todos os dias nas primeiras páginas dos jornais, nenhuma notícia temos do amor em Bagdá. Mas suponho que escritor algum se digladiaria para pesquisar o amor em tais rincões.

Tenho sugestão melhor. Nossos escritores deveriam ir para a cadeia. Não estou fazendo piada, não. A prisão, ao longo da história, tem sido muito produtiva para escritores. A começar pelo manco de Lepanto, que escreveu na prisão a obra magna da ficção ocidental. Permanecesse em sua condição de coletor de impostos, Cervantes certamente não nos daria o Quixote. Ou ainda Dostoievski, que nos legou o imortal Recordações da Casa dos Mortos. Um fuzilamentozinho simulado - como aquele ao qual foi submetido Dostoievski - talvez não fosse fora de propósito. Ressuscitar quando achamos que estamos mortos será sempre uma experiência interessante para quem escreve sobre o ser humano e seus abismos.

Quem leu Cartas do Cárcere - sem entrar no mérito da obra - terá de constatar que a prisão permitiu que Gramsci sistematizasse seu pensamento. Mesmo entre nós, temos um Graciliano Ramos e suas Memórias do Cárcere. O escritor alagoano considerava muito salutar para sua literatura o fato de ser prisioneiro: "Naquele momento, a idéia de prisão dava-me quase prazer: vi ali um princípio de liberdade. Eximira-me do parecer, do ofício, da estampilha, dos horríveis cumprimentos ao deputado e ao senador; iria escapar a outras maçadas, gotas espessas, amargas, corrosivas".

Conhecendo como conheço as capitais do Ocidente, em nome da pujança da literatura nacional, acredito, honestamente, que a prisão seria melhor para nossos escritores. As noites de Berlim e Praga, a gastronomia de Paris ou Roma, as noites brancas de São Petersburgo e suas kagebetes, não sei não! Acho que tais apelos iriam desviar um tanto os jovens corruptinhos do nobre ofício de escrever.

Melhor prisão, mesmo. Sem falar que não oneraria o contribuinte brasileiro. Quem não adoraria ler um título como O Amor em Abu Ghraib?

sábado, março 24, 2007
 
CRONISTA CATÓLICO CONSERVADOR
DETURPA OBRA DE
ESCRITOR CATÓLICO ORTODOXO




Em 12 de fevereiro passado, escrevi neste blog que os católicos gostam muito de

empunhar Deus como fundamento de toda ética, como se não pudesse existir ética sem a crença em Deus. "Se Deus não existe, tudo é permitido". Esta frase é imputada a Dostoievski, em Os Irmãos Karamazov. Ora, ele jamais escreveu isto. Foi Sartre quem disse que ele havia escrito. Quem cita esta frase são geralmente pessoas que nunca leram Dostoievski e o citam de ouvir falar. Recentemente, me dei ao trabalho de reler Os Irmãos Karamazov para ver se Dostoievski havia realmente escrito tal bobagem. Encontrei mais de 270 referências a deus - seja o próprio, seja em expressões como "meu Deus", e não encontrei nada semelhante.

Esta afirmação, aliás, eu faço desde há muito. Em fevereiro, eu a fiz pela última vez. Escreve o cronista católico conservador Reinaldo Azevedo em sua coluna na edição de hoje da revista Veja:

Atribui-se, aliás, a Dostoievski a frase: "Se Deus não existe, tudo é permitido". Mais ou menos. É bom contextualizar. Quem escreveu isso foi Sartre (1905-1980), em O Existencialismo é um humanismo. No autor russo, há coisa parecida. Aliocha Karamazov (...) diz em tom de censura a Ivan (...): "Mas, se Deus não existe, então não há crime e não há pecado: tudo é permitido". A afirmação era feita em tom de censura. No capítulo 9 do livro 11, Ivan ouve a mesma afirmação, aí feita pelo diabo.

Não, não vou afirmar que o cronista católico tenha se pautado por minha crônica. Até pode ser que tenha descoberto a história por si próprio. (O que é certo é que quis apropriar-se da expressão Supremo Apedeuta, esta sim, criação minha. Mas isto são águas passadas). Mas também é certo que não leu Dostoievski. Está citando por ouvir dizer. Se examinarmos atentamente Os Irmãos Karamazov, encontraremos 70 ocorrências da palavra "pecado" (inclusive plurais e forma verbal), mas nenhuma no contexto citado pelo cronista católico. Há também 95 ocorrências da palavra "crime" (inclusive no plural) e mais 25 da palavra "permitido". O mais próximo que existe é o que segue. Para começar, a observação de Piotr Alexandrovitch Mioussov :

- Ivan Fiodorovitch ajuntou entre parêntesis que lá está toda a lei natural, de maneira que se você destrói no homem a fé na sua imortalidade, não somente o amor nele perecerá, mas também a força de continuar a vida no mundo. Mais ainda, não existiria nada mais que fosse imoral; tudo será autorizado, mesmo a antropofagia. E não é tudo: ele acaba afirmando que para todo indivíduo que não crê em Deus nem em sua própria imortalidade, a lei moral da natureza deveria imediatamente tornar-se o inverso absoluto da precedente lei religiosa; que o egoísmo, mesmo levado ao crime, deveria não somente ser autorizado, mas reconhecido como uma solução necessária, a mais razoável e quase a mais nobre.

Mais adiante, Mitia se pergunta:

- Mas então, que se tornaria o homem, sem Deus e a imortalidade? Tudo é permitido e, conseqüentemente, tudo é lícito? (...) Que fazer, se Deus não existe, se Rakitine tem razão ao pretender que é uma idéia forjada pela humanidade? Neste caso, o homem seria o rei da terra, do universo. Muito bem! Mas como ele seria virtuoso sem Deus?

Mitia diz para Aliocha:

- Mas então, que se tornaria o homem, sem Deus e sem imortalidade? Tudo é permitido e, conseqüentemente, tudo é lícito?

A voz do demônio:

- Mais ainda: mesmo se esta época não deve jamais chegar, como Deus e a imortalidade não existem, é permitido ao homem tornar-se um homem-deus, mesmo que fosse o único a viver assim.

Ou seja, a pergunta não é exatamente sobre Deus, mas sobre Deus e a imortalidade. A tônica repousa sobre imortalidade, que significa punições e recompensas. Os católicos querem ver nos personagens de Dostoievski a impossibilidade de uma ética sem Deus. No entanto, o que o autor empunha é a promessa de céu... ou de inferno. O fundamento de sua moral não é exatamente Deus, mas a esperança ou o medo. O cronista católico conservador, ao puxar brasa para seu assado, omite a questão da imortalidade e deturpa a obra do romancista católico ortodoxo.

Enfim, eles que são católicos que se entendam. Como ateu, não preciso nem de deus nem de imortalidade para ser ético.

sexta-feira, março 23, 2007
 
CHRISTA BRANDE CORÃO CONTRA OCIDENTE



Depois do jornalista mais papista que o papa no Brasil, surge na Alemanha uma juíza mais muçulmana que os muçulmanos. Citando o Corão, a juíza Christa Datz-Winter, de Frankfurt, negou o pedido de divórcio feito por uma mulher muçulmana que se queixava da violência do marido. A juíza declarou que os dois vieram de um "ambiente cultural marroquino em que não é incomum um homem exercer um direito de castigo corporal sobre sua esposa". A recomendação de Christa foi condenada até mesmo por líderes muçulmanos.

Quando a mulher protestou, Datz-Winter citou uma passagem do Corão, onde consta que "os homens são encarregados das mulheres". Coube ao Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha defender as leis do país. A juíza "deveria ter decidido exclusivamente nas linhas da Constituição alemã", declarou o grupo muçulmano. "Violência e abuso contra pessoas - sejam elas homens ou mulheres - também são razões para conceder um divórcio no Islã, é claro".

Quando uma juíza alemã troca o Código Civil pelo Corão e muçulmanos precisam defender a constituição de um país europeu, o Ocidente está mal das pernas. Há horas líderes muçulmanos pedem, na Suécia, a adoção da legislação muçulmana para regulamentar os casamentos de muçulmanos. Na Alemanha, já nem é preciso pedir.

quinta-feira, março 22, 2007
 
SABEDORIA ANTIGA



Escreveu Palingenio:

Semiserum vulgus fraenandum est relligione
Paenarumque metu, nam fallas atque malignum.
Illus ingenium est semper, nec sponte movetur
Ac rectum.


Traduzindo:

O vulgo semi-selvagem deve ser freado com a religião e com o medo aos castigos, pois seu espírito é sempre falaz e maligno e jamais se dirige por si mesmo ao que é correto.

 
HIPOCRISIAS FUTURAS



Leio no noticiário on line que o papa Bento XVI quer se reunir com Lula durante sua visita ao Brasil em maio. Terá o Supremo Apedeuta coragem de repetir sua acusação à Igreja Católica por sua condenação aos preservativos? Terá o Sumo Pontífice suficiente aisance para insistir em sua condenação à camisinha?

Teremos certamente um encontro entre dois hipócritas que, em nome da diplomacia, sequer tocarão no assunto.

quarta-feira, março 21, 2007
 
DEPLOREVOLE PIAGA DELL'USURA



Sua Santidade Bento XVI parece não querer dar folga ao Reinaldo Azevedo. Leio na edição on line do La Repubblica, um pronunciamento papal de 23 de novembro de 2005:

Papa, "Usura deplorevole piaga"
Da Ratzinger solidarietà a vittime


Contro la "deplorevole piaga dell'usura", oggi Benedetto XVI ha levato la sua voce nel corso dell'udienza generale in Piazza San Pietro. Una piaga, ha detto ancora il Papa, che richiede prevenzione, solidarietà verso le persone colpite ed "educazione alla legalità".

Estaria falando Sua Santidade da chaga da usura? Ora, salta aos olhos que quer dizer Praga. Por outro lado, acabo de receber este mail de Sílvio Santoro:


Janer,

Tenho acompanhado o seu debate com o jornalista Reinaldo Azevedo - explícito em seu blog, implícito no dele.

Um dos argumentos usados por Azevedo foi o de que o texto em italiano utiliza a palavra "piaga" e que, para os que conhecem bem essa língua, traduz-se por "chaga" em português. Diz ainda que a imprensa italiana não deu maior relevância ao texto do papa por esse mesmo motivo: entenderam "piaga" como nós teríamos entendido a palavra "chaga".

Não acreditei muito no que o Reinaldo escreveu. Não conheço muito bem a língua italiana, mas resolvi me arriscar numa pesquisa simples. Fiz uma busca pelo Yahoo em italiano (it.yahoo.com) com as palavras "papa" e "piaga". Recomendo a todos que a façam.

Algumas ocorrências na imprensa italiana em que Bento XVI refere-se à "piaga":

- Usura: deplorável praga da usura;

- Pedofilia: praga dos padres pedófilos (essa é ótima);

- AIDS: a praga da AIDS na África;

- Segundo casamento: a praga do segundo casamento.

Ou seja, o que Bento XVI quis dizer foi: o segundo casamento está para a comunidade cristã (católica?) assim como a AIDS está para a África.

terça-feira, março 20, 2007
 
VERGONHA AO JORNALISTA PAPISTA



Se antes havia dúvidas sobre o que Bento XVI queria dizer com piaga, agora não mais há. Em entrevista ao Estadão, o bispo d. Karl Josef Romer, - secretário do Pontifício Conselho para a Família, órgão da Cúria Romana e um dos nomes mais influentes do Vaticano - afirmou: "É praga mesmo, é isso que o santo padre quis dizer, pois ele é muito cuidadoso na escolha das palavras."

O problema de crentes nas redações de jornais - sejam eles católicos ou comunistas - é que pretendem embelezar a realidade de acordo com suas fés. Numa sociedade tolerante em relação ao divórcio, é muito duro ouvir de um líder espiritual que os divorciados constituem uma praga social. Vamos então suavizar o pronunciamento papal.

Reinaldo Azevedo, cronista católico conservador, acusou os maiores jornais do país de preconceito em relação à Igreja. Até a própria Veja, talvez em solidariedade a seu colunista, optou pela tradução por chaga.

Reinaldo continua devendo um pedido de desculpas ao jornalismo nacional.

 
CIÊNCIA DESCOBRE CATÓLICO IDEAL


Segundo a agência noticiosa EFE, cientistas ingleses e italianos descobriram um conjunto de organismos que sobreviveu por mais de 40 milhões de anos sem relação sexual. O trabalho é focado em organismos microscópicos aquáticos, assexuados, que se reproduzem por meio de ovos que são clones genéticos da mãe, pois não há pai.

Finalmente um ser católico como a Igreja gosta.

 
JUSTIÇA CARIOCA REGULAMENTA PROFISSÃO


O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) concedeu ontem liminar que proíbe que policiais revistem crianças e adolescentes. De acordo com a decisão judicial, os policiais as revistas a menores de idade só poderão ser feitas na presença dos responsáveis ou em situação de flagrante.

A justiça carioca acaba de regulamentar o delivery de drogas.

 
DEPUTADO TEM RECIDIVA



O Brasil já teve fama internacional por ser um país generoso com assaltantes internacionais e mafiosos. Você já deve ter visto não poucos filmes em que um vigarista bem sucedido, já nas cenas finais, após livrar-se da polícia, prepara as malas com uma bela cúmplice e escolhe seu rumo com um sorriso beatífico: Brasil. Os tempos mudaram. Atualmente estamos recebendo de braços abertos uma nova safra de delinqüentes, os terroristas.

Foi preso ontem, quando passeava tranqüilamente no calçadão de Copacabana, o italiano Cesare Battisti, terrorista ligado às Brigadas Vermelhas, que durante dez anos sabotaram fábricas, assaltaram bancos e realizaram atentados contra juízes, jornalistas, policiais e empresários, culminando com o seqüestro e assassinato do ex-premiê Aldo Moro, em 1978. Battisti, de 52 anos, foi condenado na Itália à prisão perpétua - à revelia - por quatro homicídios nos anos 70. É o que leio nos jornais.

Battisti se diz inocente. Mas não ousou comparecer aos tribunais para defender-se quando estava sendo julgado. Estava gozando de um exílio idílico na França, graças a uma lei de Mitterrand que negava extradição a terroristas italianos. Em 2004, com a cassação do asilo, fugiu para o Brasil, para não ser reenviado à Itália. Sua escolha foi sensata. O Brasil está se tornando um resort de luxo para terroristas aposentados. É o único lugar do mundo em que guerrilheiros presos, condenados e expulsos do país por ações terroristas estão hoje confortavelmente sentados nos altos escalões do poder. Battisti deve ter intuído que encontraria nas praias cariocas o meio-ambiente ideal para gozar ses vieux jours. Com sorte, teria um lugar ao sol no jornalismo tupiniquim. Antonio Negri, outro terrorista italiano, ligado às Brigadas Vermelhas e responsável por inúmeros crimes, tem coluna na Folha de São Paulo.

Com a ameaça de extradição de Battisti para Itália, Fernando Gabeira imediatamente saiu em socorro do companheiro de armas. O deputado está liderando um movimento, junto ao governo e parlamentares, para evitar que Battisti tenha de cumprir a pena a que foi condenado na Itália: prisão perpétua. Após sua militância estúpida num grupo guerrilheiro, que culminou com o seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, Gabeira parecia ter-se tornado um homem sensato, após seus anos de Suécia. Renunciou à ideologia de juventude, para irritação das esquerdas e apreço de um eleitorado avesso ao terror. O deputado teve agora uma recidiva. Seus bons propósitos de guerrilheiro arrependido estão vazando pelo ralo.

Gabeira certamente terá êxito. O Supremo Tribunal Federal já negou extradição a três outros terroristas italianos: Achille Lolo, acusado de matar duas crianças em incêndio e hoje assessor oficioso do PSOL; Luciano Pessina, membro das Brigadas Vermelhas e Pietro Mancini, participante da organização Autonomia Operária.

Intelectuais franceses estão fazendo campanhas de apoio a Battisti. No Brasil, Gabeira foi o pioneiro a solidarizar-se com o criminoso. Faltam ainda Chico Buarque, Marilena Chauí, Antônio Cândido, Stédile, Leonardo Boff, frei Betto, Emir Sader, Ariano Suassuna, Niemeyer, enfim, toda aquela constelação de sumidades sempre dispostas a defender qualquer assassino, desde que seja de esquerda. Não perdemos por esperar.

Terroristas unidos jamais serão vencidos. Com habilidade, ainda se descola uma boa prebenda para Battisti.

segunda-feira, março 19, 2007
 
SIGHEH, O JEITINHO MUÇULMANO



Já comentei o assunto. Mas já que falamos de jeitinho, cabe lembrar o sigheh.

A patente é iraniana. Como é proibido, segundo o Islã, manter relações sexuais fora do casamento, em tais casas os castos muçulmanos podem praticar o sigheh, modalidade de matrimônio permitida pelo ramo xiita do Islã, predominante no Irã. Tais matrimônios podem durar poucos minutos ou 99 anos, e são especialmente recomendados para viúvas que precisam de suporte financeiro. O sigheh foi aprovado no início dos anos 90, como forma de canalizar o desejo sexual dos jovens sob a segregação sexual estrita da república islâmica.

Segundo o aiatolá Muhammad Moussavi Bojnourdi, defensor incondicional das casas de castidade, "se quisermos ser realistas e limparmos a cidade dessas mulheres, precisamos usar o caminho que o Islã nos oferece". Para praticar o sigheh, basta recitar um versículo do Corão. O contrato oral não é registrado e o versículo pode ser lido por qualquer um. Uma contraprestação em dinheiro às mulheres casadas segundo este ritual é bem-vinda.

domingo, março 18, 2007
 
ERUV, O JEITINHO JUDAICO



O recente pronunciamento de Bento XVI que situa o segundo casamento como uma praga social ainda vai dar muito o que falar. Um cronista católico pretendeu que Sua Santidade, ao dizer piaga, pretenderia dizer chaga, sentido que a palavra também admite em italiano. Revelou-se mais papista que o papa: a tradução para o português da bula papal falava claramente em praga. Praga ou chaga, seja como for, o documento condena quem um dia fez uma escolha que não deu certo e busca numa segunda união aquela felicidade à qual todo ser humano tem direito. "Não é bom que o homem esteja só", disse Jeová no Gênesis. O mesmo não pensa a Igreja. Se um católico não acertou da primeira vez, deve permanecer só, irremediavelmente só, para o resto de seus dias. A punição, em verdade, é anódina, quase simbólica: privação da comunhão. Como se estivesse preocupado em beber sangue e comer carne quem quer apenas um corpo para afagar.

Bento nega o sacramento da comunhão a divorciados que se tenham casado de novo. Àqueles cujo casamento fracassou, o papa aconselha a "esforçarem-se por viver a sua relação segundo as exigências da lei de Deus, como amigos, como irmão e irmã; deste modo poderão novamente abeirar-se da mesa eucarística". Ou seja, nada de sexo. E este é o nó górdio que até hoje a Igreja não ousou desatar.

Toda a doutrina da Igreja, desde os apóstolos até o Bento, condena com veemência os ditos prazeres da carne. Só podem existir dentro do matrimônio. "É melhor casar do que abrasar-se", dizia Paulo, que só via como mitigar o abrasamento com o casamento. "Para evitar toda impudicícia, que cada homem tenha sua mulher e cada mulher seu marido". A eleição de uma virgem como modelo de todas as virtudes é sintomática: a mulher perfeita não pode ter sexo. Mais ainda, além de virgem é mãe. Ou melhor: apesar de mãe, é virgem. Se é difícil para a razão humana aceitar esta aporia, ela é enfiada goela abaixo através do dogma. Roma locuta, causa finita. É dogma e fim de papo.

Fossem só as restrições ao segundo casamento... Mas não. É proibido o sexo antes do casamento. Mesmo no casamento, o sexo não pode ser apenas prazer, mas deve ter como finalidade a procriação. Mais ainda, sexo só pode ser entre homem e mulher. Como se sexo entre homem e homem e entre mulher e mulher não fosse também prazeroso. E nisto reside o mal: para a Igreja, a finalidade do sexo não é o prazer. Portanto, nada de anticoncepcionais. Muito menos preservativo. Preservativo previne a Aids? Não importa. Que morram as gentes. Profilaxia é pecado.

Os sacerdotes devem fazer voto de castidade. Isto é, estão mortos para a vida sexual. Em princípio, são castrados para a eternidade. Costuma-se dizer que a carne é fraca. Pelo contrário. A carne é forte. Tão forte que a maioria dos padres que abandona o sacerdócio o faz para casar-se. Os que não o abandonam buscam refrigério ao abrasamento nos coroinhas e meninos da paróquia. Não foi por falta de aviso. Na Epístola aos Romanos, Paulo acusa os pagãos: "Os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro". Para Paulo, todo amor é pecaminoso, a carne é contrária ao espírito e o casamento é um remédio para a fornicação. Isto é, um mal menor.

Não sei o que pensam hoje os padres da masturbação. Em meus dias de guri, era pecado mortal e passaporte para o inferno. E lá iam os coitados dos adolescentes, enrubescidos, para o confessionário, contar ao padre suas práticas solitárias. A Igreja instalava uma maquininha de tortura na cabeça de cada crente e deixava a ele a iniciativa de acioná-la. O confessor, excitado, com voz sussurrante, queria saber: quando? Onde? Como? Chegou até o final? Quantas vezes? Os confessores foram, sem dúvida alguma, os precursores do sexo por telefone.

No fundo, o pecado bíblico de Onan. Ocorre que Onan não se masturbava pelo prazer de masturbar-se. Encarregado, conforme os costumes da época, de dar descendência a seu irmão morto, sabendo que a posteridade não seria a sua, preferia jogar sua semente na terra. Não era uma questão de prazer, mas de herança. Jeová não gostou e também o fez morrer.

Ortodoxia cansa. As gerações contemporâneas não aceitam mais regras elaboradas há milênios. Há muitas pessoas que crêem em Deus, mas não conseguem admitir um deus que proíbe o prazer. Se a virgindade de Maria é um dogma para a Igreja, a castidade não é. Castidade é palavra que não ocorre uma única vez na Bíblia. Segundo Guy Bechtel, o essencial da teoria cristã sobre a carne não vem de Jesus e tampouco está no Antigo Testamento. Foi elaborada pelos diferentes pais da Igreja e particularmente por Santo Agostinho. Algum dia, algum papa terá de usar de suficiente jogo de cintura sob pena de a Santa Madre submergir na História.

Comentei há pouco as absurdas prescrições dos judeus ortodoxos durante o shabat. Entre elas, as de não acender luzes, não carregar objetos, nem mesmo a chave da porta, não apertar o botão do elevador, não cozinhar, não abrir a torneira de água quente, não rasgar papel higiênico, e por aí vai. Interdições sem sentido algum, decorrentes das filigranas teológicas elaboradas pelos rabinos a partir de textos de três mil anos atrás, quando não havia luz elétrica, nem chave de porta, nem elevador nem botão de elevador, muito menos torneira de água ou papel higiênico. Os rabinos, dizia, hoje estão preocupados em como fazer com que os adolescentes entendam a proibição ao celular e à internet aos sábados.

Os judeus, em sua sabedoria milenar, já encontraram a solução. Escreve-me uma amiga da Finlândia:

"Você conhece o conceito de eruv? Esse é de rolar de rir. O eruv é uma cerca, real ou simbólica, que cria uma área dentro da qual são permitidas certas atividades que as leis judaicas proíbem. O eruv pode envolver uma casa, um jardim, ou até um bairro inteiro. Foi o jeito que inventaram de aplacar os rabinos ortodoxos e aliviar as restrições do shabat ao mesmo tempo. Um amigo judeu americano (judeu reformista - tão diferente dos ortodoxos como eu e você) contou que, outro dia, o eruv de sua cidade, Sharon, em Massachusetts, rompeu-se. Os fanáticos estavam em polvorosa. Outro amigo reformista diz que o preço dos imóveis dentro dos eruvin de Nova York é astronômico. Parece aquela história dos muçulmanos segundo a qual beber álcool dentro de casa, com as cortinas fechadas, não faz mal, porque Alá não está vendo".

A ortodoxia judaica cria sérios problemas aos próprios crentes. Empurrar em público um carrinho de bebê, uma cadeira de rodas e mesmo carregar nas mãos o livro de orações são atos proibidos no dia dedicado a descansar. Não se pode nem mesmo carregar um lenço no bolso. Azar seu, se estiver resfriado. Dentro do eruv, estes preceitos estão dispensados, já que a área delimitada é considerada tão privada como o lar. Em Londres, em 2002, foi instalado um eruv, limitado por 84 postes ligados por fios de náilon. A área cobre um perímetro de 17 km. Existem hoje eruvin não só em Israel, como também Austrália, Bélgica, França, Itália, África do Sul, Estados Unidos e até mesmo em Gibraltar. O de Estrasburgo abrange o Parlamento Europeu e o Tribunal de Direitos Humanos. O de Washington, a Casa Branca.

Leio ainda que há uma discussão entre rabinos sobre a condição de Manhattan. "Limites topográficos naturais como rios, penhascos e ravinas podem formar um ou mais lados legítimos de um eruv. Por esta razão, é possível considerar, segundo a perspectiva talmúdica, toda a ilha de Manhattan um eruv".

Gostei da malandragem rabínica. Uma zona franca onde se pode burlar a ortodoxia. Bem que a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana poderia ter mais jogo de cintura e criar alguns eruvin católicos cristandade afora, onde se pudesse pecar com gosto e sem remorso.

Se os milenares seguidores do Pai encontraram um jeitinho, porque não os do Filho?

sábado, março 17, 2007
 
PRAGMATISMO



Lá pelos anos 70, quando eu ainda ia ao teatro, assisti em Porto Alegre Toda nudez será castigada, do Nelson Rodrigues. É mais uma daquelas histórias escabrosas do dramaturgo, em que três tias dominam um adolescente. Que acaba fugindo com o personagem maior da peça, o ladrão boliviano, que sequer aparece em cena. Lá pelas tantas, uma das tias diz: "Se meu filho fosse bicha, eu matava". Não faltou um gaiato na platéia para comentar: "Seria o fim do teatro nacional".

O jornal francês Libération faz uma pergunta interessante: "as Forças Armadas americanas terão necessidade dos homossexuais para ganhar a guerra no Iraque?" O problema é que enquanto o Pentágono tem cada vez mais dificuldades em encontrar recrutas, os membros do Congresso americano e mesmo militares propõem aceitar definitivamente gays e lésbicas no Exército. 11077 participantes deste contingente - ou seja, uma divisão inteira - foram expulsos por sua orientação sexual entre 1994 e 2005. Entre estes, numerosos médicos e 54 lingüistas arabófonos, dos quais o Exército teria uma necessidade crucial.

Peter Pace, o comandante dos Estados Maiores, disse: "Creio que os atos homossexuais entre dois indivíduos são imorais". Em verdade, o que prevalece no Exército americano, é a lei do Don't ask, don't tell, instaurada em 93 por Bill Clinton. Ou seja, o soldado pode ser homossexual, desde que cale. Consta que hoje 65 mil homossexuais continuam a servir nas Forças Armadas americanas. Calados.

Esta filosofia convém a quem quer escapar mais ou menos honrosamente de servir no Iraque. Militares para lá designados começam a alegar homossexualidade. A pesquisa visando purgar as Forças Armadas de homossexuais já custou algo entre 250 milhões e um bilhão de dólares. O próprio Bush teve de convir que as declarações do general Pace são "inapropriadas".

O antigo comandante dos Estados Maiores, John Shalikashvili, considera que a disposição da Forças Armadas foram reduzidas pelos deslocamentos no Oriente Médio, e "que nós deveríamos aceitar todos os americanos que querem servir. 'Não pergunta, não diz nada' não tem sentido em tempo de paz e, em tempo de guerra, esta política é absurda".

As Forças Armadas americanas estão sendo pragmáticas. Em tempos de guerra, não importa a orientação sexual da carne de canhão. O homossexualismo avança. Se quiserem dispensar os que optam por este comportamento, correm o risco de ter o mesmo fim do teatro brasileiro.

Com a atual crise de vocações sacerdotais, bem que o Vaticano poderia meditar um pouco sobre o pragmatismo do Tio Sam.

sexta-feira, março 16, 2007
 
VATICANO DESMENTE CRONISTA CATÓLICO



Reinaldo Azevedo refestelou-se acusando a imprensa nacional de preconceito ao traduzir piaga por praga, em seu blog na revista Veja. Segundo o cronista católico conservador, a boa tradução seria chaga.

Cantei a bola ontem na nota "Rosa, rosae, rosam", das 21h30, e batata! Os três grande jornais do país devem uma correção a seus leitores. Atribuíram ao papa Bento 16 o que ele não disse e deixaram de informar o que ele disse. O erro se deve a um falso cognato - terror dos tradutores -, mas não teria se espalhado de maneira uniforme não fosse o preconceito de que são vítimas o próprio papa e a Igreja Católica.

Um considerável séquito de carolas regozijou-se, nos comentários do blog, com a tradução de Reinaldo. O senso de caridade cristã de Bento XVI estava salvo. Como se chaga tivesse grandes diferenças de praga. Leio agora a tradução oficial da bula papal ao português no site oficial do Vaticano:

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20070222_sacramentum-caritatis_po.html

Lá está: praga. É o que dá querer ser mais católico que o papa. Reinaldo Azevedo deve desculpas ao jornalismo nacional. Pedirá desculpas? É o que resta saber.

quinta-feira, março 15, 2007
 
CUIDADO: PASTOR ALEMÃO SEM FOCINHEIRA



O cronista católico conservador Reinaldo Azevedo escreveu na Veja on line:

Conforme se podia ver no site do Corriere della Sera já no começo da noite, Bento 16 havia dito que o segundo casamento era "una vera piaga" para os cristãos. "Piaga" quer dizer "chaga", "ferida", jamais "praga', como se traduziu no Brasil. Manchete da Folha: "2º casamento é uma praga, diz papa" - não diz. "Papa chama segundo casamento de praga social", afirma o Estadão na primeira página - não chama. 'Para Bento XVI, 2º casamento é 'praga'", informa O Globo na página 29 - não é. Uma das orações de São Bernardo para alcançar uma graça diz assim: "Dilettissimo Signore mio Gesù Cristo, mansueto Agnello di Dio, io povero peccatore Ti adoro e considero la dolorosissima piaga (...)" É uma referência à "dolorosíssima chaga" de Jesus Cristo, jamais à sua "dolorosíssima praga". O que não ficaria nem bem...

Não é verdade. Ou Reinaldo Azevedo conhece o italiano e mente. Ou não se deu ao trabalho de procurar um dicionário. Bento XVI usou de mão pesada em relação aos divorciados católicos. Seu fiel seguidor quer dourar a pílula. Piaga também quer dizer praga. Tem também o sentido, em italiano, de grave danno, flagello, rovina: La droga è una delle più grave piaghe sociali. Le piaghe d'Egitto, secondo la Bibbia, le dieci calamita con cui Dio punì gli egizi che tenevano in schiavitù gli hebrei.

O papa usou uma palavra que admite os dois sentidos, praga ou chaga. Não pode queixar-se que traduzam por praga. O que dá no mesmo: ambas as palavras têm sentido pejorativo. Por mais dolorosissima que seja a piaga do Cristo, chaga não é coisa de que alguém se orgulhe. Exceto talvez os católicos, que têm como logotipo um instrumento de tortura.

Azevedo usou mais ou menos o expediente de Maimônides:

"Segundo Maimônides - escreveu Espinosa - cada trecho da Escritura pode ter vários sentidos e até mesmo sentidos opostos, e não podemos conhecer o verdadeiro sentido de qualquer trecho a não ser que saibamos que, tal como o interpretamos, ele nada contém que esteja em desacordo ou em contradição com a Razão. Se, tomado em seu sentido literal e por mais claro que pareça, algum trecho estiver em contradição com a Razão, convirá interpretá-lo de outra forma".

É o que chamo de linguagem de profeta. Swift apanhou muito bem esta malandragem nas Viagens de Gulliver, quando comenta a guerra deflagrada entre Lilipute e Blefuscu por uma gravíssima questão. Segundo os liliputianos, todos

concordavam que a maneira primitiva de partir os ovos antes de serem comidos, era bater com eles no rebordo de qualquer prato ou copo; mas o avô de Sua Majestade imperial, em criança, estando para comer um ovo, teve a infelicidade de cortar um dedo, o que deu motivo a que o imperador, seu pai, lavrasse um decreto, em que ordenava aos seus súditos, sob graves penas, que partissem os ovos pela extremidade mais delgada. Este decreto irritou tanto o povo, que consoante narram os nossos cronistas, houve por essa época seis revoltas, em uma das quais um imperador perdeu a coroa. Estas questiúnculas intestinas foram sempre fomentadas pelos soberanos de Blefuscu e, quando as sublevações foram sufocadas, os culpados refugiaram-se neste império. Pelas estatísticas que se fizeram, onze mil homens, em diversas épocas, preferiram morrer a submeter-se ao decreto de partir os ovos pela extremidade mais delgada. Foram escritas e publicadas centenas de volumosos livros acerca deste assunto; mas os livros que defendiam o modo de partir os ovos pela extremidade mais grossa foram proibidos desde logo, e todo o seu partido foi declarado incapaz de exercer qualquer função pública.

Os imperadores de Blefuscu fizeram freqüentes recriminações por intermédio dos seus embaixadores, acusando os liliputianos de praticar um crime, violando um preceito fundamental do nosso grande profeta Lustrogg, no quinquagésimo quarto capítulo de Blundecral (que era o lá o Corão deles). Isto, porém, foi considerado como uma simples interpretação do sentido do texto, cujos termos eram: que todos os fiéis quebrem os ovos pela extremidade mais conveniente.

Foi mais ou menos o que Bento XVI fez: os fiéis que decidam qual a ponta conveniente. Praga ou chaga, faltou diplomacia ao Vaticano. O pastor alemão está solto. E sem focinheira.

quarta-feira, março 14, 2007
 
UM CRONISTA LÚCIDO


Você anda cansado das crônicas anódinas dos grandes jornais? Cansado daqueles cronistas que ficam em cima do muro e não se definem sobre nenhum assunto espinhoso? Quer ler um outro cronista sensato?

Leia o Rodrigo Constantino: http://rodrigoconstantino.blogspot.com

terça-feira, março 13, 2007
 
A INSENSIBILIDADE DO BENTO



Isolado no Vaticano e cercado por seus áulicos, Bento XVI parece não entender o mundo que vive. Foi divulgado nesta terça-feira o documento Sacramentum Caritatis, no qual o papa proíbe os divorciados de receberem a comunhão. Ora, nesta nossa época, em que boa parte dos católicos sequer acredita em Deus, Sua Santidade deveria dar-se por feliz que pelo menos assistam à missa. O documento condena ainda o segundo casamento de pessoas já divorciadas: "Trata-se de um problema pastoral espinhoso e complexo, uma verdadeira praga do ambiente social contemporâneo que vai, progressivamente, corroendo os próprios ambientes católicos."

Para começar, para um católico o casamento é uno e indissolúvel. Um católico não pode divorciar-se. Se se divorciou, é porque já não aceita a Igreja, nem seu magistério nem seus sacramentos. Isto é, está fora da comunidade cristã. Por outro lado, pode um papa negar o direito a uma segunda chance a quem fracassou no primeiro casamento? As pessoas que se divorciam nutrem em geral a esperança de encontrar um novo parceiro. E muitas vezes é para isso mesmo que pedem divórcio.

Diz ainda o documento: "O celibato sacerdotal, vivido com maturidade, alegria e dedicação, é uma bênção enorme para a igreja e para a própria sociedade". O que estamos vendo não é nenhum celibato vivido com maturidade e alegria, mas sim sacerdotes torturados pela carne, que exercem sua lubricidade sobre crianças indefesas. Nunca na história uma corporação reuniu tantos profissionais processados por pedofilia e violação. A coisa é de tal monta que igrejas nos Estados Unidos estão decretando falência para eximir-se de pagar indenizações milionárias às vítimas. Benção enorme para a igreja e para a sociedade seria permitir que os sacerdotes extravasem suas libidos com suas próprias mulheres. Ou homens, conforme o gosto. A praga que está corroendo os ambientes católicos não é exatamente o divórcio, mas o apreço dos sacerdotes por menininhos.

Comentei outro dia pesquisa realizada na França, segundo a qual somente um francês entre dois ainda se declara católico. E só um católico entre dois ainda acredita em Deus. A insensibilidade do papa à época em que vive é abissal. Não espanta que a Igreja de Roma esteja perdendo terreno ante a progressão dos evangélicos e seitas menores.

segunda-feira, março 12, 2007
 
TECNOLOGIA AMEAÇA SUPERSTIÇÕES



Em dezembro de 2005, escrevi artigo intitulado "Sobre Maimônides" no qual, entre outras coisas, enumerava curiosos hábitos judeus que observei em Higienópolis, o bairro onde vivo. Fui acusado, por um grupo de judeus, de sentir-me "incomodado com as pessoas que vivem no seu bairro, seus ritos e costumes?" Não, nunca me senti incomodado. Apenas achava tudo aquilo muito estranho. O Estadão de ontem, em reportagem intitulada "O desafio de manter a tradição kosher na era pop", enumera mais algumas dessas idiossincrasias, que reproduzo abaixo.

- Como é proibido apertar um interruptor, a maioria compra timers para que as luzes se acendam e apaguem automaticamente.

- Para que a luz dentro da geladeira não se acenda durante o shabat, a lâmpada é retirada.

- Elevadores dos prédios mais modernos de Higienópolis, bairro predominantemente judeu em São Paulo, param andar por andar para que a pessoa não tenha de apertar o botão.

- Não é permitido cozinhar no shabat. Um apetrecho muito usado é a plata de shabat, espécie de chapa elétrica que pode ficar ligada durante 72 horas. Assim, a refeição pode ser aquecida antes de ser servida.

- Não se pode usar a torneira de água quente, por causa da proibição de cozinhar. Para lavar a louça, muitas donas de casa enchem a pia de água quente antes do início do shabat, colocam detergente na água e cobrem com papel alumínio até a hora de usar.

- Como não é permitido rasgar o papel higiênico no shabat, muitas famílias compram guardanapos para deixar nos banheiros.

- Não é permitido carregar nada no shabat, seja documentos, dinheiro ou mesmo a chave da porta. Ainda assim, não há lei que proíba o ato de vestir. Para levar a chave quando saem de casa, muitos judeus a amarram em um elástico bem grande e "vestem" o acessório na cintura.

Suponho que desta vez os senhores judeus não dirão que o sóbrio Estadão está se sentindo incomodado com os hábitos da comunidade. A reportagem levanta um problema que preocupa os atuais rabinos, como manter o interesse pelo judaísmo nestes dias de Internet. "Em um mundo tecnológico, como fazer com que os judeus praticantes permaneçam kosher (ortodoxos)? Não se pode acender nenhuma luz no sábado, dia considerado sagrado, no qual o mínimo esforço deve ser evitado? Nem mesmo chamar o elevador? E como não fechar negócios no fim de semana? O dono da maior construtora de São Paulo, Eli Horn, por seguir a lei judaica à risca, não deixa ninguém da Cyrela, por exemplo, assinar documentos justamente no dia em que mais apartamentos são vendidos na cidade". Pior ainda: como fazer com que os adolescentes entendam a proibição ao celular e à internet aos sábados?

Acho que não será fácil. É prazeroso constatar como inovações tecnológicas, que a rigor nada têm a ver com ortodoxias, ameaçam superstições milenares.

domingo, março 11, 2007
 
AINDA AS MULHERES E O ISLÃ



Uma mulher precisa ser muito vagabunda, em qualquer acepção da palavra, para decidir não trabalhar só porque o marido pode prover tudo - escrevi há pouco. Recebi mail machucado de uma amiga, que não se sente vagabunda de forma alguma, só porque optou por interromper o trabalho para cuidar dos filhos. Ora, eu não me referia a estas. Interromper o trabalho significa que a pessoa trabalhava, tinha uma profissão e a exercia. Eu falava, isto sim, destas senhoritas que jamais pensaram em exercer uma profissão qualquer porque acham que ao amo e senhor cabe seu sustento. Elas são legião. Um dia a casa cai, a mulher se vê no olho da rua e acaba apelando à única profissão que - pelo menos teoricamente - não exige formação alguma, a prostituição. Não tenho dados, mas é de supor-se que sejam estas moças as que mais alimentam o mercado da carne paga.

Ao falar de vagabundas, eu me referia àquela brasileira casada com um muçulmano que recentemente afirmou: "Mas se a mulher não precisa trabalhar, já que o marido pode prover tudo, por que ela vai trabalhar?" É que talvez ela ainda não conheça certas práticas jurídicas do Islã. Já contei esta história cinco anos atrás. Como curta é a memória das gentes, cabe repetí-la.

Aconteceu na Arábia Saudita, em 79, em uma copa de futebol. O fato foi relatado no jornal Al Medina, de Riad. Abdul Rahman El Otaibi, rico comerciante, assistia o jogo entre a equipe Ittihad, de Djeddah, e a equipe Ahli, de Riad. Abdul torcia por Ittihad, sua mulher preferia encorajar os Ahli. Para desgraça da senhora El Otaibi, seu time marcou um gol. Ela vibra e Abdul pronuncia a fórmula ritual:

- Em nome de Alá, eu te repudio.

O jogo continua. Os Ahli fazem um segundo gol, a senhora Otaibi não se controla e aplaude seu time. Abdul repete a fórmula:

- Em nome de Alá, eu te repudio.

Para suprema desgraça da senhora Otaibi, em uma dessas jogadas que nem mesmo um ficcionista ousaria criar, quis o destino que os Ahli marcassem um terceiro gol. Ela vibra. Abdul pronuncia pela terceira vez a fórmula fatídica:

- Em nome de Alá, eu te repudio.

Ora, no Islã basta que o marido repudie a mulher três vezes para que o divórcio se consume. A partir do terceiro gol, a senhora Otaibi estava no olho da rua. O caso acabou na corte corânica de Meca. Para sua sorte, em algum lugar disse Maomé: "o divórcio não será válido se for pronunciado sob o império de cólera extrema".
Em severo editorial, o Al Medina anatematizava não o Corão, evidentemente, mas o futebol: "até quando nossa obsessão pelo futebol continuará a destruir o caráter sagrado de nossa família?"

Ainda em janeiro passado, o Corriere della Sera nos contava uma versão mais ágil do divórcio árabe. Uma professora de Literatura em Genova, casada em segundo matrimônio com um marroquino, descobriu-se divorciada por celular. Recebeu um singelo SMS com a mensagem: EU TE REPUDIO, EU TE REPUDIO, EU REPUDIO. O divórcio estava consumado. No ano passado, um tribunal de Manila, Filipinas, reconheceu que o direito dos maridos ao divórcio se poderá efetivar via SMS. A tecnologia unida à barbárie torna tudo mais rápido.

É a chamada lei dos três talaks (repúdio). Pronunciado três vezes o repúdio pelo marido, a mulher está divorciada. Claro que o inverso é inimaginável. Mulher vale sempre metade no Islã. Se o Corão reconhece às mulheres o direito à herança, os doutores da lei decidiram que a mulher só pode receber metade da parte devida ao homem. O testemunho de um homem vale pelo testemunho de duas mulheres. Um homem pode ter quatro mulheres. A mulher, um homem só.

A amiga que me escreve, corroborando o que tenho escrito sobre a condição da mulher árabe, me fala de uma reportagem que viu na televisão sueca. Na Arábia Saudita, uma mulher que fora raptada, espancada e estuprada por sete homens foi condenada a 90 chicotadas por ter estado sozinha com os sete homens. É realmente invejável a condição da mulher sob o Islã.

Há uns trinta anos, tive oportunidade de conhecer três países islâmicos, Egito, Argélia e Tunísia. A misoginia é flagrante. Raras mulheres nas ruas e quase sempre com véus. Em Argel, estive em época em que os fundamentalistas ainda não haviam mostrado suas garras. Se na casbá o véu era regra, nas proximidades da universidade já se podia ver rostos femininos. Mais tarde os ativistas muçulmanos começaram a jogar ácido no rosto das mulheres sem véu, e suponho que hoje mulher alguma se arrisque a ser desfigurada. É preciso muito ódio ao sexo feminino para deformar um rosto. Durante a guerra contra os franceses, as mulheres tiveram ocasião de exercer sua independência: eram muito eficazes para carregar bombas. Terminada a guerra, que voltem para a cozinha fazer cuscuz. Aliás, esta situação se repete atualmente. Na hora de explodir-se, as muçulmanas têm os mesmos direitos que os homens.

Nos bares, imensos e espaçosos, centenas de machos tomando café, chá ou fumando narguilé. Nem sombra de mulher. Uma turista, acompanhada por um homem, e se não estiver de pernas à mostra, até que pode entrar. Mas não se sentirá nada bem. O bar é território exclusivamente masculino e mulheres lá não são bem-vindas. Um amigo me lembra que na década passada, a mulher do embaixador do Brasil na Arábia Saudita apanhou publicamente da polícia de Riad, por não estar portanto o famigerado véu num centro comercial. Claro que tudo ficou por isso mesmo.

No Cairo, naquelas noites de inverno a sufocantes 30 graus, milhares de homens passeando abraçadinhos, braços no ombro, na cintura, mãozinha com mãozinha, dedinhos entrelaçados. Nem sombra de mulher. Eventualmente, um vulto velado correndo para casa. Homofilia, diriam os mais gentis. Os cultores de eufemismos que me desculpem: aquilo é homossexualismo. Ora, quem me conhece sabe muito bem que nada tenho contra homossexuais. Mas as mulheres não precisavam ser expulsas dos bares e das ruas, ora bolas.

Isso sem falar na infibulação da vagina e na ablação do clitóris. Estas mutilações estão hoje em todos os jornais. Mas nos anos 70, quando escrevi sobre o assunto no Brasil, fui tomado por delirante. Acusavam-me de estar denegrindo o islamismo. Hoje, sabe-se que a praga está se espalhando pela Europa, Estados Unidos e Canadá.

Muitas são as diferenças entre Islã e Ocidente. Mas a condição da mulher é o ponto nevrálgico. Enquanto este contencioso não for resolvido, não se pode falar em diálogo. Ocorre que jamais será resolvido.

À brasileira que louvou a condição da mulher muçulmana, seria interessante perguntar se permitiria que suas filhas fossem castradas e mutiladas para o prazer.

sábado, março 10, 2007
 
SERVIÇOS DE ESTUPIDIFICAÇÃO

Por Emílio Calil
www.emiliocalil.com/blog


Que a imprensa brasileira, em geral, presta um desserviço à nação, não é novidade. Praticamente todas as notícias dos grandes jornais são filtradas, editadas e distorcidas para se fomentar opiniões erradas, enganar o leitor e desenvolver uma nação de imbecis. E não adianta trocar de jornal, todos sofrem do mesmo mal. E ai de você se contestar a opinião desses "grandes profissionais".

Mas o problema, mesmo, é quando se nota o que esses jornais consideram notícias importantes a ponto de ganharem lugares de destaque. Numa rápida passagem entre os portais UOL, Terra e IG, encontrei as seguintes notícias, acompanhadas até de fotos, ocupando os cabeçalhos dos sites:

- Quem rebola melhor? Confira Beyonce e Shakira juntas.
- O mais desejado do Brasil: Saiba tudo sobre Diego, o Alemão do BBB7.
- Qual sua posição sexual preferida? - Pergunta o líder do Coldplay.
- Estudantes picham muros com inscrições anti-Bush em SP.
- Novela propõe o debate: Como enfrentar o turismo sexual?


Honestamente eu não sei como uma pessoa poderia sair para trabalhar sem ler qualquer uma dessas notícias importantíssimas. A estupidifação dos leitores brasileiros vem em doses cavalares, e parece que ninguém mais se importa. Ainda que você não saiba inglês, francês ou italiano, dê uma passada nos sites do Corriere Della Sera, do Le Figaro, do El Pais e da BBC (a de Londres, bem entendido, pois a brasileira também não presta). Veja nesses sites citados se você encontra alguma notícia tão cretina quanto às dos sites brasileiros - não que todos esses jornais transbordem qualidade e imparcialidade, mas compare-os com os nossos e tire suas próprias conclusões.

E aí fico sabendo que o Brasil é 11º país em número de internautas, ou seja, mais e mais brasileiros poderão ter acesso instantâneo às últimas notícias do Big Brother ou poderão participar de pesquisas sobre suas posições sexuais favoritas. Chega a ser cômico, mas não sinto vontade nenhuma de rir.

Cada dia que passa está mais difícil encontrar alguém para uma boa conversa, alguém que consiga falar sobre diversos assuntos com desenvoltura e sem os cabrestos impostos pela nossa imprensa. Alguém que saiba que Che Guevara não foi herói coisa nenhuma, que não culpe as "elites" e a "desigualdade social" pelos problemas da criminalidade, que tenha coragem de dizer que Paulo Coelho não serve nem para papel higiênico, que Raul Seixas é péssimo e por aí vai. E se depender do fantástico serviço de lobotomia dos jornais brasileiros, essas pessoas serão extintas em pouco tempo.

Salve-se quem puder.

 
KAFKA INSPIRA CHINESES



Segundo a agência noticiosa estatal chinesa Xinhua, na província de Shandong foi introduzido no sistema penal um programa de computador, já utilizado pelos juízes para ditarem suas sentenças em mais de 1.500 casos. O software consiste num banco de dados sobre leis, sentenças e interpretações judiciais, baseado em mais de 7 mil casos julgados entre 2001 e 2005. Quando um juiz quer utilizar o arquivo, só precisa digitar os detalhes do caso que está julgando. Em um minuto, o computador apresenta uma sugestão de sentença.

Franz Kafka já havia concebido este instrumento no início do século passado. Como não viveu na era dos computadores, concebeu, na novela Na colônia penal (1914), uma máquina infernal de administração da Justiça. Os julgamentos são singelos e deles só participam o réu, um soldado e o oficial encarregado de ministrar a justiça, isto é, de operar a máquina. Para que cada condenado sinta na carne o peso e a especificidade da sentença que recebeu, a máquina a escreve em sua pele, em letras de sangue.

A bem da verdade, o soft chinês não escreve a sentença em sangue. Mas certamente acelera os procedimentos judiciais. Viria a calhar para desentulhar os tribunais brasileiros.

sexta-feira, março 09, 2007
 
TERIA O SUPER-HOMEM VIRADO A CASACA?



Ontem, zapeando em horas tardias, vi na televisão palavras que me fizeram voltar à infância: Clark Kent, Jimmy Olsen, Lex Luthor, kriptonita. Era um seriado intitulado Smallville. Fui transportado a meus dias de Dom Pedrito, quando trocava gibis nas matinés do cine Glória. Super-Homem era uma das revistinhas mais valorizadas, ao lado de Capitão Marvel.

Super-Homem era um tanto careta, incondicional defensor da lei e da ordem. Não é que agora vejo o herói, em sua juventude, defendendo e escondendo imigrantes ilegais?

O politicamente correto invadiu até mesmo meu universo de guri.

 
SÓ BUSH RESOLVE



Os padres católicos brasileiros conseguiram vender à imprensa um conceito muito safado, a de "povos da rua". Ou moradores da rua. Vendido o conceito, vende-se também a idéia de que morar na rua é um direito de todo cidadão. Certa vez, tive de dar um chute num mendigo que se escarrapachou justo em frente ao portão de meu prédio. Instruído por alguma assistente social, ele reagiu furioso:

- Que é isso? A Constituição não garante o direito de ir e vir?
- Garante. O que a Constituição não garante é o direito de deitar.

Confuso, ele pegou seus mulambos e foi deitar em algum outro lugar, onde colasse sua conversa de direitos constitucionais.

Uma das coisas que mais fere o paulistano é ver mendigos deitados e até mesmo barracos instalados nas ruas, sem que autoridade alguma faça algo para removê-los. Queixar-se à polícia é inútil. Aos serviços da Prefeitura, idem. E se alguma autoridade isolada resolve tomar uma atitude e remover estes cidadãos que se julgam proprietários das ruas, logo surge o padre Júlio Lancellotti para protestar contra os desmandos do poder.

Se fosse apenas o padre Lancellotti, seria inteligível. Os setores mais vivos da Igreja Católica desde há muito descobriram que mendigos deitados nas ruas são uma poderosa fonte de captação de dólares e euros de entidades católicas da Europa. O pior é ver um jornal como a Folha de São Paulo denunciar aos berros qualquer tentativa de resolver este problema urbano. Se é construído um prédio sem marquises, a Folha logo denuncia a "arquitetura antimendigos". Se a Prefeitura põe nas praças bancos com braços que impossibilitem que mendigos neles deitem, a Folha denuncia os "bancos antimendigos".

Só Bush consegue resolver o problema. Com sua chegada a São Paulo, foram finalmente removidas duas sem-teto que moravam há quinze anos numa rua próxima ao Hotel Hilton. O que nenhum morador do bairro conseguiu, o poderoso líder do império, com sua mera proximidade, resolveu. Bush parece funcionar como uma espécie de superego do Terceiro Mundo. A miséria humana que nós, pobres mortais, temos de suportar com o nariz tapado, não pode sequer ficar ao alcance dos olhos do presidente americano. Até mesmo carroças de papeleiros e de cachorro-quente foram eliminadas do entorno do grande chefe.

Se assim for, que Bush permaneça para sempre entre nós.

quinta-feira, março 08, 2007
 
TRISTE VER UMA BRASILEIRA...



Se há algo que me agrada no Ocidente, é ver mulheres que trabalham e são donas do próprio nariz. Quando as vejo, seja em seus ambientes de trabalho, seja em bares ou restaurantes, conduzindo a própria vida, elegendo seus afetos, discutindo e defendendo suas opiniões, me sinto bem. Vivo em país onde a mulher não é confinada ao lar, mas participa ombro a ombro da vida nacional. O convívio com este tipo de mulher sempre me apraz e não consigo relacionar-me com mulheres que não fazem nada na vida.

É muito bom também vê-las exibindo rostos, seios, pernas, barriguinha, comportamento corriqueiro no Ocidente, mas que em boa parte do planetinha constitui crime. Em qualquer praia do país, piscina ou academia, as mulheres estão quase despidas, constituem uma festa para os olhos, sem que isto perturbe a vida de ninguém. O mesmo não acontece no reino dos cabeças-de-toalha.

Neste dia internacional da mulher, a imprensa conseguiu encontrar uma para louvar a escravidão. Segundo o noticiário on-line, Ilza Almeida, brasileira convertida ao islamismo que adotou o nome de Yasmin El Talawy, acha que tem muito mais liberdade no Egito do que tinha no Brasil: "Aqui você pode fazer qualquer coisa. Trabalhar é só você querer. Querer e o marido autorizar. Mas se a mulher não precisa trabalhar, já que o marido pode prover tudo, por que ela vai trabalhar?", afirma Ilza.

Os seguidores de Alá que me desculpem, mas uma mulher precisa ser muito vagabunda - em qualquer acepção da palavra - para decidir não trabalhar só porque o marido pode prover tudo. Sem trabalho, a vida perde o sentido. Que as muçulmanas não trabalhem, entende-se. Por uma imposição religiosa, elas não têm direito ao trabalho. Que uma brasileira, que vive em país onde trabalhar não é proibido à mulher, aceite esta condição, está além de todo entendimento.

"Aqui você pode fazer qualquer coisa", diz Yasmin. Yasmin mente. Ela só pode fazer o que o marido e as leis islâmicas permitem. Há países em que não poderá dirigir. Em outros, sequer poderá sair só às ruas. Jamais poderá entrar em um bar. Nunca poderá receber um amigo em sua casa. Mais ainda, não pode ter amigo algum. Suas relações são reduzidas ao universo feminino.

Há alguns meses, a brasileira convertida adotou o véu para esconder os cabelos. "A beleza da mulher foi feita para mostrar para o marido dela e para mais ninguém. Por que o outro vai xeretar? Por que o outro tem de saber o comprimento ou a cor do meu cabelo ou se está tudo em cima? Isso é da conta só do meu marido". Ora, no Ocidente ninguém vai xeretar a cor ou comprimento do cabelo de alguém. Ninguém vai xeretar pelo simples fatos de que os cabelos estão expostos. Escondê-los é que pode despertar alguma curiosidade.

"Você quer maior liberdade do que usar o nikab, estar completamente coberta, apenas com seus olhos aparecendo e ninguém saber quem você é?" É preciso abdicar totalmente à própria individualidade para alguém desejar que seus semelhantes não saibam quem é. Mas o melhor vem agora: "Bom, homem é homem, né? Não pode ver nada e quando vê uma coisinha fica doido. Mas isso é da natureza do homem, lamento dizer isso. Você vai fazer o quê? Matar o cara?", pergunta-se Yasmin.

Em verdade, está repetindo as sandices proferidas pelo principal líder muçulmano da Austrália, o xeque Taj ad-Din al-Hilaly, que afirmou no sermão de Ramadã passado: "se você põe carne sem cobrir na rua, ou no jardim, ou no parque, ou no pátio, e os gatos vêm e comem, de quem é a culpa, dos gatos ou da carne descoberta? O problema é a carne descoberta. Se a mulher tivesse ficado em seu quarto, em sua casa, com seu hiyab, não haveria problema".

Que estranha natureza será essa, a do macho árabe, que quando vê uma "coisinha" fica doido? Que quando vê carne sem cobrir tem de comê-la? Cá no Ocidente, as mulheres mostram peitos, pernas, cinturas e ninguém anda violando ninguém nas ruas. Violações existem, é verdade, como existem em qualquer lugar do mundo. Mas não dependem desta ou daquela indumentária feminina. Os maiores responsáveis pelos estupros na Europa, hoje, são justamente estes senhores que ficam doidos com qualquer coisinha.

No fundo, o medo à mulher. Ginecofobia, como costumo afirmar. Mesmo entre bárbaros, encontramos momentos de dignidade. Aicha Bin't Talha - neta de Abu Bakr, companheiro de Maomé - e sobrinha de Aicha, uma das mulheres do profeta, recusava-se a usar véu. Dizia que Alá, em sua misericórdia, a criara bela e que ela desejava mostrar sua obra. É triste ver uma brasileira, nascida em país onde as mulheres são donas de seu nariz, ser cúmplice da barbárie muçulmana.

quarta-feira, março 07, 2007
 
SE DE JUANA FOSSE BRASILEIRO



Lendo mais atentamente sobre o caso De Juana, vejo que o terrorista foi condenado inicialmente a 3.129 anos de prisão pelo seus 25 assassinatos. Posteriormente, esta pena foi reduzida a 18 anos. Os doze anos a que foi condenado mais tarde por apologia do terrorismo foram reduzidos a três. Como insistiu em sua greve de fome, após 18 meses cumpridos destes doze anos, já está praticamente livre.

Fosse cidadão brasileiro, De Juana teria direito a gorda indenização, mais aposentadoria isenta de imposto de renda.

terça-feira, março 06, 2007
 
TERRORISTA DOBRA ESTADO ESPANHOL


A imprensa brasileira não tem dado a devida atenção ao caso, mas o terrorismo basco acaba de dobrar um Estado europeu. O etarra Iñaki de Juana Chaos, tendo já cumprido 18 anos de prisão pelo assassinato de 25 pessoas na Espanha, entre estas 17 policiais, foi condenado a mais 12 anos no ano passado por ameaçar um juiz e "elogiar o terrorismo" em cartas escritas da prisão para um jornal separatista basco. Não aceitando esta nova pena, o terrorista entrou em greve de fome, até que a Suprema Corte do país a diminuiu, em fevereiro passado, para três anos.

Mesmo assim, De Juana não aceitou a nova sentença e continuou em sua greve. Em 23 de fevereiro, retirou com as mãos sua sonda nasogástrica e entrou em uma fase que alarmou os médicos que o atendiam. Após 115 dias de greve de fome, com medo de que o terrorista morresse, o ministro espanhol do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, decidiu que o etarra cumprirá a pena de três anos de cadeia em casa, em regime "atenuado", para "evitar a sua morte". De Juana interrompeu sua greve e deve permanecer no hospital. Em caso de recuperação, será enviado para sua casa.

De Juana matou com gosto. Sua sentença não alcançou sequer um ano por assassinato. Não contente de ter matado, ameaçou um juiz e fez apologia do terrorismo. Mas não quer ficar na prisão. Faz então uma greve de fome e volta para casa.

O ministro espanhol do Interior está apontando um caminho para todos os assassinos da ETA que estejam com saudades do aconchego do lar.

 
PASTORINHA



É de menino que se torce o pepino.

http://www.youtube.com/watch?v=LN76Lae6OUc

http://www.youtube.com/watch?v=NuzglLUYAto

segunda-feira, março 05, 2007
 
ÚLTIMAS DA EURÁBIA



Costumo afirmar que quem não conhece a França deve conhecê-la logo, antes que se transforme em país islâmico. Pois não é que leio no Jerusalem Post, de Israel, um artigo de Michael Freund, alertando que quem não conhece Paris deve ir logo antes que a torre Eiffel se transforme em minarete? A preocupação parece não ser só minha. Freund cita um relatório da Rand Corporation, segundo o qual "em toda a Europa, as taxas de natalidade estão em queda livre e o tamanho das famílias se reduz. A taxa de fertilidade total é hoje de menos de dois filhos por mulher em cada Estado membro da União Européia". Cita também o livro America Alone, onde o canadense Mark Steyn se pergunta: "Qual é o percentual da população muçulmana em Roterdã? 40%. Qual é o nome masculino mais comum na Bélgica? Mohammed. Em Amsterdã? Mohammed. Em Malmö, Suécia? Mohammed".

Isso sem falar na denúncia feita no ano passado pelo The Daily Telegraph, de Londres: Mohammed e sua outra grafia mais corrente, Muhammad, são atualmente nomes de bebês mais correntes na Inglaterra e no país de Galles que George.

Seja como for, nesta minha última viagem, nada vi de alarmante. Ocorre que me refugiei o tempo todo em bares e restaurantes, e os filhos de Alá abominam esses antros de perversão. Neles existe álcool e Alá não gosta de álcool. Tampouco li catálogos telefônicos. Além disso, não me afastei de um círculo imaginário de um quilômetro de raio, tendo a Notre Dame como centro. Não que tenha como norte este ícone da cristandade. Mas diria que o melhor da geografia culinária e etílica de Paris fica dentro desse círculo. Nem em sonhos me ocorreu perambular pela periferia. Assim sendo, da ameaça árabe não vi nem sombra. Mas ela lá está, formando um círculo de ressentimento em torno a Paris. Quando menos se espera, começam as depredações e incêndios de carros. Que o parisiense já passou a considerar como algo tão inevitável como as greves de metrô ou dos sistemas aéreo ou ferroviário.

Se não vi nem sombra da ameaça islâmica, informações sobre ela não me faltaram. No Monde, leio que os muçulmanos britânicos querem que a escola se adapte à moral islâmica. Um documento de 72 páginas emitido pelo Conselho Muçulmano Britânico solicita que as escolas públicas respeitem o conceito muçulmano de "haya" (pudor): "o caráter misto da escola deve ser excluído dos esportes coletivos que envolvem contatos físicos, tais como o futebol e o basquete. O MCB pede que os alunos possam se vestir em cabines individuais e sejam dispensados de tomar banho depois do esporte caso essa atividade expuser o seu corpo à vista das outras crianças, isso porque o Islã proíbe estar nu diante dos outros ou ver a nudez dos outros. As aulas de natação ministradas aos rapazes e às meninas juntos são inaceitáveis por razões de decência".

Mais ainda: "Se a escola não puder separar os sexos, as crianças devem ser dispensadas dessas aulas. O mesmo com as aulas de dança, esta última não sendo uma atividade normal para a maioria das famílias muçulmanas. A dança, sublinha o MCB, não é compatível com as exigências do pudor islâmico, isso porque ela pode revestir conotações e dirigir mensagens sexuais". Os mulás britânicos parecem esquecer que a dança de ventre tem suas origens na cultura árabe.

Nem o Vaticano, em sua campanha histérica pela castidade, ousaria pedir tanto. "A educação sexual, obrigatória no curso secundário, deve, segundo o MCB, ser ensinada aos alunos por professores do mesmo sexo. A utilização de objetos ou de esquemas que representem os órgãos genitais para ilustrar aulas sobre a contracepção ou sobre os preservativos é totalmente inapropriada, uma vez que isso incentiva um comportamento moralmente inaceitável".

O Courrier International, em edição que tem como chamada "Islã-Ocidente - Diálogos de Surdos", traz uma edição de 20 páginas sobre o problema. Ainda na Grã-Bretanha, ocorreu o inverso do que está acontecendo em países como a França e Itália. Em vez de as alunas muçulmanas portarem véu, desta vez foi uma professora, em Blackburn, que insistiu em portar o niqab, véu negro que cobre o rosto todo, deixando apenas uma fenda para os olhos. Os alunos reclamaram que não podiam seguir seus ensinamentos, dada a dificuldade de ver o rosto, as expressões faciais, as articulações das palavras. A professora recusou-se a retirar o véu, alegando seu direito de escolher as vestes que lhe convinham e a presença de colegas masculinos na escola, diante dos quais ela não pode se desvelar sem trair os preceitos do Islã. A escola teve de suspendê-la de suas funções.

Consultadas, as autoridades muçulmanas afirmaram que o niqab, véu integral, não é o hidjab, que cobre somente os cabelos. E que nenhum dos dois é uma obrigação do Islã, sendo seu porte uma escolha pessoal. Mesmo assim, a professora processou a escola na justiça e está tentando mobilizar a opinião pública, apresentando-se como vítima de discriminação religiosa.

O maior acinte ao Ocidente não ocorreu na Europa, mas nos Estados Unidos. No aeroporto de Minneapolis, nos Estados Unidos, os choferes de táxi muçulmanos se recusam a transportar passageiros que portem bebidas alcoólicas ou estejam acompanhados de cães, mesmo que estes cães sejam guias de cego. O cão é um animal imundo para os muçulmanos, assim como o porco. Só falta os cabeças-de-toalha se recusarem a transportar o passageiro que porte presunto ou que se dirija a um bar. Os mortos de fome do mundo árabe são bem recebidos no Ocidente, adquirem direito a cidadania e emprego e se dão ao luxo de só transportar quem não fira suas crenças estúpidas. E as autoridades não cassam o direito deste animal dirigir um táxi.

Está entrando no vocabulário da mídia ocidental a palavra islamofobia. Por isto se entenderia uma ojeriza ao Islã, o que fere o étimo da palavra. Fobia quer dizer medo, o que é completamente diferente. Não é que o Ocidente tenha medo do Islã. Em verdade, tem nojo. Ninguém está preocupado com fanáticos que viram o traseiro pra lua para cultuar seu deus. Que virem o traseiro à vontade e na direção que quiserem. O que não se admite é que pretendam impor regras ao Ocidente. E isto é o que pretendem os muçulmanos em sua arrogância fundamentalista.

Não há um diálogo de surdos, como pretende gentilmente o Courrier International. O surdo é um só. É uma cultura teocrática, que não entende que Estado é uma coisa e religião é outra. O Ocidente, equivocado, tenta dialogar com fanáticos.

Ora, com fanáticos não há diálogo algum.

domingo, março 04, 2007
 
MINISTROS FORNECEM FÓRMULA DA IMPUNIDADE




Leio na Folha Online que "cresce entre os 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) a avaliação de que talvez seja necessário recusar a denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, a respeito do escândalo do mensalão. Com 40 denunciados, há possibilidade de que o tribunal tenha de ouvir até 360 testemunhas no processo. É uma ação complexa e que se arrastaria por anos, sujeita a manobras protelatórias".

Segundo os ministros do STF, o tribunal corre o risco de não julgar o processo antes da prescrição, prazo após o qual é extinta a punibilidade de um crime. Os senhores ministros estão indicando a políticos corruptos a fórmula mais segura de praticar crimes e permanecer impune: reúna bastantes cúmplices para tornar inviável qualquer julgamento. Já que o julgamento se torna inviável, não se julga e estamos conversados.

Mais fácil que desatar o nó górdio.

sábado, março 03, 2007
 
VATICANO PARE UM RATO



Leio nos jornais que o Vaticano pode aprovar camisinha no casamento, caso um dos parceiros esteja contaminado com o vírus da aids. Não exatamente para prevenir a aids. Caso aprove, será necessário que um dos parceiros esteja infectado, para ser permitido o uso do preservativo. Se nenhum estiver infectado, nada de prevenção. Para combater mesmo a aids, a Igreja continua recomendando fidelidade e abstinência sexual.

Ou seja, a montanha pariu um rato.

 
IMPRENSA VENAL



Entrou em exibição no país mais um filme idiota, oriundo do universo das histórias em quadrinhos, O Motoqueiro-Fantasma. Até aí, nada demais. No Brasil há liberdade de expressão e filmes idiotas são a regra em nossos dias. O que espanta é ver jornais sérios, como o Estadão, Folha de São Paulo e Veja, dar ao filme páginas generosas.

É o que dá os enviados especiais terem suas viagens patrocinadas por produtoras e distribuidoras.